(RV) O Papa Francisco recebeu esta manhã em
audiência na Aula Paulo VI os cerca de 300 participantes no Congresso
internacional sobre os 50 anos da publicação da encíclica do Papa Paulo
VI, “Populorum Progressio”. Um congresso que corresponde
significativamente ao nascimento do novo Dicastério para o Serviço do
Desenvolvimento Integral – disse o Papa Francisco. O Pontífice recordou
que foi o Papa Montini quem sublinhou naquela encíclica o significado de
“desenvolvimento integral” e que propôs a fórmula: “desenvolvimento de
todos os homens e do homem todo”.
O que significam, então, estes conceitos para o futuro próximo? -
perguntou o Papa que convidou a examinarem juntos alguns aspectos:
integrar os diversos povos da terra, oferecer modelos praticáveis de
integração social; integrar no desenvolvimento todos os elementos que o
tornam realmente tal; integrar a dimensão individual e comunitária;
integrar corpo e alma.
No que toca ao primeiro aspecto – integrar os diversos povos da terra, Francisco explicou que “o
dever de solidariedade obriga a procurar justas modalidades de
partilha, a fim de que não haja aquele dramático fosso entre quem tem
muito e quem não tem nada, entre quem descarta e quem é descartado. Só o
caminho da integração entre os povos proporciona à humanidade um futuro
de paz e esperança”
Quanto a modelos práticos de integração social, o Papa recordou que
todos têm um contributo a dar à sociedade para o bem comum. Isto é um
direito e um dever. É o princípio de subsidiariedade e requer o
contributo de todos, individualmente e como grupos, se queremos criar
uma convivência humana aberta a todos.
Integrar no desenvolvimento todos os elementos que o tornam
verdadeiramente tal, ou seja, economia, finanças, trabalho, cultura,
vida familiar, religião. Nenhum destes elementos pode ser absolutizado
ou posto de lado num processo de desenvolvimento integral que leve em
consideração a vida humana. É como uma orquestra que toca bem se os seus
diversos instrumentos estiverem bem afinados e se seguem uma pauta
partilhado entre todos.
Há ainda que integrar a dimensão individual e comunitária – pois que o eu e a comunidade não são concorrentes entre si. O “eu
pode amadurecer só em presença de relações interpessoais autênticas e a
comunidade é geradora quando o são todos e singularmente os seus
componentes. Isto vale ainda mais na família que é a primeira célula da
sociedade e em que se aprende a viver juntos”.
Trata-se de integrar entre si corpo e alma – continuou o Papa. E
recordou que já Paulo VI dizia que não se pode reduzir o desenvolvimento
a um simples crescimento económico. Não se trata apenas de ter cada vez
mais bens à disposição. “Integrar corpo e alma significa também que
nenhuma obra de desenvolvimento poderá atingir realmente o seu escopo se
não respeitar aquele lugar onde Deus está presente e fala ao nosso
coração”.
E convidou a ver no facto de Deus se ter feito homem, o verdadeiro
significado de desenvolvimento integral, isto é um desenvolvimento que
não negligencia nem a Deus nem ao homem, porque assume toda a
consistência de ambos.
“Neste sentido, o conceito de pessoa nascido e amadurecido no
cristianismo, ajuda a procurar um desenvolvimento plenamente humano.
Dado que pessoa significa sempre relação, não individualismo, afirma
inclusão e não exclusão, a dignidade única e inviolável e não a
exploração, a liberdade e não o constrição”.
A Igreja – rematou o Papa – está convicta de que o desenvolvimento
integral e a via do bem que a família humana é chamada a percorrer. Por
isso não se cansa de oferecer esta sabedoria e a sua obra ao mundo. E
convidou os presentes a levarem avante com paciência e constância esta
acção, confiantes de que os Senhor os acompanha.
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