(RV) O Papa Francisco recebeu na manhã de hoje, segunda-feira, dia 10 de
Abril de 2017, em audiência na Sala dos Papas, no Vaticano, os cerca de
30 membros do Comité Nacional de Bisegurança, Biotecnologias e Ciências
da Vida. No seu discurso, Francisco iniciou por agradecer à todos pelo
serviço que o Comité tem desenvido ao longo dos 25 anos da sua
instituição junto da Presidência do Conselho dos Ministros.
“Os temas e as questões que o vosso Comité enfrenta, disse o Santo
Padre, são de grande importância para o homem contemporáneo, seja a
nível individaul seja na sua dimensaõ relacional e social: a partir da
familia até nas comunidades locais, nacionais e internacionais”.
Como lemos no livro de Genesis, “O Senhor Deus tomou o homem e o
colocou no Jardim do Édem para o cultivar e guardar”. A cultura que vós
representais com grande autoridade no campo das ciências e tecnologias
da vida, leva consigo a ideia da “cultivação”. Ela exprime muito bem a
tensão a fazer crescer, florescer e frutificar, através do engenho
humano, aquilo que Deus colocou no mundo. Não podemos porém esquecer que
o texto bíblico convida-nos também a “guardar” o Jardim. Como afirmei
na Encíclica Laudato si, se “cultivar” significa arar ou trabalhar um
terreno, “guardar” significa proteger, curar, preservar, conservar,
vigiar. Isto implica uma relação de reciprocidade responsável entre o
ser humano e a natureza. A vossa tarefa não é só a de promover o
desenvolvimento harmónico e integrado da pesquisa científica e
tecnológica concernente os procesos bilógicos da vida vegetal, animal e
humana; a vós é pedido também de prever e prevenir as consequências
negativas que pode provocar um uso distorcido dos conhecimentos e das
capacidades de manipulação da vida.
Daí que para Francisco o cientista como também o técnico é chamado a
“saber” e a “saber fazer” com sempre maior precisão e criatividade no
campo da sua competência, e, ao mesmo tempo, a tomar decisões
responsáveis sobre os passos a serem dados e sobre os passos perante os
quais parar e iniciar uma estrada diferente. Enfim, adverte o Papa, o
principio da responsabilidade é uma virtude imprescendível do agir
humano e cuja omissão o homem deve ser capaz de responder perante a si
mesmo, perante aos outros e perante a Deus.
As tecnologías, acrescentou o Santo Padre, ainda mais do que as
ciências, colocam nas mãos do homem um poder enorme e crescente. O grave
risco é que os cidadãos, e muitas vezes também os seus representantes e
governantes, não advertirem plenamente a seriedade dos desafíos que se
apresentam, a complexidade dos problemas a serem resolvidos e o perigo
de usar mal a potencialidade que as ciências e as tecnologías da vida
colocam nas nossas mãos.
Na conclusão desta reflexão, permitam-me de recordar que as ciências e
as tecnologias são feitas para o homem e para o mundo, não o homem e o
mundo para as ciências e as tecnologías. Que elas estejam ao serviço de
uma vida digna e sã para todos, no presente e no futuro, e sejam capazes
de transformar a nossa casa comum numa casa mais habitável e solidal,
mais cuidada e preservada. Por fim, encorajo o empenho do vosso Comité
para iniciar e apoiar procesos de busca de consensos entre cientistas e
técnicos, os empresarios e os representantes das Instituições, e para
individuar estratégias de sensibilização da opinião pública sobre
questões colocadas pelo desenvolvimento das ciências da vida e das
biotecnologías. Que o Senhor abençoe cada um de vós, as vossas famílias e
o vosso precioso trabalho. Garanto de recordar-vos na mina oração e
estou confiante que também vós fareis o mesmo por mim.
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