Saímos da Última Ceia e Tu,
Senhor, levas-me contigo.
Cheio de amor, tomas-me pela
mão e convidas-me a fazer-Te companhia.
Que companhia, Senhor? Pergunto
eu.
E Tu respondes, com a voz
repassada de uma profunda tristeza:
Reza comigo. Preciso que
rezes, que vigies, porque a hora é dura e escura.
Sinto-me um nada, mas ao mesmo
tempo desperta em mim um orgulho, (por quereres precisar de mim), e começo a
rezar, nem sei bem como, nem o quê.
Só dou por mim quando me tocas
no ombro, docemente, e perguntas:
Porque dormes?
Ah, Senhor, perdoa-me, digo eu
envergonhado tentando explicar-me, é que “adormeço” tantas vezes nas coisas da
vida, quando deveria rezar, quando deveria vigiar!
Olhas para mim, ternamente, e
pedes-me, (Tu, Senhor, a pedir-me), outra vez:
Reza, porque a hora é de rezar
e vigiar!
Mais uma vez me comprometo,
rezo e volto a adormecer.
Regressas e tocas-me,
acordas-me, apertas-me junto a Ti.
Todo o Teu corpo treme, a voz
angustiada, mas percebe-se em Ti a vontade inabalável de fazer a vontade do
Pai.
Dizes-me então, olhos nos
olhos, cheio de amor:
Sabes, meu Joaquim, quando te
peço que rezes e vigies, não é por Mim, mas por ti e por todos.
Percebes agora como é fácil
adormeceres e deixares de rezar e vigiar, perante as coisas do mundo?
Baixo a cabeça e digo:
Ah, Senhor, queria tanto
chorar contigo, queria sofrer contigo, queria suar o meu sangue, queria ser Teu
e apenas Teu!
Mais uma vez me olhas com o
Teu terno olhar, mas uma multidão de gente prende-Te e afasta-Te de mim.
Estendo as mãos para Ti, mas
não Te alcanço, e fujo envergonhado.
É então que me dizes, enquanto
és levado pela multidão, para Te afastarem de mim, para Te afastarem de nós:
Não temas, não temas! Eu estou
sempre contigo, Eu estou sempre convosco. Procura-Me no teu coração, procura-Me
nos outros e sempre Me encontrarás.
Adormeço finalmente, porque a
certeza da Tua presença em mim e no meio de nós, me descansa, me conforta, me
enche de paz e alegria.
Nada, nem ninguém, Te pode
apartar de mim, te pode apartar de nós!
Obrigado, Senhor!
Nota: Em adoração a seguir à
Missa de Quinta Feira Santa.
Marinha Grande, 13 de Abril de
2017
Joaquim Mexia Alves
Sem comentários:
Enviar um comentário