(RV) O Papa Francisco
recebeu em audiência na Praça de S. Pedro, neste sábado 7 de março, mais
de 80 mil membros da Comunhão e Libertação, por ocasião do 60° da sua
fundação. Na sua mensagem o Papa começou por agradecer o fundador desta
Fraternidade, Dom Luigi Giussani, pelo bem que lhe fez a si e à sua vida
sacerdotal através dos seus livros e artigos e também pelo seu
pensamento profundamente humano como, por exemplo, a experiência do
encontro – encontro não com uma ideia, mas com uma Pessoa: Jesus Cristo.
“Tudo na nossa vida, hoje como no
tempo de Jesus, começa com um encontro. Um encontro com este Homem, o
Carpinteiro de Nazaré, um homem como todos mas ao mesmo tempo diferente
de todos”.
E o Papa acrescentou que a descoberta dos primeiros apóstolos, de S.
Paulo, de S. Agostinho e de muitos outros foi mesmo esta: que Jesus
Cristo nos ‘primeira’, nos precede: quando chegamos, Ele já lá estava à
espera de nós.
E não se pode entender– prosseguiu o
Papa - esta dinâmica do encontro que desperta a admiração e a adesão sem
a misericórdia, acrescentando que somente quem foi acarinhado pela
ternura da misericórdia, conhece verdadeiramente o Senhor e que o lugar
privilegiado do encontro é a carícia da misericórdia de Jesus Cristo
para com o meu pecado. E é graças a este abraço de misericórdia,
sublinhou o Papa Francisco, que nos vem a vontade de responder e mudar, e
que pode surgir uma vida diferente. E o Papa insistiu dizendo:
“A moral cristã não é o esforço
titânico, voluntária, de quem decide ser coerente e é bem-sucedido, uma
espécie de desafio solitário diante do mundo. Não. A moral cristã é
resposta, é a resposta comovida diante de uma misericórdia
surpreendente, imprevisível, até mesmo "injusta" segundo os critérios
humanos, de Alguém que me conhece, conhece as minhas traições e mesmo
assim me ama, me estima, me abraça, me chama de novo, espera por mim,
espera de mim alguma coisa. A moral cristã não é nunca cair, mas sempre
levantar-se, graças à sua mão que nos sustenta”.
E o Papa recordou o que disse aos
novos Cardeais a este propósito, ou seja, que a estrada da Igreja é
deixar que se manifeste a grande misericórdia de Deus; a estrada de não
condenar ninguém eternamente; de derramar a misericórdia de Deus a todos
os que a pedem de coração sincero; a estrada da Igreja é mesmo sair do
próprio recinto para ir em busca dos que estão longe nas "periferias" da
existência; e de adoptar integralmente a lógica de Deus.
A propósito dos 60 anos do início
deste Movimento “nascido na Igreja não por uma vontade organizativa da
hierarquia, mas de um encontro renovado com Cristo e de um impulso
derivado, em última análise, do próprio Espírito Santo”, o Papa recordou
que o carisma originário não perdeu a sua frescura e vitalidade mas que
é sempre necessário recordar que o centro é apenas um : Jesus Cristo:
“Quando coloco no centro o meu método
espiritual, o meu caminho espiritual, o meu modo de implementá-lo, eu
saio fora da estrada. Toda a espiritualidade, todos os carismas na
Igreja devem ser "descentralizados": no centro está apenas o Senhor!”
E ainda, o Papa advertiu dizendo o
carisma não se conserva numa garrafa de água destilada, pois fidelidade
ao carisma não significa “petrificá-lo”, não significa escreve-lo num
pergaminho e mete-lo num quadro. A hereditariedade que vos deixou Dom
Giussani, explicou, não pode ser reduzida a um museu de recordações, de
decisões tomadas, de normas de conduta. Comporta, pelo contrário
fidelidade à tradição, “significa manter vivo o fogo, não adorar as
cinzas”. D. Giussani não vos perdoaria jamais se perdésseis a liberdade e
vos tivesses transformado em guias de museu ou adoradores de cinzas.
Conservai o fogo da memória daquele primeiro encontro, e sede livres!
Deste modo, reiterou o Papa,
centrados em Cristo e no Evangelho, podeis ser braços, mãos, pés, mente e
coração de uma Igreja “em saída”, para ir procurar os afastados das
periferias, a servir Jesus em cada pessoa marginalizada, abandonada, sem
fé, desiludida pela Igreja, prisioneira do próprio egoísmo.
“Sair “ significa também rejeitar a
auto-referencialidade, em todas as suas formas, significa saber escutar
quem não é como nós, aprendendo de todos, com humildade sincera.
E o Papa terminou com duas citações
muito significativas de Dom Giussani, uma, dos inícios e outra do fim da
sua vida. A primeira, que “o cristianismo jamais se realiza na
história como fixação de posições a defender, que se refiram ao novo
como pura antítese; o cristianismo é principio de redenção, que assume o
nono, salvando-o“ Traz a esperança; e a segunda: “não só nunca pretendi
“fundar” nada, mas penso que o génio do movimento que vi nascer é de
ter sentido a urgência de proclamar a necessidade de voltar aos
aspectos elementares do cristianismo”.
E sobre todos o Papa invocou a bênção do Senhor e a protecção de Nossa Senhora. (BS)
Sem comentários:
Enviar um comentário