(RV) O Papa recebeu em audiência na manhã desta sexta-feira 20 de março os bispos do Japão em visita “ad Limina apostolorum”.
No seu discurso, o Papa recordou a herança das raízes missionárias da
Igreja no Japão, principalmente a partir da chegada de São Francisco
Xavier e companheiros missionários, e também dos primeiros membros da
comunidade católica japonesa. O Papa lembrou ainda que neste ano a
Igreja nipônica celebra outra faceta desta rica herança: os “Cristãos
escondidos”.
De facto, em 1588 a comunidade católica japonesa contava com mais de
300 mil fiéis, número que deu origem à diocese de Funay da qual a cidade
de Nagasaki era o centro principal. Contudo, esta comunidade foi quase
inteiramente dizimada pelas perseguições dos séculos XVI e XVII – entre
as mais violentas da história do cristianismo.
Privados de bispos, sacerdotes e de igrejas nas quais celebrar a
liturgia e, apesar dos controles, alguns cristãos japoneses conseguiram
sobreviver e transmitir em segredo a fé cristão de pai para filho por
quase nove gerações, criando uma simbologia, rituais e linguagens
incompreensíveis para as pessoas de fora da comunidade.
Assim, teve início a época dos “Cristãos escondidos” (kakure
kirishitan) período que o Papa sustenta formar, junto com os
missionários, um dos dois pilares da história Católica do Japão.
“Eles continuam a alicerçar a vida da Igreja hoje, e oferecem um guia para viver a fé”, afirmou o Pontífice.
O Papa Francisco recordou ainda que, apesar de pequena, a comunidade
católica do Japão é muito respeitada pelos japoneses pela contribuição,
baseada na identidade cristã, de servir a todos, independentemente da
religião.
“Uma grande importância na resposta as trágicas devastações
provocadas pelo terremoto e tsunami de quatro anos atrás”, reiterou o
Pontífice, que também recordou os esforços da comunidade católica
japonesa em promover a paz ao longo dos setenta anos que se seguiram às
explosões das bombas atômicas, em 1945.
O Papa terminou encorajando os bispos a mostrarem solicitude para com
os fiéis e a incutir neles uma apreciação profunda da sua vocação e
oferecer-lhes expressões concretas de apoio e orientação para que possam
responder a esta chamada com generosidade e coragem. E, agradecendo o
testemunho cristão que as Igrejas locais no Japão fornecem diariamente, o
Papa confiou os Bispos à intercessão da Virgem Maria e deu-lhes a
Bênção Apostólica, como penhor de paz e alegria no Senhor (BS/LZ/RB)
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