20 março, 2015

Papa: herança dos “cristãos escondidos” é força para o Japão


(RV) O Papa recebeu em audiência na manhã desta sexta-feira 20 de março os bispos do Japão em visita “ad Limina apostolorum”.
 
No seu discurso, o Papa recordou a herança das raízes missionárias da Igreja no Japão, principalmente a partir da chegada de São Francisco Xavier e companheiros missionários, e também dos primeiros membros da comunidade católica japonesa. O Papa lembrou ainda que neste ano a Igreja nipônica celebra outra faceta desta rica herança: os “Cristãos escondidos”.

De facto, em 1588 a comunidade católica japonesa contava com mais de 300 mil fiéis, número que deu origem à diocese de Funay da qual a cidade de Nagasaki era o centro principal. Contudo, esta comunidade foi quase inteiramente dizimada pelas perseguições dos séculos XVI e XVII – entre as mais violentas da história do cristianismo.

Privados de bispos, sacerdotes e de igrejas nas quais celebrar a liturgia e, apesar dos controles, alguns cristãos japoneses conseguiram sobreviver e transmitir em segredo a fé cristão de pai para filho por quase nove gerações, criando uma simbologia, rituais e linguagens incompreensíveis para as pessoas de fora da comunidade.

Assim, teve início a época dos “Cristãos escondidos” (kakure kirishitan) período que o Papa sustenta formar, junto com os missionários, um dos dois pilares da história Católica do Japão.

“Eles continuam a alicerçar a vida da Igreja hoje, e oferecem um guia para viver a fé”, afirmou o Pontífice.

O Papa Francisco recordou ainda que, apesar de pequena, a comunidade católica do Japão é muito respeitada pelos japoneses pela contribuição, baseada na identidade cristã, de servir a todos, independentemente da religião.

 “Uma grande importância na resposta as trágicas devastações provocadas pelo terremoto e tsunami de quatro anos atrás”, reiterou o Pontífice, que também recordou os esforços da comunidade católica japonesa em promover a paz ao longo dos setenta anos que se seguiram às explosões das bombas atômicas, em 1945.

O Papa terminou encorajando os bispos a mostrarem solicitude para com os fiéis e a incutir neles uma apreciação profunda da sua vocação e oferecer-lhes expressões concretas de apoio e orientação para que possam responder a esta chamada com generosidade e coragem. E, agradecendo o testemunho cristão que as Igrejas locais no Japão fornecem diariamente, o Papa confiou os Bispos à intercessão da Virgem Maria e deu-lhes a Bênção Apostólica, como penhor de paz e alegria no Senhor (BS/LZ/RB)

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