(RV) Quinta-feira,
12 de março: na missa em Santa Marta o Papa Francisco afirmou que os
cristãos ou são gente que ama ou são hipócritas. Segundo o Santo Padre
não há um meio caminho ou um meio-termo. Não. O cristão não tem
alternativa. Ou se deixa tocar pela misericórdia de Deus, como acontece
com os Santos ou acaba por ser um hipócrita.
Na sua homilia o Papa Francisco fez uma reflexão larga, desde Abel
até aos nossos dias. Na voz de Jeremias, proposta pela Leitura do dia,
há a voz do próprio Deus, que constata com amargura que o povo eleito,
mesmo tendo recebido muitos benefícios, não O ouviu:
“Esta é a história de Deus. Parece que Deus chora, aqui. Amei-te
tanto, dei-te tanto e tu… Tudo contra mim. Também Jesus, olhando
Jerusalém, chorou. Porque no coração de Jesus havia toda esta história
onde a fidelidade tinha desaparecido. Nós fazemos a nossa vontade, mas
fazendo este caminho de vida, seguimos um caminho de endurecimento: o
coração endurece, petrifica. E a Palavra do Senhor não entra. E o povo
afasta-se. Também a nossa história pessoal pode tornar-se assim. E hoje,
neste dia quaresmal, podemo-nos perguntar: ‘Eu ouço a voz do Senhor, ou
faço o que quero e o que eu gosto?’”.
A passagem do Evangelho mostra-nos Jesus que cura um possuído
endemoniado e, em troca – disse o Papa – recebe uma acusação: ”Tu
expulsas os demónios em nome do demónio. Tu és um bruxo demoníaco”. É a
típica acusação dos “legalistas” – observou o Santo Padre – aqueles “que
acreditam que a vida seja regulada pelas leis que eles fazem”:
“Isto também aconteceu na História da Igreja! Pensem na pobre Joana
D'Arc: hoje é santa! Pobrezinha! Estes doutores queimaram-na viva,
porque diziam que era herética, acusada de heresia, mas eram os
doutores, aqueles que conheciam a doutrina certa, os fariseus:
distanciados do amor de Deus. Mais próximo de nós, pensem no Beato
Rosmini. Os seus livros não podiam ser lidos, era pecado lê-los. Hoje
ele é beato. Na Historia de Deus com o seu povo, o Senhor mandava os
Profetas para dizer que amava o seu povo. Na Igreja, o Senhor manda os
santos. São os santos que levam em frente a vida da Igreja. Não são os
poderosos, não são os hipócritas, mas os santos.”
O Santo Padre concluiu a sua homilia dizendo que os santos são
aqueles que não têm medo de se deixar acariciar pela misericórdia de
Deus. Por isso, os santos são homens e mulheres que entendem muitas
misericórdias, muitas misérias humanas e acompanham o povo de perto. Não
desprezam o povo – afirmou o Papa Francisco:
"Jesus disse: Quem não está comigo, está contra mim. Não existe um
meio-termo, um pouco dali e um pouco de acolá! Não. Ou tu estás no
caminho do amor ou no caminho da hipocrisia. Ou tu te deixas amar pela
misericórdia de Deus ou fazes aquilo que tu queres, segundo o teu
coração que se endurece cada vez mais neste caminho. Quem não está
comigo, está contra mim: não existe um meio-termo. Ou tu és santo ou
caminhas noutro caminho. Quem não recolhe comigo, dispersa, arruína. É
um corrupto que corrompe". (RS)
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