16 março, 2015

Bósnia e Herzegovina. Papa: não poupeis energias para apoiar os fracos



(RV) Não "poupeis energias" para apoiar os fracos e os pobres e para ajudar aqueles que querem permanecer no País evitando aumentar as fileiras dos migrantes – apelo do Papa Francisco aos bispos da Bósnia e Herzegovina, em visita "ad Limina Apostolorum". O Papa falou dos problemas do desemprego e das memórias da guerra ainda vivas, exprimindo solidariedade com o País na expectativa de encontrar pessoalmente as pessoas aos 6 de junho, durante a sua visita a Sarajevo.

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta segunda-feira 16 de março, os bispos de Bósnia e Herzegovina em visita ad Limina apostolorum, a quem saudou cordialmente manifestando-lhes a ansiedade de visitar o seu País no próximo dia 6 de junho. O Papa disse em seguida ter lido com atenção e participação os seus relatórios com as suas esperanças e projectos, e de ter rezado por aqueles que foram obrigados pelos recentes eventos bélicos, o desemprego e a falta de perspectivas a refugiar-se no estrangeiro.

Na verdade, a emigração é  uma das realidades sociais que vos estão a peito, disse o Papa aos bispos, pois ela evoca a dificuldade do retorno de muitos dos vossos concidadãos, a escassez de fontes de emprego, a instabilidade das famílias, a laceração afectiva e social de comunidades inteiras, a precariedade operativa de muitas paróquias, as lembranças ainda vivas do conflito, tanto a nível pessoal como  comunitário, com as feridas da alma ainda doloridas. E sublinhou:

“O Papa e a Igreja estão convosco com a oração e o apoio efectivo dos vossos programas em favor daqueles que vivem nos vossos territórios, sem qualquer distinção. Encorajo-vos, portanto, a não poupar as vossas energias para apoiar os fracos, ajudar – segundo as vossas possibilidades - aqueles que têm o desejo legítimo e honesto de permanecer na sua terra natal, curar a fome espiritual daqueles que acreditam nos valores indeléveis, nascidos do Evangelho, e que ao longo dos séculos têm alimentado a vida das vossas comunidades”.

O Papa falou também da sociedade em que eles vivem, uma sociedade com dimensão multicultural e multiétnica. E a tarefa dos bispos é de serem pais de todos, mesmo nas limitações materiais e na crise em que se encontram a viver:

“Cada comunidade cristã sabe que é chamada a abrir-se, a reflectir no mundo a luz do Evangelho; não pode permanecer fechada apenas dentro das suas próprias tradições, mesmo que nobres. Ela sai do seu "recinto", firme na fé, sustentada pela oração e encorajada pelos próprios pastores, para viver e anunciar a vida nova que ela recebeu, a vida de Cristo, Salvador de todos os homens”.

Em seguida o Papa encorajou os bispos a procurarem promover, nas suas orientações, uma sólida pastoral social em relação aos fiéis, sobretudo os jovens, para garantir a formação de consciências dispostas a permanecer nos próprios territórios como protagonistas e responsáveis da reconstrução e crescimento do País. Neste trabalho educativo-pastoral, disse o Papa, a doutrina social da Igreja é de grande ajuda, também para superar antigas incrustações materialistas que ainda persistem na mentalidade e no comportamento de alguns sectores da sociedade.

O Papa falou também das dimensões pastoral, ecuménica e inter-religiosa do ministério dos bispos, recordando-lhes que, mesmo no respeito de todos, eles devem dar testemunho franco e aberto  da sua pertença a Cristo, e citou o exemplo dos sacerdotes, religiosos e religiosas e fiéis leigos, que vivem em contacto com cidadãos de diferentes tradições religiosas, e que podem dar válidos conselhos sobre o seu comportamento e as suas palavras, a partir da sua sabedoria e experiência em comunidades mistas – uma abordagem, disse, que pode trazer sementes e frutos de pacificação, compreensão e até mesmo colaboração.

Papa Francisco elogiou também a sensibilidade  pastoral dos bispos na relação entre o clero diocesano e o religioso. Apesar da complexidade deste relacionamento e das dificuldades de harmonizar os diferentes carismas, o mais importante é que, em ambas as dimensões do único sacerdócio sempre se seguiu a única missão: servir o Reino de Cristo, e acrescentou:

“Neste Ano dedicado à Vida Consagrada devemos pôr em evidência que todos os carismas e ministérios são destinados à glória de Deus e a salvação de todos os homens, vigiando para que sejam efectivamente orientados para a edificação do Reino de Deus e não inquinados por finalidades parciais; que se exerçam num regime de comunhão humana e fraterna, carregando os pesos uns dos outros, com espírito de serviço”.

Finalmente, o Papa falou das questões históricas que tornam diferente a Bósnia da Herzegovina em muitas áreas e, entretanto, os bispos formam um único corpo. “Vós sois os Bispos católicos em comunhão com o Sucessor de Pedro”, disse o Papa, “num lugar de fronteira. Uma palavra brota espontaneamente do meu coração uma palavra: vós estais em comunhão, embora por vezes imperfeita, mas esta comunhão deve ser procurada com vigor a todos os níveis, para além das próprias individualidades.

É necessário agir tendo como base de que sois parte do mesmo Colégio Apostólico; outras considerações passam para o segundo plano e devem ser analisadas à luz da catolicidade da vossa fé e do vosso ministério”.

E o Papa concluiu com sentimentos de cordialidade extensivos ao povo que espera encontrar brevemente em Sarajevo, e com a sua bênção apostólica. (BS)

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