25 março, 2015

Ano Santo: ninguém excluído da misericórdia de Deus


(RV) O Papa Francisco anunciou na sexta-feira, dia 13 de março na Basílica de S. Pedro um “jubileu extraordinário” centrado na “misericórdia de Deus”. Este Ano Santo da Misericórdia terá início a 8 de dezembro deste ano de 2015 e percorrerá todo o ano de 2016. Na nossa rubrica “Sal da Terra, Luz Mundo” de hoje procuramos aprofundar o significado de tão importante acontecimento.

Um Ano para a misericórdia

“Decidi convocar um Jubileu Extraordinário que tenha o seu centro na Misericórdia de Deus. Será um Ano Santo da Misericórdia. (…) Este Ano Santo iniciar-se-á na próxima solenidade da Imaculada Conceição e concluir-se-á a 20 de novembro de 2016.”
Foi com estas palavras que o Papa Francisco anunciou o Ano Santo da Misericórdia abrindo uma janela para a Reconciliação, para o encontro dos fiéis com Deus e para o reencontro com a Igreja daqueles que têm estado à margem ou, numa linguagem atualmente mais pontifícia: aqueles que têm estado nas periferias da Igreja.

“Sede misericordiosos como o Pai”, versículo retirado do Evangelho de S. Lucas, será o lema deste Jubileu Extraordinário. Um lema que é um apelo para que todos acreditemos na penitência e na reconciliação como o caminho do cristão.

Amor e juízo sem excluídos

O anúncio do Ano Santo foi feito pelo Santo Padre no final da sua homilia da celebração penitencial com a qual o Papa abriu a iniciativa “24 horas para o Senhor”. E a misericórdia foi o tema da homilia. Nela o Santo Padre referiu-se à passagem do Evangelho que conta o episódio da mulher pecadora que lava os pés a Jesus e os enxuga com os cabelos, beijando-os e ungindo com óleo perfumado.

Desde logo – disse o Papa – duas palavras a reter: amor e juízo. O amor da mulher pecadora e o amor de Jesus que permite que ela se aproxime e acolhe-a demonstrando-lhe o amor de Deus num encontro que vai para além da justiça e para além do juízo que é a outra palavra, citada pelo Papa Francisco. O juízo de Simão, o fariseu que convidou Jesus para jantar e não consegue reconhecer quem é o seu convidado. Não consegue também encontrar o caminho do amor. No seu pensamento existe só a justiça e fazendo assim está errado – afirmou o Papa Francisco que deixou claro que ninguém pode ser excluído da misericórdia de Deus.

Tempo para o mistério da misericórdia

A abertura do próximo jubileu vai acontecer no 50.º aniversário do encerramento do Concílio Vaticano II e, segundo explica a Santa Sé, em comunicado de imprensa, “adquire um significado particular, impelindo a Igreja a continuar a obra começada com o Vaticano II”.

O Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, responsável pela organização das celebrações deste jubileu, recorda em nota oficial que o Papa tinha afirmado no início de 2015 que se vivia “o tempo da misericórdia”. Foi no Angelus do domingo 11 de janeiro.

D. Rino Fisichella é o Presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização e falou à Rádio Vaticano sobre o significado deste Jubileu:

“É um significado que se confirma na simbologia que o Papa Francisco quis utilizar. Antes de mais, fez o anúncio a 13 de março, ou seja, o ingresso no terceiro ano do seu pontificado; fê-lo durante uma celebração penitencial, recordando aos confessores o dever que têm de exprimir a misericórdia; fê-lo confessando-se ele próprio e tornando-se depois confessor. Portanto, penitente e confessor, o testemunho do grande mistério da misericórdia que nos envolve… e não esqueçamos que será aberta a Porta Santa precisamente no dia do quinquagésimo aniversário da conclusão do Concílio Vaticano II. Todos estes elementos, no meu entender, indicam o percurso e dão significado a este Jubileu Extraordinário.”

Misericórdia: Deus perdoa e renova

O dom da misericórdia é uma presença constante nos discursos e homilias do Santo Padre desde o início do pontificado. No domingo, 17 de março de 2013, no primeiro Angelus do pontificado do Papa Francisco, as largas dezenas de milhares de fiéis presentes na Praça de S. Pedro, famintos das palavras do Santo Padre, ouviram o Papa Francisco afirmar que o Senhor perdoa-nos sempre e tem um coração de misericórdia para todos:

“Ele, nunca se cansa de perdoar, mas nós, por vezes, cansamo-nos de pedir perdão. Nunca nos cansemos, nunca nos cansemos! Ele é o Pai amoroso que perdoa sempre, que tem um coração de misericórdia para todos nós. E também nós aprendamos a ser misericordiosos para com todos.”

Também no primeiro Domingo de Páscoa do Papa Francisco, no dia 31 de março de 2013, na Mensagem e Benção Urbi et Orbi, o Santo Padre referiu-se à misericórdia de Deus:

 “Deixemo-nos renovar pela misericórdia de Deus, deixemo-nos amar por Jesus, deixemos que o poder do seu amor transforme também a nossa vida; e tornemo-nos instrumentos desta misericórdia, canais através dos quais Deus pode irrigar a terra, guardar a criação e fazer florescer a justiça e a paz”.

Caminhar na misericórdia

O tema da misericórdia está, desde logo, presente no brasão de armas do Papa Francisco com o lema: ‘miserando atque eligendo’, que evoca uma passagem do Evangelho segundo S. Mateus: “olhou-o com misericórdia e escolheu-o”.

A misericórdia faz, assim, parte do caminho do Santo Padre que procura mesmo dar-lhe visibilidade. Foi surpreendente e célebre o Angelus de 17 de novembro de 2013, no qual o Papa Francisco surpreendeu dezenas de milhares de pessoas reunidas no Vaticano com a sugestão de um ‘medicamento espiritual’ para as suas vidas, distribuindo numa caixa própria, a ‘Misericordina’. Com embalagem de medicamento e posologia prescrita a “Misericordina” mais não era do que um terço para rezar. Mas a comunicação foi eficaz e inovadora.

Também na mensagem para esta Quaresma de 2015, o Papa Francisco deixou votos de que as paróquias e comunidades católicas se tornem “ilhas de misericórdia no meio do mar da indiferença”.

Finalmente, podemos ainda registar que a palavra ‘misericórdia’ aparece mais de 30 vezes na primeira exortação apostólica do pontificado, ‘Evangelii gaudium’, ‘A alegria do Evangelho’.

O Ano Santo Jubilar da Misericórdia terá início com a abertura da Porta Santa na Basílica de S. Pedro a 8 de dezembro de 2015 dia da Imaculada Conceição de Maria e será encerrado no dia 20 de novembro de 2016 na Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. Um ano que vai da Mãe até ao Filho para encontrarmos Deus nas nossas vidas.

“Sal da Terra, Luz do Mundo” é aqui na Rádio Vaticano em língua portuguesa. (RS)

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