(RV) O anto Padre colocou ao centro de seu Pontificado o grande mistério da
Misericórdia de Deus, exortando com frequência, para que busquemos o
Sacramento da Reconciliação. Recordemos alguns momentos do seu
magistério sobre este tema.
A misericórdia de Deus escandaliza
A misericórdia de Deus – afirma o Papa Francisco – escandaliza porque
“é superior a todas as nossas expectativas”, dizia Padre Leopoldo
Mandic. Escandaliza sobretudo se acreditamos sermos melhores do que os
outros, menos pecadores, ou se fazemos da Igreja mais uma alfândega do
que “a casa paterna onde há lugar para cada um com a sua vida de lutas”.
Jesus, pelo contrário, quer “atingir e salvar os afastados, curar as
feridas dos doentes, reintegrar todos na família de Deus”: toca e cura
os leprosos. Trata-se de “duas lógicas de pensamento e de fé: o medo de
perder os salvos e o desejo de salvar os perdidos”:
“Hoje, às vezes, também acontece encontrarmo-nos na encruzilhada
destas duas lógicas: a dos doutores da lei, ou seja marginalizar o
perigo afastando a pessoa contagiada, e a lógica de Deus que, com a sua
misericórdia, abraça e acolhe reintegrando e transformando o mal em bem,
a condenação em salvação e a exclusão em anúncio”. (Homilia da Missa
com os novos Cardeais, 15 de fevereiro de 2015).
Nem bondosismo ou laxismo
Não se trata nem de bondosismo, nem de laxismo, porque a verdadeira
misericórdia não é fazer de contas de nada, mas assumir o outro,
acompanhá-lo no reconhecimento dos pecados e no recomeçar uma vida nova,
na consciência de que “ninguém pode colocar limites ao amor de Deus que
perdoa”, se não nós mesmos, rejeitando-o:
“Não existe pecado algum que Deus não possa perdoar! Nenhum! Só
aquilo que é subtraído à divina misericórdia não pode ser perdoado,
assim como quem se subtrai ao sol não pode ser iluminado nem aquecido”.
(Discurso aos participantes do Curso da Penitenciaria, 12 de março de
2015).
Necessidade da confissão
O Papa convida a confessar-se, porque o perdão dos pecados não é
“fruto de nossos esforços”, mas “dom do Espírito Santo”, que nos cura e
“não é algo que possamos dar-nos nós”. “O perdão se pede a alguém e na
Confissão pedimos o perdão a Jesus:
“Alguém pode dizer: eu me confesso somente com Deus. Sim, tu podes
dizer a Deus ‘perdoa-me’, e contar os teus pecados, mas os nossos
pecados são também contra os irmãos, contra a Igreja. Por isto é
necessário pedir perdão à Igreja, aos irmãos, na pessoa do sacerdote”.
(Audiência Geral, 19 de fevereiro 2014).
Sair do confessionário com a esperança no coração
Na Confissão, também a vergonha é salutar – diz o Papa – nos “faz
bem, porque nos faz mais humildes”. Porém, “não deve ser uma tortura”.
Os confessores – é a sua exortação – devem ser respeitosos pela
dignidade e pela história pessoal de cada um. “Mesmo o maior pecador que
vem diante de Deus para pedir perdão é “terra sagrada”.... para
“cultivar” com dedicação, cuidado e atenção pastoral. “Todos deveriam
sair do confessionário com a felicidade no coração, com o rosto radiante
de esperança”:
“O Sacramento, com todos os actos do penitente, não implica que ele
se torne um interrogatório pesado, importuno e indiscreto. Ao contrário,
deve ser um encontro libertador e rico de humanidade, através do qual
poder educar para a misericórdia, que não exclui, aliás inclui até o
justo compromisso a reparar, na medida do possível, o mal cometido”.
(Discurso aos participantes da Penitenciaria, 12 de março de 2015).
Confessores, grandes perdoadores
Francisco exorta os confessores a serem “grandes perdoadores”, porque
Deus é assim. Os “bravos confessores” – observa – “sabem que são
grandes pecadores”. Pelo contrário, “os puros”, “os mestres”, “sabem
somente condenar”. Neste sentido, convida a procurar sempre o caminho
para perdoar e onde não for possível, acolher de modo paterno e nunca
bater. Por outro lado, “todo fiel arrependido, depois da absolvição do
sacerdote, tem a certeza, pela fé”, que os seus pecados foram apagados:
“Tem a certeza, pela fé, que os seus pecados deixaram de existir!
Deus é omnipotente. Agrada-me pensar que tem uma fraqueza: uma memória
ruim. Quando Ele te perdoa, esquece. E isto é grandioso! Os pecados já
não existem mais, foram cancelados pela divina misericórdia. Cada
absolvição é, de certa forma, um jubileu do coração, que faz alegrar não
somente o fiel e a Igreja, mas sobretudo o próprio Deus”. (Discurso à
Penitenciaria Apostólica, 4 de março de 2016). (BS/JE/SC)
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