(RV) A misericórdia oferece
dignidade. Este foi o tema da Audiência Geral do Papa Francisco nesta
quarta-feira (31/08), na Praça São Pedro. Francisco baseou a sua
reflexão a partir do testemunho da mulher “cuja fé salvou”.
“Quanta fé, quanta fé tinha esta mulher. Era considerada impura por
causa das hemorragias e, por isso, excluída das liturgias, da vida
conjugal, das normais relações com os demais: era uma mulher descartada
pela sociedade”.
Este caso nos faz refletir sobre a maneira como a mulher é frequentemente percebida e representada na sociedade, afirmou o Papa.
“Todos devemos estar atentos, inclusive as comunidades cristãs,
àquelas visões de feminilidade cheias de preconceitos e suspeitas que
lesam a intangível dignidade da mulher”, alertou o Pontífice.
“Jesus admirou a fé desta mulher que todos evitavam e transformou a
sua esperança em salvação. Não sabemos o seu nome, mas as poucas linhas
com as quais o Evangelho descreve o seu encontro com Jesus delineiam um
itinerário de fé capaz de restabelecer a verdade e a grandiosidade da
dignidade de todas as pessoas” disse Francisco.
Cristo vê a mulher que se aproxima quase meio escondida. Um olhar de
misericórdia e ternura que salva. “Isto significa que Jesus não somente a
acolhe, mas a considera digna de tal encontro ao ponto de lhe dirigir a
sua palavra e a sua atenção”.
Coragem, filha, tua fé te salvou. Um encorajamento de Cristo que ecoa
ainda hoje. “Esta ‘coragem, filha” é a expressão de toda a misericórdia
de Deus por aquela mulher e por todas as pessoas descartadas. Quantas
vezes nos sentimos interiormente descartados pelos nossos pecados que
cometemos. E o Senhor nos diz: ‘coragem, vem, para mim não és um
descartado. Coragem filho, tu és um filho e uma filha’. Este é o momento
da graça, do perdão, momento de inclusão na vida de Jesus, da Igreja,
de misericórdia. Hoje, todos nós, grande ou pequenos pecadores, mas
todos somos pecadores, o Senhor nos diz: ‘vem, coragem, não estás mais
descartado, eu te abraço, eu te perdoo’. Assim é a misericórdia de Deus.
Temos que ter coragem e ir até ele, pedir perdão dos nossos pecados e
seguir adiante com coragem como fez esta mulher”.
Este abraço de Cristo coloca tudo às claras:
“Um descartado sempre faz algo escondido, durante toda a vida.
Pensemos aos leprosos daquele tempo, ou aos sem teto de hoje, pensemos
aos pecadores, a nós pecadores, sempre fazemos algo às escondidas, como
se tivéssemos a necessidade de agir assim porque nos envergonhamos
daquilo que somos: e Cristo nos liberta disso, e nos coloca em pé:
‘levanta, vem, em pé”.
Antes de conceder a bênção, o Papa saudou os peregrinos de língua
portuguesa presentes na Praça: em particular os sacerdotes do Pontifício
Colégio Pio Brasileiro em Roma, os tripulantes da Marinha do Brasil e
os fiéis de Vitória.
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