07 agosto, 2016

“O sudário não tem algibeiras” – Papa condena apego ao dinheiro


(RV) Domingo, 7 de Agosto. Como habitualmente, ao meio dia o Papa Francisco apareceu à janela do Palácio Apostólico para recitar juntamente com os fiéis reunidos na Praça de São Pedro a oração do Ângelus precedida duma reflexão em volta do Evangelho deste XIX domingo do tempo comum. Evangelho em que São Lucas nos descreve Jesus falando aos seus discípulos da atitude a assumir com vista no encontro final com Ele, Cristo. Ou seja conduzir uma vida rica de boas obras. E aconselha-os a venderem o que possuem e a dar os frutos dessa venda em esmolas; a construírem tesouros no Céu e não na terra… é um convite – frisou Francisco - a valorizar a esmola como obra de misericórdia, a não nos estribarmos em bens efémeros e terrenos, mas a usarmos tudo “segundo a lógica de Deus, a lógica da atenção aos outros, a lógica do amor. Nós podemos ser muito apegados ao dinheiro, ter muitas coisas, mas no fim não podemos levá-las connosco. Recordai-vos que o sudário não algibeiras”.

O Papa deteve-se depois sobre três parábolas através das quais Jesus aprofunda o seu ensinamento sobre o tema da vigilância : antes de mais a parábola dos servos que aguardam durante a noite o regresso do patrão: não adormecer, esperar com fé o Senhor, manter-se pronto, em atitude de serviço. Com esta parábola, disse o Papa – Jesus “perspectiva a vida como uma vigília de espera operosa, que antecede ao dia luminoso da eternidade, onde já não seremos nós a servir Deus, mas será Ele a acolher-nos no seu refeitório. É algo, todavia, que já acontece aqui na terra, no serviço aos outros e na Eucaristia, “onde somos nutridos com a sua Palavra e seu Corpo ”.

A segunda parábola está relacionada com a vinda imprevisível do ladrão. Jesus exorta a estar sempre prontos, porque quando menos esperamos, vem o Filho de Deus. O discípulo é aquele que espera o Senhor e o seu Reino.

E tudo é ulteriormente esclarecido na terceira parábola que fala de dois tipos de administradores. Um que na ausência do patrão, faz tudo correctamente e outro que, pelo contrário, abusa do poder, maltrata os servos e, por conseguinte será punido pelo patrão. O Papa disse que isto é comparável a frequentes situações dos nossos dias: “tantas injustiças, violências e maldades quotidianas nascem da ideia de nos comportarmos como patrões da vida dos outros. Temos um só patrão o qual nem gosta de fazer-se chamar “patrão”, mas sim “Pai”. Nós todos somos servos, pecadores e filhos: Ele é o único Pai.” 

E o Papa não fica por aí:

“Jesus recorda-nos hoje que a espera das beatitudes eternas não nos dispensa do empenho em tornar mais justo e habitável este mundo. Aliás, precisamente esta nossa esperança de possuir o Reino da eternidade nos leva a agir de modo a melhorar as condições de vida terrena, especialmente dos irmãos mais fracos

Que a Virgem Maria nos ajude a ser pessoas e comunidades não achatadas sobre o presente, ou, pior ainda nostálgicas do passado, mas projectadas em direcção o futuro de Deus, em direcção ao encontro com Ele, nossa vida e nossa esperança”.

Depois da oração mariana do Ângelus, o Papa recordou mais uma vez a situação de guerra na Síria com estas palavras:

Caros irmãs e irmãs, infelizmente, da Síria continuam a chegar notícias de vítimas civis da guerra, de modo particular em Alepo. É inaceitável que tantas pessoas inermes – mesmo tantas crianças – tenham de pagar o preço do conflito, o preço do fechamento de corações e da falta de vontade de paz dos potentes. Estamos próximos com a oração e a solidariedade aos irmãos e às irmãs sírios, e os confiamos à materna protecção da Virgem Maria. Rezemos todos um pouco em silêncio e depois a Ave Maria…”

Depois o Papa saudou os romanos e peregrinos de vários países, de modo particular adolescentes e jovens de várias partes da Itália, vindos a Roma em serviço de voluntario em centros de acolhimento e um grupo de jovens de Fasta, vindos da Argentina, que logo reagiram… e o Papa disse amigavelmente que esses argentinos fazem barulho por todo o lado…

E terminou pedindo orações e despedindo-se até à próxima…

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