(RV) Mais
uma vez, o Papa exprimiu a sua proximidade espiritual aos habitantes das
três regiões italianas (Lazio, Marche e Umbria) duramente atingidas
pelo terramoto da passada quarta-feira, 24 de agosto.
“Penso de modo particular nas pessoas de Amatrice, Accumuli, Arquata,
Pescara del Tronto e Norcia. Mais uma vez digo àquelas populações que a
Igreja sente a sua dor e as suas preocupações, reza pelos defuntos e
pelos sobreviventes”.
O Papa enalteceu depois a importância da solidariedade para
ultrapassar provações tão dolorosas, solidariedade demonstrada pelas
Autoridades, forças da ordem, protecção civil e voluntários. E
acrescentou:
“Caros irmãos e irmãs, logo que possível eu também hei-de ir
visitar-vos, para vos levar pessoalmente o conforto da fé, o abraço de
pai e irmão e o apoio da esperança cristã. Rezemos por esses irmãos e
irmãs todos juntos”.
Promessa e oração feita pelo Papa juntamente com os fieis reunidos na
Praça de São Pedro. Foi neste domingo ao meio dia da janela do Palácio
Apostólico antes do habitual comentário evangelico que precede a oração
do Angelus. Como habitualmente, o Papa teceu algumas considerações sobre
o Evangelho deste domingo, XXII do tempo comum e em que, através de
duas parábolas, Jesus nos leva a reflectir sobre o “lugar” e a “recompensa” e nos convida a ser humildes e a servir o próximo por amor a Deus e não por interesse.
O contexto geral é a casa de um chefe fariseu, onde Jesus observa os
convidados ao almoço ansiar por ocupar os primeiros lugares. "É um cenário que vemos muitas vezes: procurar o primeiro lugar mesmo às cotoveladas" - afirmou o papa dizendo que sem querer ditar normas de comportamento, Jesus põe em evidência o “valor da humildade”
– explicou o Papa, acrescentando que “a história ensina que o orgulho, a
ânsia do sucesso, a vaidade, a ostentação são causas de muitos males”.
Mas Jesus nos faz compreender porque é que é necessário escolher o
último lugar, procurar a pequenez e o escondimento: a humildade.
“Quando nos colocamos perante Deus nessa dimensão de
humildade, Deus nos exalta, debruça-se em direcção a nós para nos elevar
em direcção a Ele, porque quem quer que se exalte, será humilhado, e
quem se humilha será exaltado”.
Trata-se, portanto, de duas atitudes opostas – disse o Papa: a de
quem escolhe o seu próprio lugar e a de quem deixa que seja Deus a
atribuir-lhe o lugar e espera de Deus a recompensa. E Francisco fez esta
recomendação:
“Não o esqueçais: Deus paga muito mais dos que os homens! Ele nos dá
um lugar mais bonito do que nos dão os homens! O lugar que Deus nos dá é
próximo do seu coração e a sua recompensa é a vida eterna. “serás
beato… receberás a tua recompensa na ressurreição dos justos”.
A segunda parábola está relacionada com a atitude de desinteresse que
deve caracterizar a hospitalidade. Não fazer cálculos oportunistas
quando convidamos alguém para um banquete. Convidar sim aqueles que não
poderão retribuir com algo semelhante: pobres, coxos, inválidos, cegos,
que são os privilegiados do Reino de Deus, pois que a mensagem
fundamental do Evangelho é “servir o próximo por amor a Deus”.
“Hoje Jesus faz-se voz de quem não tem voz e dirige a
cada um de nós um premente apelo a abrir o coração e a tornar nossos os
sofrimentos e as ânsias dos pobres, dos famintos, dos marginalizados,
dos refugiados, dos derrotados pela vida, de quantos são descartados
pela sociedade e pela prepotência dos mais fortes. E esses descartados
representam na realidade a grande maioria da população”.
A este respeito Francisco disse pensar, com gratidão, nos numerosos
voluntários que prestam serviço nas cantinas, dando de comer a pessoas
sós, em dificuldades, sem trabalho e sem casa. O trabalho nessas
cantinas, tal como visitar os doentes, os presos… são “ginásios de caridade que difundem a cultura da gratuidade, porque quantos servem nelas o fazem por amor a Deus". Assim, continuou o Papa, “o serviço aos irmãos se torna testemunho do amor, que torna credível o amor de Cristo”.
Francisco concluiu convidando a pedir à Virgem Maria para nos
conduzir dia por dia ao “caminho da humildade a e nos tornar capazes de
gestos gratuitos de acolhimento e de solidariedade em relação aos
marginalizados, para nos tornarmo-nos dignos da recompensa divina”.
Após a oração mariana do Ângelus, Francisco renovou, como já
referimos, a sua proximidade às vítimas do terramoto na Itália central, e
recordou dois outros eventos, felizmente, de grande alegria:
“Ontem em Santiago del Estero, na Argentina, foi proclamada
Beata a irmã Maria Antónia de São José; o povo a chama “Mamã Antula”. O
seu exemplar testemunho cristão, especialmente o seu apostolado na
promoção dos Exercícios Espirituais possam suscitar o desejo de aderir
cada vez mais a Cristo e ao Evangelho.“
O outro evento recordado pelo Papa é queue quinta-feira próxima 1 de
Setembro será o Dia Mundial de Oração pela Atenção para com a Criação,
jornada que será celebrada – disse – juntamente com os irmãos ortodoxos e
de outras Igrejas:
“Será uma ocasião para reforçar o empenho comum para a salvaguarda da vida, respeitando o ambiente e a natureza”.
Por fim o Papa saudou os peregrinos da Itália e de outros países, de
modo particular um grupo de acólitos de missa da Áustria e os membros da
“Fragata Libertad”, Navio-Escola da Argentina, dizendo-o em espanhol,
porque frisou a “a terra puxa”.
A todos desejou bom domingo, bom almoço, e pediu o favor de não se esquecerem de rezar por ele.
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