(RV) Manila - “Peço que os pobres do país inteiro sejam tratados de forma
equitativa, que a sua dignidade seja respeitada, que as abordagens
políticas e econômicas sejam justas e inclusivas, que as oportunidades
de emprego e educação sejam desenvolvidas e que sejam removidos os
obstáculos na prestação dos serviços sociais”: foi o apelo que o Papa
dirigiu ao governo e a todo o povo das Filipinas no texto entregue
sábado ao Arcebispo de Palo, Dom John F. Du, para ser divulgado aos
fiéis e à imprensa.
"O critério com que tratarmos os pobres será o mesmo com que seremos
julgados; por isso, peço a todos vocês e a quantos são responsáveis pelo
bem da sociedade que reafirmem o compromisso com a justiça social e o
resgate dos pobres, tanto aqui como em toda a nação filipina",
prosseguiu.
Abaixo, a íntegra do discurso que deveria ser lido durante o encontro
com familiares das vítimas do tufão Yolanda, Bispos, sacerdotes,
religiosas, religiosos e seminaristas do país, na Catedral de Palo. O
encontro foi cancelado – como anunciado pela RV – devido à passagem de
uma tempestade tropical pela cidade.
“Queridos irmãos e irmãs!
Saúdo-vos a todos com grande afeto no Senhor. Sinto-me feliz pelo
facto de nos podermos encontrar nesta catedral da Transfiguração do
Senhor. Esta casa de oração, a par de muitas outras, foi restaurada
graças à notável generosidade de tantas pessoas. Ergue-se como sinal
eloquente do imenso esforço de reconstrução, que vós, com os vizinhos,
empreendestes depois da devastação causada pelo tufão Yolanda. Mas é
também um memorial concreto, para todos nós, de que o nosso Deus acua
continuamente, mesmo nos desastres e nas tribulações, fazendo novas
todas as coisas.
Muitos de vós sofreram enormemente não só pela destruição causada
pelo tufão, mas também pela perda de membros da família e amigos. Hoje
confiamos à misericórdia de Deus aqueles que morreram e invocamos a sua
consolação e a sua paz para aqueles que ainda choram. Recordamos de
maneira especial a quantos de nós, anuviados pelo sofrimento, sentem
dificuldade em ver o caminho a seguir. Ao mesmo tempo agradecemos ao
Senhor por aqueles que trabalharam nestes meses para retirar os
escombros, visitar os doentes e os moribundos, confortar os atribulados e
enterrar os mortos. A sua bondade e a ajuda generosa recebida de
muitíssimas pessoas de todo o mundo são um sinal real de que Deus nunca
nos abandona.
De modo especial quero agradecer aqui a tantos sacerdotes e
religiosos que corresponderam, com enorme generosidade, às desesperadas
carências das pessoas dos locais mais intensamente atingidos. Através da
vossa presença e da vossa caridade, destes testemunho da beleza e
verdade do Evangelho. Tornastes presente a Igreja como fonte de
esperança, cura, misericórdia. Juntamente com muitíssimos vizinhos,
demonstrastes também a profunda fé e a capacidade de renascimento do
povo filipino. As inúmeras histórias pessoais de bondade e sacrifício,
surgidas daqueles dias escuros, devem ser recordadas e transmitidas às
gerações futuras.
Há pouco, abençoei o novo Centro para os Pobres, que se destaca como
mais um sinal do cuidado e solicitude da Igreja pelos nossos irmãos e
irmãs necessitados. E são tantos! Oh como Deus os ama! Hoje, a partir
deste lugar que experimentou um sofrimento e uma carência humana tão
profundos, peço que se faça mais pelos pobres. Peço sobretudo que os
pobres do país inteiro sejam tratados de forma equitativa, que a sua
dignidade seja respeitada, que as abordagens políticas e económicas
sejam justas e inclusivas, que as oportunidades de emprego e educação
sejam desenvolvidas e que sejam removidos os obstáculos na prestação dos
serviços sociais. O critério com que tratarmos os pobres será o mesmo
com que seremos julgados (cf. Mt 25, 40.45). Peço a todos vós e a
quantos são responsáveis pelo bem da sociedade que reafirmem o
compromisso com a justiça social e o resgate dos pobres, tanto aqui como
em toda a nação filipina.
Por fim, quero deixar uma palavra de sincero agradecimento aos jovens
presentes, incluindo os seminaristas e os jovens consagrados. Muitos
dentre vós mostraram uma generosidade heroica nas circunstâncias
subsequentes ao tufão. Espero que sempre vos deis conta de que a
verdadeira felicidade provém de ajudar os outros, oferecendo-nos nós
mesmos em sacrifício por eles com misericórdia e compaixão. Então sereis
uma força poderosa para a renovação da sociedade, não só na obra de
reconstrução dos edifícios, mas também, e muito mais importante, na
edificação do Reino de Deus, reino de santidade, justiça e paz na vossa
terra natal.
Queridos sacerdotes e consagrados, queridas famílias e amigos, nesta
catedral da Transfiguração do Senhor, peçamos que as nossas vidas
continuem a ser sustentadas e transfiguradas pela força da sua
ressurreição. Confio-vos todos à proteção amorosa de Maria, Mãe da
Igreja. Que Ela alcance, para vós e para todos os amados habitantes
destas terras, as bênçãos da consolação, da alegria e da paz do Senhor.
Deus vos abençoe a todos”.
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