(RV) Um profundo sentimento de gratidão e um apelo à comunhão no
trabalho de reconstrução do país, marcaram o discurso do Papa Francisco
dirigido aos participantes do encontro “A comunhão da Igreja: Memória e
esperança para o Haiti, cinco anos depois do terremoto”, realizado neste
sábado (10/01), no Vaticano.
“Com a ajuda levada aos nossos irmãos e irmãs no Haiti – ressaltou o
Papa – manifestamos que a Igreja é um grande corpo, onde os vários
membros cuidam uns dos outros” e é nesta comunhão que “está a razão
profunda do nosso serviço de caridade”.
Reconhecendo o quanto já foi feito para reconstruir o país e o muito
que ainda resta a fazer, Francisco articulou seu discurso em três pontos
principais, “pilares” sobre os quais deve se basear todo o trabalho: a
pessoa humana, a comunhão eclesial e a importância da Igreja local.
“A pessoa está no centro da ação da Igreja, disse o Papa. A nossa
primeira preocupação deve ser a de ajudar o homem, cada homem a viver
plenamente como pessoa. Toda a ajuda oferecida pela Igreja ao Haiti deve
ter a anseio do bem integral da pessoa:
“Não existe uma verdadeira reconstrução de um país sem reconstruir a
pessoa na sua plenitude. Isto comporta em fazer, sim, que cada pessoa no
Haiti tenha o necessário sob o ponto de vista material, mas ao mesmo
tempo, que possa viver a própria liberdade, as próprias
responsabilidades e a própria vida espiritual e religiosa. A pessoa
humana tem um horizonte transcendente que lhe é próprio, e a Igreja não
pode negligenciar este horizonte, que tem como meta o encontro com
Deus”.
Neste sentido o Pontífice ressaltou que "a atividade humanitária e a
pastoral não são concorrentes, mas complementares, uma tem necessidade
da outra”, e juntas, devem ajudar a formar no Haiti "pessoas maduras e
cristãos, que por sua vez, poderão dedicar-se pelo bem dos outros".
Um segundo aspecto destacado por Francisco é a comunhão eclesial,
observando a “boa cooperação de muitas instituições eclesiais e de fiéis
verificada no Haiti”. “Mas a caridade é ainda mais verdadeira e mais
incisiva se vivida na comunhão:
“A comunhão testemunha que a caridade não é somente ajudar o outro,
mas é uma dimensão que permeia toda a vida e rompe todas as barreiras do
individualismo que nos impedem de nos encontrar. A caridade é a vida
íntima da Igreja e se manifesta na comunhão eclesial. Comunhão entre os
Bispos e com os Bispos, que são os primeiros responsáveis pelo serviço
de caridade. Comunhão entre os diversos carismas e as instituições de
caridade, porque nenhum de nós trabalha por si mesmo, mas em nome de
Cristo, que nos mostrou o caminho do serviço. Seria uma contradição
viver a caridade separados. Isto não é caridade. A caridade é um corpo,
sempre. Vos convido por isto a reforçar todas as metodologias que
permitem trabalhar juntos”.
O Santo Padre destacou então, a importância da Igreja local, pois
nela “ a experiência cristã se faz tangível”. “A sua força - observou
Francisco - está na relação pessoal com Jesus na oração, na escuta da
Palavra e na frequência aos Sacramentos:
“É necessário que a Igreja no Haiti se torne sempre mais viva e
fecunda, para testemunhar Cristo e para dar a sua contribuição ao
progresso do país. A este respeito, desejo encorajar os Bispos do Haiti,
os sacerdotes e todos os agentes pastorais, para que com o seu zelo e a
sua comunhão fraterna suscitem nos fiéis um renovado compromisso na
formação cristã e na evangelização alegre e frutuosa”.
A concluir, o Pontífice renovou seu agradecimento a todos, pedindo, para rezar por ele. (JE)
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