(RV) Quarta-feira,
14 de janeiro, o Papa Francisco celebrou Missa no Gale Face Green em
Colombo no Sri Lanka e canonizou nessa celebração o Beato José Vaz,
sacerdote português de Goa que viveu nos finais do século XVII e
princípios do século XVIII e tornou-se no missionário do Sri Lanka.
Participaram nesta Eucaristia largas centenas de milhares de fiéis que
saudaram entusiasticamente o Santo Padre.
“Todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus” – foi com
esta “magnífica profecia” de Isaías que o Papa Francisco iniciou a sua
homilia considerando que esta “tem um significado especial para nós que
celebramos a canonização do grande missionário do Evangelho, S. José
Vaz:
“Ele, como tantos outros missionários na história da Igreja,
respondeu à ordem dada pelo Senhor ressuscitado para fazer discípulos de
todas as nações (cf. Mt 28, 19). Com as suas palavras e, o mais
importante, com o exemplo da sua vida, conduziu o povo desta nação à fé
que nos concede “parte na herança com todos os santificados” (Act 20,
32). Em S. José, vemos um sinal eloquente da bondade e do amor de Deus
pelo povo do Sri Lanka. Mas, nele, vemos também um estímulo para
perseverar no caminho do Evangelho a fim de crescermos nós próprios em
santidade e testemunharmos a mensagem evangélica de reconciliação à qual
dedicou a sua vida.”
O Papa Francisco sublinhou que o “Padre do Oratório, José Vaz deixa
Goa, sua terra natal, e chega a este país movido apenas pelo zelo
missionário e por um grande amor a estes povos.”
José Vaz, “vestia-se como um mendigo”, por causa das perseguições e
“cumpria os seus deveres sacerdotais encontrando secretamente os fiéis” –
continuou o Santo Padre – e o próprio Rei concedeu-lhe maior liberdade
devido ao seu “ministério em favor dos enfermos durante uma epidemia de
varíola em Kandy”. O Papa Francisco apresentou três razões da santidade
do Padre José Vaz:
A primeira razão é a sua atitude de sacerdote exemplar:
“Ensina-nos a sair para as periferias, a fim de tornar Jesus Cristo
conhecido e amado por toda a parte. Ele é também um exemplo de
sofrimento paciente por causa do Evangelho, de obediência aos
superiores, de solícito cuidado pela Igreja de Deus (cf. Act 20, 28).
Como nós, S. José viveu num período de transformações rápidas e
profundas; os católicos eram uma minoria e, com frequência, dividida no
seu seio; havia hostilidade ocasional, e até mesmo perseguição, dos de
fora. Apesar disso, ele, permanecendo constantemente unido ao Senhor
crucificado na oração, foi capaz de se tornar para todos um ícone vivo
do amor misericordioso e reconciliador de Deus.“
Em segundo lugar, o Papa Francisco frisou a liberdade de S. José Vaz
no exercício da sua missão não fazendo “distinção de raça, credo, tribo,
condição social ou religião, no serviço que proporciona através das
suas escolas, hospitais, clínicas e muitas outras obras de caridade.”
“A liberdade religiosa é um direito humano fundamental. Cada
indivíduo deve ser livre de procurar, sozinho ou associado com outros, a
verdade, livre de expressar abertamente as suas convicções religiosas,
livre de intimidações e constrições externas. Como nos ensina a vida de
José Vaz, a autêntica adoração de Deus leva, não à discriminação, ao
ódio e à violência, mas ao respeito pela sacralidade da vida, ao
respeito pela dignidade e a liberdade dos outros e a um solícito
compromisso em prol do bem-estar de todos.”
A terceira razão da santidade do Padre José Vaz apresentada pelo Papa
Francisco foi o seu zelo missionário, dedicado e humilde, “deixando
para trás a sua casa, a sua família, o conforto dos lugares que lhe eram
familiares, respondeu à chamada para ir mais longe, para falar de
Cristo onde quer que se encontrasse.”
“S. José sabia como oferecer a verdade e a beleza do Evangelho num
contexto plurirreligioso, com respeito, dedicação, perseverança e
humildade. Este é, também hoje, o caminho para os seguidores de Jesus.
Somos chamados a ir mais longe com o mesmo zelo, com a mesma coragem de
S. José, mas também com a sua sensibilidade, com o seu respeito pelos
outros, com a sua ânsia de partilhar com eles a palavra da graça (cf.
Act 20, 32) que tem o poder de os edificar. Somos chamados a ser
discípulos missionários.”
O Papa Francisco concluiu a sua homilia exortando os fiéis a seguirem
o exemplo de S. José Vaz para que, assim, contribuam para a paz, a
justiça e a reconciliação na sociedade srilanquesa.
“Isto é o que Cristo espera de vós. Isto é o que S. José vos ensina.
Isto é o que a Igreja precisa de vós” – declarou o Papa Francisco.
Troca de dons:
Ao fim da Missa da canonização do Padre José Vaz, missionário do Sri
Lanka, o Cardeal Malcolm Ranjith Patabendige Don, arcebispo de Colombo e
presidente da Conferência episcopal do Sri Lanka, entregou ao Papa
Francisco um cheque de 70 mil dólares, fruto da colecta dos fiéis e
entregues ao Papa para as suas obras de caridade. Ao apresentar este
valor o Cardeal Ranjith disse: Somos uma Igreja pobre, mas pedimos-lhe
por favor que aceite este dom para as suas obras de caridade.
Por sua vez o Papa Francisco deu à Igreja no Sri Lanka, a réplica em
cobre do Documento emitido pelo rei Keerthi Sri Rajasinghe de Kandy, a
declarar que não é proibido àqueles, dentre a multidão de Cingaleses que
desejarem tornar-se cristãos, que alguém se possa converter ao
Cristianismo, e permite a todos os pastores da mesma Ordem de pregar aos
nascidos em Sri Lanka e crentes na nobre doutrina do Budismo. (RS)
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