No dia 25 de Janeiro a
Igreja comemora a conversão de São Paulo.
Habituámo-nos a olhar para
Saulo como um homem terrível, um criminoso que perseguia os cristãos para os
matar. Enfim um homem que nada tinha a ver com Deus.
E realmente pelo que a
Bíblia nos conta, Saulo, perseguia os cristãos para os prender, para os
entregar à justiça daqueles tempos, justiça essa que invariavelmente os
condenava à morte.
Tal se percebe logo no
relato do martírio de Santo Estêvão, em que Saulo está presente, pois o Livro
dos Actos dos Apóstolos narra especificamente que: «As testemunhas depuseram as
capas aos pés de um jovem chamado Saulo.» Act 7, 58
Mas Saulo não era um homem
“fora de Deus”!
Pelo contrário, Saulo era um
homem que procurava Deus, que procurava viver Deus na sua vida, que estudava e
tinha conhecimentos profundos das Escrituras e tentava vivê-las o mais
fielmente que lhe era possível.
Devemos lembrar-nos que
naqueles tempos as leis não eram as leis que hoje temos e que, portanto, aquilo
que hoje aos nossos olhos é incompreensível, (os martírios, etc.), eram naquele
tempo compreendidos de outro modo.
Aliás, os ensinamentos de
Jesus Cristo vieram precisamente mudar esse tipo de leis, para fazer
compreender aos homens que Deus é amor e que tudo o que é feito em seu nome,
tem de ser feito em amor.
Saulo era portanto um homem
que procurava Deus, que procurava com entrega total servir a Deus.
Quando Saulo se desloca para
Damasco, (a pé, porque os Actos dos Apóstolos não nos referem cavalo algum),
vai na sua consciência para servir a Deus, pois a sua missão era prender
aqueles que seguiam a Cristo e que nesse tempo eram entendidos como uma seita
fora de Deus.
E, «quem procura, encontra»
Mt 7, 8, por isso Saulo, nessa sua procura de Deus, vai encontra-lO num caminho
em que ele nunca O esperaria encontrar.
É o próprio Jesus Cristo que
o vai fazer entender que o Deus que Saulo procura é Aquele que ele mesmo
persegue. «Saulo, Saulo, porque me persegues?» Act 9, 4
A resposta de Saulo leva-nos
logo a perceber que embora pergunte, «Quem és Tu, Senhor?», ele já sabe que
encontrou o Deus a quem quer servir, pois logo O trata por Senhor.
De tal maneira O encontra
que não hesita nem um pouco em fazer tudo aquilo que aquele Senhor lhe ordena
que faça.
Saulo encontra Deus e uma
vida nova lhe é dada, uma vida de inteiro serviço a Deus, uma vida já não como
Saulo, mas agora como Paulo.
Duas notas interessantes são
as seguintes:
1 – Saulo perseguia os
cristãos e a voz que o interroga, Jesus Cristo, perguntando «porque me
persegues?», faz perceber que, ao perseguir os cristãos, Saulo persegue o
próprio Cristo, o próprio Deus, que assim se faz Um connosco.
Como nos diz o próprio São
Paulo na Primeira Carta aos Coríntios, explicando-nos o Corpo Místico de Cristo:
«Assim, se um membro sofre, com ele sofrem todos os membros; se um membro é
honrado, todos os membros participam da sua alegria.» 1Cor 12, 26
2 – Não interessa o que
fizemos no nosso passado, se verdadeiramente queremos encontrar Deus nas nossas
vidas.
Se O procuramos de coração
aberto, Ele faz-se encontrado connosco, toma-nos pela mão, e faz de nós
mulheres e homens novos.
Marinha Grande, 19 de
Janeiro de 2015
Joaquim Mexia Alves
Nota:
Texto publicado no
"Grãos de Areia", Boletim da Paróquia da Marinha Grande, distribuído
este fim de semana.
Sem comentários:
Enviar um comentário