20 janeiro, 2015

Filipinas – gestos e vozes que interpelaram o Papa Francisco



(RV) Foram muitos os gestos e bem audíveis as vozes que interpelaram o Papa Francisco nesta sua Viagem Apostólica às Filipinas. Em primeiro lugar, o gesto resistente dos filipinos de Tacloban que depois do tufão inquietam os corações com a força da sua fé. Também as vozes dos jovens que se reuniram com o Santo Padre interpelavam, sobretudo pela sua exuberância e espontaneidade: Pope Francis we love you – Papa Francisco nós amamos-te – diziam eles.

Muito intenso o gesto e a atitude do pai da jovem Kristel, 27 anos, que estava em Tacloban a trabalhar como voluntária para uma associação católica norte-americana, a Catholic Relief Services. Antes da Missa caíram alguns andaimes sobre ela e a jovem morreu. Este facto, ruidoso pela brutalidade da sua consequência, motivou a imediata reação do Papa Francisco que, para além de rezar pela rapariga, quis encontrar-se com o pai de Kristel. E esse encontro foi a maior interpelação. O Padre Lombardi, Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, referiu aos jornalistas que o pai de Kristel revelou uma “fé profunda e simples” pois perante este acontecimento terrível demonstrou “esperança”.

 “O encontro foi bonito e comovente. Na mesa, diante do Papa e do pai, abalado pela tragédia, havia duas lindas fotos: uma da jovem, recente; e outra de quando era criança, com os pais. Assim, havia uma sensação da presença sorridente desta jovem. E o mais bonito foi que depois do encontro, o Cardeal Tagle (que foi o intérprete), disse que o pai de Kristel, apesar de chocado, sentia consolação porque a filha morreu num ato de serviço pelo seu povo, para que pudesse encontrar o Santo Padre”.

Outros gestos e vozes interpelantes para o Santo Padre foram os testemunhos das famílias filipinas no encontro na Arena de Manila. Histórias marcadas por experiências concretas de amor e serviço em situações de pobreza, deficiência e necessidades especiais e ainda de distância devido ao trabalho no estrangeiro longe da família. Todos estes testemunhos sensibilizaram o Santo Padre que afirmou não ser “possível uma família sem sonhar.”

Finalmente, a pequena Shon que chorou perante o Papa. A jovem menina resgatada das ruas de Manila interpelou diretamente o Papa pois queria saber “porque é que as crianças sofrem”.

O Papa Francisco, abraçou-a e aproveitou a oportunidade para dizer que falta no mundo hoje a capacidade de chorar. Sublinhou mesmo que certas realidades da vida só podem ser vistas com os olhos lavados pelas lágrimas. “Aprendamos a chorar” – afirmou o Papa Francisco. (RS)

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