19 fevereiro, 2020

Audiência: Não há terra mais bela a conquistar do que o coração dos outros

 
 
“Bem-aventurados os mansos, porque receberão a terra em herança”: o Papa Francisco explicou o significado da terceira bem-aventurança, dando continuidade ao ciclo de catequeses sobre este tema.
 
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano

O Papa Francisco reuniu-se com milhares de fiéis e peregrinos na Sala Paulo VI para a Audiência Geral desta quarta-feira (19/02).

A sua catequese foi dedicada à terceira das oito bem-aventuranças: “Bem-aventurados os mansos, porque receberão a terra em herança”.

Francisco explicou o significado da palavra “manso”, que é literalmente “doce, gentil, sem violência”. A mansidão manifesta-se nos momentos de conflito, de come se reage numa situação hostil, e não nos momentos de tranquilidade. Jesus deu-nos o maior exemplo de mansidão quando, pregado na Cruz, perdoou seus algozes. “A mansidão de Jesus vê-se fortemente na Paixão”, disse o Papa. 

Mansidão e posses

Nas Escrituras, a palavra “manso” indica também aquele que não tem propriedades terrenas, por isso a terceira bem-aventurança diz que os mansos receberão a terra em herança.

Isto pode parecer incompatível, mas a posse de terras é o âmbito típico do conflito: combate-se com frequência por um território, para obter a hegemonia sobre um lugar. Nas guerras, o mais forte prevalece e conquista outras terras.

Mas a bem-aventurança fala de “herança”, que nas Escrituras tem um sentido ainda mais profundo. O Povo de Deus chama “herança” justamente a terra de Israel, que é a Terra Prometida.

Aquela terra é uma promessa e um dom para o povo de Deus e torna- se sinal de algo muito maior e mais profundo do que um simples território.
“Há uma 'terra' - permitam-me o jogo de palavras - que é o Céu, isto é, a terra para a qual caminhamos.”
Herdar o mais sublime dos territórios
 
Então o manso é quem “herda” o mais sublime dos territórios. Ser manso não é ser covarde, pelo contrário, é o discípulo de Cristo que aprendeu bem a defender outra terra.

"Ele defende a Sua paz,  a sua relação com Deus e os seus dons, protegendo a misericórdia, a fraternidade, a confiança e a esperança. Porque as pessoas mansas são misericordiosas, fraternas, confiantes e com esperança."

Francisco mencionou o pecado da ira e todas as coisas que destruímos quando nos manifestamos: perde-se o controle e não se avalia o que é realmente importante, e pode-se arruinar a relação com um irmão, às vezes sem remédio. “Por causa da ira, muitos irmãos não se falam mais, afastam-se. É o contrário da mansidão. A mansidão reúne. A ira separa.”

A mansidão, ao contrário, conquista tantas coisas. A “terra” a conquistar é a salvação daquele irmão de que fala o mesmo Evangelho de Mateus: "Se te ouvir, ganhaste o teu irmão":
“Não há terra mais bela do que o coração dos outros. Pensemos nisto: Não há terra mais bela do que o coração dos outros. Não há território mais belo a conquistar do que a paz restabelecida com um irmão. Esta é a terra a ser herdada com a mansidão!”
VN

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