04 fevereiro, 2020

Papa: Deus chora por nós quando nos afastamos Dele

 
 
"É tão grande o amor de pai que Deus sente por nós, que morreu no nosso lugar. Fez-se homem e morreu por nós", disse o Papa na homilia da missa celebrada na capela da sua residência, ressaltando que Deus jamais renega a sua paternidade. 
 
Adriana Masotti - Cidade do Vaticano

O choro de David pela morte do seu filho é profecia do amor de Deus por nós: foi o que afirmou o Papa Francisco na homilia da missa matutina (04/02) na Casa de Santa Marta.

Meu filho Absalão! Por que não morri eu em teu lugar? Este é o grito angustiado de David, aos prantos, ao tomar conhecimento da morte do filho. A Primeira Leitura da liturgia do dia, extraída do segundo livro de Samuel, descreve o fim de uma longa batalha conduzida por Absalão contra o próprio pai, o rei David, para tomar o trono.

O Pontífice resumiu a narração, afirmando que David sofria por aquela guerra que o filho, Absalão, tinha desencadeado contra ele, convencendo o povo a lutar ao seu lado contra o rei, a ponto de David ter que fugir para Jerusalém para salvar a própria vida.

“Descalço, com a cabeça coberta, insultado – afirmou Francisco, enquanto outros lhe lançavam pedras, porque todo o povo estava do lado deste filho que o tinha enganado, seduzindo o coração das pessoas com promessas”.

O trecho descreve David à espera de novidades na linha de frente e então chega o mensageiro que o adverte: Absalão morreu na batalha. Com a notícia, David estremece, chora e diz: 'Meu filho Absalão! Meu filho, meu filho Absalão! Por que não morri eu em teu lugar? Absalão, meu filho, meu filho! '”. Quem presencia a cena fica maravilhado com esta reação:

“Mas por que está a chorar? Ele estava contra ti, tinha-te renegado, renegado a sua paternidade, insultado, perseguido, mas festeja, festeja porque venceste!”, e David só diz: “Meu filho, meu filho, meu filho” e chorava. Este pranto de David é um facto histórico, mas é também uma profecia. Mostra-nos o coração de Deus, o que faz o Senhor conosco quando nos afastamos Dele, o que faz o Senhor quando nos destruímos a nós mesmos com o pecado, desorientados, perdidos. O Senhor é pai e jamais renega esta paternidade: “Meu filho, meu filho”.

O Papa prosseguiu dizendo que nós encontramos aquele pranto de Deus quando nos vamos confessar, porque não é como “ir à lavanderia” para tirar uma mancha, mas “é ir até ao pai que chora por mim, porque é pai”.
A frase de David: “Por que não morri eu em teu lugar, meu filho Absalão?” é profética, afirmou ainda Francisco, e em Deus “faz-se realidade”:

É tão grande o amor de pai que Deus sente por nós, que morreu no nosso lugar. Fez-se homem e morreu por nós. Quando olhamos para o crucifixo, devemos pensar nisto “Por que não morri eu em teu lugar”. E sentimos a voz do pai que no filho nos diz: “meu filho, meu filho”. Deus não renega os filhos, Deus não negocia a sua paternidade.
O amor de Deus chega até ao limite extremo. Quem está na cruz é Deus, o filho do Pai, enviado para dar a vida por nós.

Fáz-nos bem nos momentos maus da nossa vida – todos nós temos – momentos de pecado, momentos de afastamento de Deus, sentir esta voz no coração: “Meu filho, minha filha, o que estás a fazer? Não te mates, por favor. Eu morri por ti”.

Por fim, o Papa recordou que Jesus chorou a olhar para Jerusalém, Jesus chorou “porque nós não deixamos que Ele nos ame”. E concluiu com um convite: “No momento da tentação, no momento do pecado, no momento em que nós nos afastamos de Deus, procuremos ouvir esta voz: ‘Meu filho, minha filha, por quê?’”.

VN

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