23 fevereiro, 2020

“O Evangelho desdobra-se em ação social”



O Cardeal-Patriarca de Lisboa lembrou, no encontro com a Pastoral Social da Vigararia de Oeiras, que a caridade “faz parte integral da vivência cristã”. “A Igreja tem estas obras sociais porque o Evangelho desdobra-se em ação social. Estamos no mundo, há dois mil anos, a reproduzir, pessoal, familiar e comunitariamente, aquilo que o próprio Jesus Cristo começou a fazer”, salientou D. Manuel Clemente, neste encontro no âmbito da Visita Pastoral.

No auditório da Paróquia de Queijas, na noite do passado dia 14 de fevereiro, o Cardeal-Patriarca apontou que a caridade “é algo que vai além da filantropia”. “Se nos abeirarmos de Deus não de uma maneira genérica, mas como Jesus Cristo nos ensina, então isso depois tem de ser consequente, e é consequente na prática deste sentimento a que nós chamamos caridade. É algo que vai além da filantropia, e leva ao ponto a que Jesus o levou, a partir da filiação divina que Ele nos proporciona e que o seu Espírito ativa em nós, e que nos faz verdadeiramente irmãos”, apontou, lembrando que as comunidades cristãs são também “comunidades caritativas”. “Isto faz parte integral da vivência cristã. Se com Jesus Cristo aprendemos a ser filhos de Deus e a crescer nessa filiação divina, com Jesus Cristo e no Espírito de Jesus Cristo, sendo isto autêntico, desdobra-se em atenção ao irmão, com o amor com que Ele nos amou e isso, propriamente, se chama caridade”, observou. Neste sentido, segundo D. Manuel Clemente, de “uma maneira mais organizada” ou “mais espontânea”, a caridade “identifica uma comunidade cristã”, para que “o Reino de Deus continue a acontecer”. “Isto é muito importante e faz parte da iniciação cristã. A nossa catequese só resulta quando atende a estas duas dimensões: ensina a rezar filialmente, como Jesus nos ensinou, e ensina a atuar fraternalmente, como também Jesus nos ensinou. A caridade é fundamental, é uma marca, é um testemunho, é uma definição de uma comunidade cristã propriamente dita”, reforçou.

O Cardeal-Patriarca sublinhou ainda que os agentes de Pastoral Social “dão sabor evangélico à vida, por isso mesmo que realizam às comunidades onde estão”. “É muito importante serem sal da terra, para não deixarem que as coisas se estraguem, para não deixar que a sociedade deixe de ser sociedade, ou seja, gente que acompanha gente”, apelou. “Não sei como estaríamos, com todos os problemas que, na nossa sociedade, enfrentamos, se não houvesse esta miríade de atuações, que estão espalhadas pelo país inteiro e que não deixam que as coisas se estraguem”, acrescentou D. Manuel Clemente.

O encontro contou também com uma atuação dos utentes e familiares do Centro Social e Paroquial de Queijas. “Temos de ser muito criativos nas nossas instituições, para que o envelhecimento – que tem um certo sentido triste – seja transformado em longevidade, para que aquilo que eles [os idosos] trazem, e aquilo que eles são, possam beneficiar o todo”, desejou o Cardeal-Patriarca, pedindo ainda “às comunidades cristas e às instituições para integrar as populações que, de todo o mundo, afluem a Portugal e precisam de acolhimento e de integração sociocultural”.

Pastoral social em todas as paróquias

Antes da intervenção do Cardeal-Patriarca, o diácono Carlos Borges, que dinamizou o encontro onde foram apresentadas 19 instituições sociais e obras de caridade da vigararia, sublinhava que cada uma das 13 paróquias da Vigararia de Oeiras tem “os mais variados grupos a dedicarem uma atenção especial às diversas pobrezas, a olhar as pessoas mais esquecidas, mais distanciadas, que esperam da Igreja uma sensibilidade e um olhar de consideração, um olhar de Jesus Cristo”. “Praticamente todas as paróquias têm o Centro Social Paroquial. Encontramos grupos de Visitadores, grupos de Vicentinos, grupos de Pastoral da Saúde, grupos de Pastoral Penitenciária, grupos de Pastoral da Deficiência”, exemplificou este diácono permanente, que é colaborador da Paróquia de Barcarena.

in Jornal Voz da Verdade
Patriarcado de Lisboa

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