24 fevereiro, 2020

“É a marca da caridade que nos define como cristãos”



Na Semana da Caridade na Vigararia Lisboa V, D. Américo Aguiar agradeceu a todos os agentes desta pastoral que, diariamente, trabalham “com o limite da dignidade da pessoa humana”. Na opinião do vigário, padre Nuno Fernandes, esta iniciativa “despertou” as paróquias para “continuarem a fazer melhor” nesta área. 

No último dia da Semana da Caridade na Vigararia Lisboa V, o Bispo Auxiliar de Lisboa D. Américo Aguiar apelou ao envolvimento de todos os cristãos na área sociocaritativa. “Não pode haver nenhum batizado que não se identifique na área sociocaritativa. É esta marca da caridade que nos define como cristãos, como filhos de Deus”, referiu o Bispo Auxiliar, recordando uma homilia de D. António Francisco dos Santos, antigo Bispo do Porto. “Dizia que: ‘Os pobres não podem esperar’. E pobres não é só de dinheiro, é quem precisa de alguma coisa. Quem precisa de carinho, de amor, de batatas, de atenção, de cuidados médicos, seja lá do que for... Quem precisa de, não pode estar à espera que nós estejamos bem-dispostos seja para o que for”. Na Missa que juntou as dez paróquias da Vigararia Lisboa V, na igreja de São Vicente de Paulo, no Bairro da Serafina, em Lisboa, na tarde do passado dia 16 de fevereiro, D. Américo Aguiar desafiou, por isso, os cristãos a serem “arautos da esperança”. “Em qualquer situação de maiores trevas, dúvida, sofrimento, temos que ser arautos de esperança. E a nossa esperança tem um nome, é uma Pessoa: Jesus Cristo. Está vivo! E nós estamos aqui por causa disso”, apontou.

No Domingo anterior à votação, no Parlamento, das propostas que visam a despenalização da eutanásia no nosso país, o Bispo Auxiliar criticou o facilitismo que pretende ser oferecido pela sociedade. “Aos mais novos, dizem assim: ‘Agora, a vida está facilitada. Há uma pilula do dia seguinte’. E também há solução para o resto: ‘Aos 70 anos, tomamos uma pastilha e vamos para o céu’. A sociedade está a ficar entre a pilula do dia seguinte e a pilula do último dia. É isto que nós queremos?”, questionou. “E não é uma questão religiosa… é como sociedade, como povo, como humanidade”, acrescentou. 

“Encontro, partilha e formação” 

A Semana da Caridade na Vigararia Lisboa V teve como tema ‘A Caridade é o maior de tosos os Dons’, e decorreu entre 9 e 16 de fevereiro. Com esta iniciativa, esta vigararia da cidade quis apostar em “proporcionar momentos de encontro, partilha e formação”, adiantou o vigário, padre Nuno Fernandes, ao Jornal VOZ DA VERDADE. De entre as várias iniciativas previstas – e que juntaram centenas de responsáveis e agentes desta pastoral e de outras, como a juventude, a família e a catequese –, este sacerdote destaca o encontro que reuniu “profissionais e voluntários dos Centros Sociais e de outras instituições”. “Foi um encontro para marcar uma presença junto das pessoas que estão mais próximas dos mais fragilizados”, refere o padre Nuno. Nesta oportunidade, no dia 12 de fevereiro, D. Américo Aguiar, que acompanha pastoralmente as paróquias da cidade, aproveitou a presença dos profissionais e voluntários para transmitir “gratidão pelo trabalho que fazem”. A partir da sua experiência, enquanto sacerdote na Diocese do Porto, o Bispo Auxiliar revelou ter ganhado “muito respeito por todos os que trabalham nesta área, porque se trabalha com o limite da dignidade da pessoa humana”, e sublinhou a importância destes encontros “para sabermos quem somos, quantos somos, o que fazemos, para estarmos afinados naquilo que é a realidade do terreno onde estamos a trabalhar e a servir”. 

Continuar a missão 

O conhecimento, em maior pormenor, da realidade sociocaritativa na vigararia foi um dos frutos desta semana vicarial. Segundo o vigário, as respostas ao questionário feito a cada paróquia permitiram conhecer os “números concretos”. “Sabemos que existem 6330 pessoas apoiadas pelas instituições, e que contam com a colaboração de 1028 profissionais e 439 voluntários”, revela. “Podemos questionar estes números, interrogarmo-nos se é pouco, se é muito… mas esta é a realidade da nossa vigararia. Foi importante criar um painel de divulgação, em todas as paróquias, para que as pessoas saibam o que vai sendo feito, e continuem a ajudar ou despertem para esta missão”, sublinha o padre Nuno Fernandes.

No último dia da Semana da Caridade, a caminhada, desde a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, na Paróquia de São Domingos de Benfica, até à Igreja de São Vicente de Paulo, no Bairro da Serafina, juntou mais de uma centena de pessoas. “Chamámos ´Peregrinação da Caridade’ e quisemos orientar a nossa oração para a defesa da vida. Entre cânticos e oração do Terço, foi um caminho muito sereno. Depois, à chegada, tínhamos à nossa espera o senhor D. Américo, que celebrou a Eucaristia”, explica o vigário.

Na opinião deste sacerdote, esta iniciativa “deixa o compromisso de acentuar mais um caminho conjunto das dez paróquias de continuarem esta missão da caridade”. “O nosso Patriarca despertou-nos para ela com este ano pastoral, que se enquadra neste caminho sinodal que estamos a fazer, mas é algo que já vai sendo realizado e faz parte da missão da Igreja. Deixa-nos este despertar para continuar e continuar a fazer melhor”, garante.

in Jornal Voz da Verdade
Patriarcado de Lisboa

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