(RV) Antes
da oração mariana do Angelus e dirigindo-se aos milhares de fiéis e
peregrinos reunidos na Praça de S. Pedro, o Papa Francisco comentou o
Evangelho, continuação do evangelho do último domingo, em que se
destacava a profissão de fé de Pedro, a "rocha" sobre a qual Jesus quer
construir a sua Igreja. Mas hoje Mateus nos mostra a reacção do mesmo
Pedro quando Jesus revela aos discípulos a sua paixão e morte em
Jerusalém:
“Pedro toma à parte o Mestre e o repreende porque isto - diz ele -
não pode acontecer a Ele, não pode acontecer a Cristo. Mas Jesus, por
sua vez, repreende Pedro com palavras duras: "Vai-te daqui, Satanás! Tu
és para mim uma ocasião de escândalo, porque não tens em vista as coisas
de Deus, mas dos homens”.
Um momento antes, prosseguiu Francisco, o apóstolo era feliz por ter
recebido do Pai aquela revelação, era uma “pedra” sólida para que Jesus
pudesse construir sobre ela a sua comunidade e logo depois se torna um
obstáculo, uma pedra de tropeço no caminho do Messias. Jesus sabe bem
que Pedro e os outros ainda têm um longo caminho a percorrer para se
tornarem seus apóstolos! E por isso, dirigindo-se a todos os que o
seguiam, apresentou-lhes com clareza o caminho a seguir: "Se alguém
quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me". E o
Papa acrescentou:
“Sempre, mesmo hoje, a tentação é de querermos seguir um Cristo sem
cruz, ou melhor, de ensinar a Deus o caminho certo, como Pedro. Mas
Jesus nos recorda que o seu caminho é o caminho do amor, e não existe
amor verdadeiro sem o sacrifício de si mesmo. Somos chamados a não nos
deixarmos absorver pela visão deste mundo, mas de sermos cada vez mais
conscientes da necessidade e o esforço de nós cristãos de caminharmos
contracorrente e em subida”.
Jesus completa a sua proposta, disse ainda o Pontífice, com palavras
que exprimem uma grande sabedoria, sempre válida, porque desafiam a
mentalidade e os comportamentos egocêntricos. Ele exorta: "Quem quiser
salvar a sua vida há-de perdê-la; mas quem perder a sua vida por minha
causa, há-de encontra-la". Neste paradoxo, está contida a regra de ouro
que Deus inscreveu na natureza humana criada em Cristo: a regra de que
só o amor dá sentido e felicidade à vida, comentou Francisco:
“Gastar os próprios talentos, as próprias energias e o próprio tempo
apenas para salvar, proteger e realizar a si mesmo, leva realmente à
perda de si, isto é, a uma existência triste e estéril. Se, pelo
contrário, vivemos para o Senhor e baseamos a nossa vida no amor, como
Jesus fez, poderemos saborear a verdadeira alegria. E a nossa vida não
será estéril, será fecunda”.
Na Eucaristia revivemos o mistério da cruz, não apenas recordamos,
mas realizamos o memorial do sacrifício redentor, no qual o Filho de
Deus perde completamente a Si mesmo para se receber novamente do Pai e
assim nos reconquistar, nós que estávamos perdidos, juntamente com todas
as criaturas. Sublinhou o Papa reiterando que sempre que participamos
na Missa, o amor de Cristo crucificado e ressuscitado se comunica a nós
como alimento e bebida, para podermos segui-Lo no caminho de cada dia,
no serviço concreto aos irmãos.
A Virgem Santíssima, que seguiu Jesus até ao Calvário - concluiu
Francisco - também nos acompanhe e nos ajude a não termos medo de
sofrer, a não termos medo da cruz mas com Jesus crucificado, por amor de
Deus e dos irmãos, porque este sofrimento, pela graça de Cristo, é
fecundo de ressurreição.
Após o Angelus Francisco recordou as populações do Sul da Ásia e os
habitantes do Texas e da Luisiana nos EUA vítimas de fenómenos naturais:
“Queridos irmãos e irmãs, ao renovar a minha proximidade espiritual
para com as populações do sul da Ásia, que ainda sofrem as consequências
das inundações, quero exprimir também a minha viva participação nos
sofrimentos dos habitantes do Texas da Luisiana afectados por um furacão
e chuvas excepcionais, que causaram vítimas, milhares de deslocados e
enormes danos materiais. Peço a Maria Santíssima, Consolador dos
aflitos, que obtenha do Senhor a graça do conforto por estes nossos
irmãos tão duramente afectados”.
Em seguida o Papa dirigiu uma cordial saudação a todos, romanos e
peregrinos, e em particular saudou os fiéis das Ilhas Canárias, e a
todos o Papa desejou desejo um bom domingo pedindo, por favor, para que
não nos esqueçamos de rezar por ele.
Bom almoço e até logo!
(BS)
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