13 setembro, 2017

Núncio na colômbia: Papa explicou-nos como fazer para reconciliarmo-nos




Bogotá (RV) – O Papa Francisco veio dar “o primeiro passo” entre nós e as pessoas se uniram ao Papa, prontas a dar os primeiros passos necessários para fazer retornar a paz ao país.

Esta é uma das considerações do Núncio Apostólico na Colômbia, Arcebispo Ettore Balestrero, ao fazer um balanço à Rádio Vaticano da viagem apostólica do Papa à Colômbia:

“Uma primeira impressão é o rosto dos colombianos que o esperaram, que choraram, que o abraçaram, que se apegaram a ele: quase que significando que o Papa veio para mostrar não somente que devemos dar o primeiro passo, mas que o primeiro passo pode ser dado e que a Colômbia é capaz de fazer isto. Portanto, deu a esperança aos colombianos, a esperança de um futuro diferente. Ele como que representou e recolheu a vontade dos colombianos de virar a página e a possibilidade de fazê-lo, porque estamos no momento em que isto é possível e diria também necessário. Construir um país sobre bases diferentes, sobre bases do amor, do respeito, das capacidades dos seus habitantes, também sobre a base de um respeito dos direitos humanos e da dignidade de cada pessoa”.

RV: O Papa quis entrar de certa forma “na carne” – como diria ele – do processo que a Colômbia se prepara para viver. Considerando também a sua história, considerando a reconciliação, uma reconciliação verdadeira, não política, não técnica. Como ele disse: é necessário partir do coração das pessoas, sobretudo do coração de quem sofre. Assim, na sua opinião, depois daquilo que o Papa disse, de que modo a Colômbia se apresenta diante desta necessidade?

“Acredito que a Colômbia se apresenta com uma grande receptividade, ao menos em nível de povo. No sentido de que existe uma vontade, como eu dizia antes, de virar página, de redescobrir a outra pessoa; existe sobretudo uma vontade de olhar para frente. O Papa veio catalisar este desejo, expressá-lo e dar a ele uma certa orientação, porque nos explicou como fazer para nos reconciliarmos, nos explicou o que é necessário: o respeito pela outra pessoa, o reconhecimento das vítimas, da verdade, o valor da justiça e que a verdade e a justiça são dois fatores que juntos são indispensáveis para construir um novo país. Me parece que o Papa, de uma forma ou outra, traçou um caminho que a população colombiana deseja percorrer e tem necessidade de percorrer”.

RV: Um tema aparentemente secundário da viagem foi o da vulnerabilidade. O Papa falou sobre isto ao acolher uma daquelas jovens com necessidades especiais diante da Nunciatura, com necessidades. No dia seguinte, durante a Missa em Medellín,  retomou este tema. De certa forma, isto poderia representar de forma simbólica o caminho da Colômbia. O quanto é importante sentir-se vulneráveis para recomeçar?

“É importantíssimo reconhecer a própria vulnerabilidade, que é evidente na Colômbia, mas é muito mais importante ainda -  como disse o Papa – tomar consciência de que todos somos vulneráveis, que também aqueles que aparentemente são mais fortes, são mais violentos, na realidade têm feridas muito profundas. O Papa nos ensinou que Deus dentro de nós deseja curar e pode curar esta vulnerabilidade, estas feridas: sozinhos não conseguimos. O povo colombiano sozinho, abandonado à própria sorte, não pode. Mas por isto, acredito, houve esta acolhida tão apoteótica do Papa. Milhões de pessoas na Missa em Bogotá, na Missa em Medellín, mas também milhões de pessoas pelas ruas. Por que? Porque vem para expressar no seu hábito branco o desejo, para projetar para o exterior o desejo interior de mudar, de uma cura profunda. E nos diz que somos capazes de fazê-lo, nos diz que com Cristo que cura as feridas humanas, cada um de nós pode curá-las, e nos diz também para olhar para as feridas dos outros com misericórdia, conscientes de que cada um tem as suas e que porém, todos juntos, podemos melhorá-las, todos juntos podemos curá-las e acredito e espero que a partir de agora se possa começar um caminho de cura dentro do país”.

RV: Para concluir poderíamos dizer assim: o Papa Francisco veio à Colômbia para dar o primeiro passo. A Colômbia agora, na sua opinião, como conseguirá dar os passos sucessivos?

“Os passos sucessivos vão depender dos colombianos. Acredito que o primeiro passo fundamental será o de tomar consciência daquilo que o Papa nos disse, reviver isto e depois começar a colocar em prática, começar a colocar isto em prática em nível de família, porque a grande violência e a vulnerabilidade estão dentro da família, mas colocar isto em prática também em nível de povoados e como Igreja assumir a mensagem do Papa e procurar divulgá-lo, de vivê-lo e testemunhá-lo na vida dos pastores e de todos os fiéis”.

(JE/AdC)

Sem comentários:

Enviar um comentário