(RV) “Testemunhar Jesus” com exemplos de vida
cristã, acções concretas e sem “mexericos”. Foi o que disse o Papa
Francisco na homilia da missa celebrada, na tarde deste domingo (15/01),
na Paróquia de Santa Maria em Setteville, município de Guidonia,
Diocese de Roma.
O pontífice retomou as suas visitas às paróquias romanas depois de
uma pausa do ano jubilar. Recomeçou o ciclo de visitas encontrando na
Paróquia de Santa Maria em Setteville o vice-pároco Padre Giuseppe
Berardino, 47 anos, que sofre gravemente de Esclerose Lateral
Amiotrófica há mais de dois anos, e não se movimenta autonomamente.
Francisco se encontrou com os jovens que começaram cinco anos atrás o
seu percurso de formação para o Crisma com P. Giuseppe. Acompanhado
pelo Pároco P. Luigi Tedoldi, o Papa solicitou os jovens a falar, a
fazerem perguntas, a testemunhar com a sua presença na paróquia que é
“uma graça do Senhor” aos jovens que abandonam a Igreja depois do
Crisma.
Testemunho
Com as crianças, o Pontífice se deteve sobre o significado do testemunho como “exemplo de vida”:
“Posso falar do Senhor, mas se eu com a minha vida não falo dando
testemunho, não serve! Padre, eu sou cristão, e falo do Senhor. Sim, mas
tu és um cristão papagaio: palavras, palavras e palavras, e nada mais. O
testemunho cristão se faz com a palavra, com o coração e com as mãos.”
O Papa exortou a ouvir, ir ao encontro, pedir perdão e perdoar,
realizar obras de misericórdia com os doentes, encarcerados e pobres. E
ter fé, vivendo-a e demonstrando com os factos o quando seja importante:
“Se tu tens um amigo, uma amiga que não crê, não deves dizer-lhe: “Tu
tens de crer por isso e aquilo, e explicar todas as coisas. Isso não
deve ser feito! Isso se chama proselitismo e nós cristãos não fazemos
proselitismo. O que se deve fazer? Se não posso explicar, o que devo
fazer? Viver de tal forma que seja ele ou ela a lhe perguntar: Porque tu
vives assim? Porque fizeste isso? Aí sim, podes explicar.”
Fé
Francisco convidou a falar e a ter como exemplo os avós que “protegem
a família”: “são a nossa memória, a nossa sabedoria, são também
amigos”, sublinhou.
No encontro com os agentes pastorais, recordou o período em que em
Buenos Aires fazia algumas catequeses “com um filme”, convidando a
assistir o filme japonês de Kurosawa intitulado “Rapsódia em Agosto”,
para explicar o diálogo entre avós e netos.
O Papa falou das vezes em que caminhou na “escuridão” da fé: “Existem
dias em que não se vê nada, mas depois com a ajuda do Senhor a gente se
reencontra.” Por exemplo, diante de uma calamidade: Francisco se
referiu às 13 crianças nascidas depois do terremoto que abalou
recentemente a região central da Itália, baptizadas, no último sábado
(14/01), na Casa Santa Marta. Um homem disse ao Papa que perdeu sua
esposa no terremoto.
“Respeita a escuridão da alma. Depois, o Senhor despertará a fé. A fé
é um dom do Senhor. Cabe a nós somente protegê-la. Não se estuda para
ter fé: a fé se recebe como um presente.”
No encontro com os doentes, Francisco reflectiu sobre o sofrimento também das “crianças com problemas”:
“Existem coisas que não têm como explicar, acontecem. A vida é assim.
Jesus quis estar próximo a nós com a sua dor, com a sua paixão, com seu
sofrimento. Jesus está com todos vós.”
Com os pais de 45 crianças baptizadas na paróquia durante 2016, o
Papa se deteve na “alegria da vida que segue adiante”, típica das
crianças. A seguir, confessou quatro pessoas, e na homilia da missa,
voltou a convidar a testemunhar Cristo: “Existem muitos cristãos que
professam que Jesus é Deus; existem vários sacerdotes que confessam que
Jesus é Deus, muitos bispos, mas todos testemunham Jesus? Ser cristão é
uma maneira de viver? É como ser apoiante de uma equipa? Ser cristão é
primeiramente testemunhar Jesus.”
Paz
Uma paróquia é incapaz de testemunhar se nela existem mexericos. O
Papa deu como exemplo os Apóstolos, que não obstante tenham traído
Jesus, nunca “falavam mal” uns dos outros.
“Vocês querem uma paróquia perfeita? Não digam mexericos. Se você tem
alguma coisa contra uma pessoa, fale directamente com ela ou converse
com o pároco, mas não entre vocês. Este é o sinal de que o Espírito
Santo está numa paróquia. Os outros pecados, todos temos. Existe uma
colecção de pecados: eu pego esse, tu pegas aquele, mas todos somos
pecadores. Porém, o que realmente destrói uma comunidade, como o verme,
são os mexericos.”
Antes de deixar Guidonia, Francisco saudou os fiéis que esperaram por
ele do lado de fora da igreja. E deixou uma tarefa: Que este seja um
“bairro de paz”.
(BS/MJ)
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