(RV) Numa Praça de S. Pedro particularmente repleta de fiéis, o Papa Francisco na sua reflexão antes da oração mariana do Angelus comentou o Evangelho deste quinto domingo da Quaresma que nos fala da ressurreição de Lázaro, o ponto mais alto dos "sinais" prodigiosos realizados por Jesus, um gesto demasiado grande, muito claramente divino para ser tolerado pelos sumos sacerdotes que, sabendo deste facto, tomaram a decisão de matar Jesus, disse o Papa, que em seguida acrescentou:
Lázaro estava morto havia três dias, quando Jesus chegou; e às irmãs Marta e Maria, Ele disse palavras que ficaram gravadas para sempre na memória da comunidade cristã: "Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo aquele que vive e crê em mim nunca mais morrerá ".
Seguindo a Palavra do Senhor, nós acreditamos que a vida daqueles que acreditam em Jesus e seguem o seu mandamento, depois da morte será transformada numa vida nova, plena e imortal. Como Jesus ressuscitou com o seu próprio corpo, mas não voltou à vida terrena, assim também nós ressuscitaremos com os nossos corpos que serão transfigurados em corpos gloriosos. Ele está à espera de nós junto do Pai, e a força do Espírito Santo, que o ressuscitou dos mortos, também ressuscitará aqueles que estão unidos a Ele. E sobre o significado desta ressurreição para a vida dos fiéis o Papa sublinou:
Diante do túmulo lacrado do amigo, Jesus "bradou com voz forte: " Lázaro, sai para fora!". O morto saiu, com os pés e as mãos enfaixados com ligaduras, e o rosto envolvido num sudário ". Este grito peremptório é dirigido a cada homem, porque todos nós somos marcados pela morte; é a voz d'Aquele que é o senhor da vida e quer que todos "a tenham em abundância". Cristo não se resigna aos túmulos que construímos para nós com as nossas opções do mal e da morte. Ele nos convida , quase nos ordena, a sair do túmulo em que os nossos pecados nos afundaram. Chama-nos com insistência para sairmos da escuridão da prisão em que nos fechamos, para nos contentarmos com uma vida falsa, egoísta, medíocre.
Ao grito do Senhor "Sai para fora!" – continuou o Papa - deixemo-nos, pois, agarrar por estas palavras que Jesus hoje repete a cada um de nós. Deixemo-nos libertar das “faixas” do orgulho. A nossa ressurreição começa daqui: quando decidimos obedecer à ordem de Jesus, vinde à luz, à vida; quando da nossa face caem as máscaras e reavemos a coragem da nossa face original, criada à imagem e semelhança de Deus.
O gesto de Jesus que ressuscita Lázaro mostra até onde pode chegar a força da graça de Deus, e portanto até onde pode chegar a nossa conversão, a nossa mudança. E a este ponto o Papa convidou aos presentes a repetirem com ele:
“não há nenhum limite para a misericórdia de Deus oferecida a todos!”, tendo concluído a dizer que o Senhor está sempre pronto a levantar a pedra tumbal dos nossos pecados, que nos separa dele, luz dos viventes.
Após o Angelus o Santo Padre anunciou que terá lugar amanhã em Ruanda a comemoração do XX aniversário do início do genocídio perpetrado contra os Tutsis em 1994, e disse:
Por esta ocasião, quero exprimir a minha paterna proximidade para o povo de Ruanda, encorajando-o a continuar com determinação e esperança, o processo de reconciliação que já manifestou os seus frutos, e o empenho de reconstrução humana e espiritual do País. A todos digo: Não tenhais medo! Sobre a rocha do Evangelho construí a vossa sociedade, no amor e na concórdia, porque só assim se cria uma paz duradoura! Invoco sobre toda a amada nação de Ruanda a materna protecção de Nossa Senhora de Kibeho.
E depois de recordar os Bispos de Ruanda que estiveram em Roma durante a semana passada para a visita “ad limina apostolorum” o Papa convidou aos presentes a rezar uma “Ave Maria” a Nossa Senhora de Kibeho pela nação e povo do Ruanda
Em seguida o Papa Francisco saudou a todos os peregrinos presentes, e em particular aos participantes ao Congresso do Movimento do Empenho Educativo da Axcção Católica Italiana, os fiéis de Madrid e Menorca, o grupo brasileiro “Fraternidade e tráfico humano” vários estudantes do Canadá, Austrália e Bélgica, assim como os meninos que receberam ou se preparam para receber o Crisma.
À população de Aquila, que sofreu um terrível terramoto há exactamente cinco anos, o Papa dirigiu palavras de conforto:
Passaram exactamente cinco anos após o terremoto que atingiu L'Aquila e o seu território. Neste momento, queremos unir-nos àquela comunidade que tanto sofreu, e que ainda sofre, luta e espera, com muita confiança em Deus e na Virgem Maria. Rezemos por todas as vítimas: para vivam para sempre na paz do Senhor. E rezemos pelo caminho de ressurreição do povo de L'Aquila: a solidariedade e o renascimento espiritual sejam a força da reconstrução material.
E Papa Francisco convidou também aos presentes a rezar pelas vítimas do vírus Ébola que surgiu na Guiné e nos Países limítrofes. O Senhor sustente os esforços para combater este inicio de epidemia e para garantir cuidados e assistência a todos os necessitados – disse.
E por último, o Papa anunciou a iniciativa da distribuição do livrinho do Evangelho de bolso aos presentes na Praça de S. Pedro:
Nos últimos Domingos, sugeri para cada qual procurar para si um pequeno evangelho para trazer consigo durante o dia e lê-lo muitas vezes. Depois pensei numa antiga tradição da Igreja, durante a Quaresma, de entregar o Evangelho aos catecúmenos, aqueles que se preparam para o baptismo. E assim hoje quero oferecer a vós que estais na Praça - mas como um sinal para todos - um Evangelho de bolso. Vos será distribuído gratuitamente. Levai-o, levai-o convosco para o lerdes todos os dias: é Jesus que vos fala!
E acrescentou:
De graça recebestes, de graça dai! Em troca deste presente, fazei um acto de caridade, um gesto de amor gratuito. Hoje pode-se ler o Evangelho também com muitas ferramentas tecnológicas. Pode-se trazer consigo toda a Bíblia num telefone celular, num tablet. O importante é ler a Palavra de Deus, com todos os meios, e acolhê-la com o coração aberto. E então a boa semente dá fruto!
E de todos se despediu com a habitual saudação: Bom Domingo e bom almoço.
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