(RV) O Papa Francisco recebeu, nesta quinta-feira (05/01), na Sala Paulo VI, no Vaticano, cerca de oitocentos participantes do encontro nacional promovido pela Pastoral Vocacional da Conferência Episcopal Italiana (CEI) sobre o tema “Levanta-te, vá e não tenhas medo”.
O Pontífice entregou o discurso preparado e falou espontaneamente,
convidando os jovens a não terem medo de se levantar e aceitar o convite
de Jesus que diz: Segui-me.
Francisco convidou os sacerdotes, consagrados e religiosas a abrirem
as portas de seus institutos aos jovens. “As portas se abrem com a
oração, a boa vontade e o risco. Arriscar-se com os jovens”, disse o
Santo Padre.
“Jesus nos disse que o primeiro método para obter vocações é a
oração, e nem todos são convencidos disso. Rezar pelas vocações. Com as
portas fechadas ninguém pode entrar para encontrar o Senhor. É preciso
abrir as portas para que eles possam entrar nas igrejas. Os bispos devem
procurar uma maneira de acompanhar a oração da comunidade”, sublinhou
Francisco.
O Papa chamou a atenção para o anúncio do Evangelho. Falou também
sobre a importância do acolhimento. “Para ter vocações é preciso acolher
os jovens.”
“Se queremos vocações devemos abrir as portas, rezar e nos sentar
para ouvir os jovens. Fazer o apostolado do ouvido. Ter paciência,
ouvir, fazer com que se sintam em casa, acolhidos. Muitas vezes eles
fazem molecagem: Graças a Deus! Porque não são velhos. É importante
perder tempo com os jovens.”
Segundo Francisco, o testemunho é outro elemento importante para a
Pastoral Vocacional. “É verdade que o jovem sente o chamado do Senhor,
mas o chamado é concreto, e na maioria das vezes é: Quero me tornar como
ele ou ela. Existem testemunhos que atraem os jovens. Os testemunhos
dos bons sacerdotes e das boas religiosas.”
A seguir, o resumo do discurso entregue pelo Papa aos participantes do encontro.
No discurso entregue aos participantes, o pontífice se congratula
pela realização desse encontro anual “onde se partilha a alegria da
fraternidade e a beleza de várias vocações”.
No texto, Francisco recorda a Assembleia sinodal de 2018 sobre o tema
‘Jovens, fé e discernimento vocacional’. “O sim total e generoso de uma
vida que se doa é semelhante a uma fonte de água, escondida por muito
tempo nas profundezas da terra, que espera para jorrar e escorrer num
fluxo de pureza e frescor. Os jovens hoje precisam de uma fonte de água
fresca para saciar a sede e prosseguir o seu caminho de descoberta. Os
jovens têm o desejo de uma grande vida. O encontro com Cristo, o
deixar-se atrair e guiar pelo seu amor amplia o horizonte da existência e
doa uma esperança sólida que não decepciona".
Segundo o Papa, o serviço de anúncio e acompanhamento vocacional
“requer paixão e gratuidade”. “A paixão do envolvimento pessoal, do
saber cuidar das vidas que lhes são entregues como um baú que possui um
tesouro precioso a ser preservado. A gratuidade de um serviço e
ministério na Igreja que exige respeito por aqueles que são seus
companheiros de caminhada. É o compromisso de buscar sua felicidade, e
isso vai além de suas preferências e expectativas.”
Confiança e esperança
Francisco cita as palavras do Papa Bento XVI: “Sejam semeadores de
confiança e esperança. É profundo o sentido de confusão em que muitas
vezes vive a juventude contemporânea. Não raro, as palavras humanas são
desprovidas de futuro e de perspectiva, despojadas também de sentido e
de sabedoria. [...] E no entanto, esta pode ser a hora de Deus”.
“Para ser críveis e entrar em sintonia com os jovens é preciso
privilegiar o caminho da escuta, do saber perder tempo em acolher as
suas perguntas e seus desejos.”
“A prioridade do anúncio vocacional não é a eficiência do que
fazemos, mas atenção privilegiada à vigilância e ao discernimento. É ter
um olhar capaz de ver o lado positivo nos eventos humanos e espirituais
que encontramos”, sublinha o Francisco.
Cultura vocacional
Segundo o Papa, “hoje é necessária uma Pastoral Vocacional de
horizontes amplos e com o espírito de comunhão, capaz de ler com coragem
a realidade assim como ela é, com suas fadigas e resistências,
reconhecendo os sinais de generosidade e beleza do coração humano. É
preciso levar novamente para dentro das comunidades cristãs uma nova
cultura vocacional”.
“Não se cansem de repetir: ‘eu sou uma missão’ e não simplesmente
‘tenho uma missão’. Estar em estado permanente de missão requer coragem,
audácia, criatividade e desejo de ir além.”
“Sintamo-nos impelidos pelo Espírito Santo a encontrar, com coragem,
novos caminhos de anúncio do Evangelho da vocação, para ser homens e
mulheres que, como sentinelas, sabem capturar os raios de luz de um novo
amanhecer, numa experiência renovada de fé e paixão pela Igreja e pelo
Reino de Deus.”
(MJ)
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