15 janeiro, 2017

Papa à Global Foundation: "quem descarta será também descartado"




(RV) “É inaceitável e desumano um sistema económico mundial que descarta homens, mulheres e crianças pelo facto que parecem ser ‘inúteis’ segundo os critérios de rentabilidade de empresas e outras organizações”: foi o que disse o Papa num discurso feito na manhã deste sábado (14/01), na Sala Clementina, ao receber uma delegação da ‘Mesa redonda’ de Roma da Global Foundation.

“Descartar as pessoas – acrescentou o Papa – constitui um retrocesso e uma desumanização de qualquer sistema político ou económico. Os que causam ou permitem o descarte de refugiados, o abuso ou a escravização de crianças, a morte de pobres nas ruas por frio e fome, se transformam em máquinas sem alma. Mais cedo ou mais tarde, eles também serão descartados... é um bumerangue; esta é a verdade, serão descartados quando não forem mais úteis a esta sociedade, que colocou no seu centro o deus-dinheiro”.

A ‘Mesa Redonda’ é um encontro que se está a realizar em Roma ao redor do tema da própria Fundação, “Juntos nos comprometemos com o bem comum global”. A Global Foundation foi criada na Austrália em 1998 e seu trabalho, sem fins lucrativos, é focado no serviço ao bem público de longo prazo e apoiado pelo sector privado e benfeitores.

Wojtyla e Madre Teresa já haviam entendido

Francisco recordou aos 85 convidados que em 1991, o Papa Wojtyla havia já compreendido “o risco que a ideologia capitalista se difundisse e que isto comportaria uma escassa consideração pelos fenómenos da marginalização, da exploração e da alienação humana, ignorando as multidões que ainda vivem em condições de miséria material e moral e confiando numa solução ligada exclusivamente ao desenvolvimento das forças do mercado”.

“Infelizmente, os riscos anunciados por São João Paulo II se concretizaram. Entretanto, indivíduos e instituições foram desenvolvendo múltiplos esforços para recuperar os prejuízos de uma globalização irresponsável. A Santa Madre Teresa de Calcutá é um símbolo e um ícone dos nossos tempos e de certa forma, representa e resume estes esforços”.

“Que a compaixão – concluiu o Papa – ajude os líderes económicos e políticos a usarem a sua inteligência e os seus recursos não apenas para controlar e monitorar os efeitos da globalização, mas também para ajudar os responsáveis nos vários campos políticos a corrigirem o seu rumo sempre que for necessário. A política e a economia, de facto, devem compreender o exercício da virtude da prudência”. (BS/CM)

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