(RV) “É inaceitável e desumano um sistema
económico mundial que descarta homens, mulheres e crianças pelo facto
que parecem ser ‘inúteis’ segundo os critérios de rentabilidade de
empresas e outras organizações”: foi o que disse o Papa num discurso
feito na manhã deste sábado (14/01), na Sala Clementina, ao receber uma
delegação da ‘Mesa redonda’ de Roma da Global Foundation.
“Descartar as pessoas – acrescentou o Papa – constitui um retrocesso e
uma desumanização de qualquer sistema político ou económico. Os que
causam ou permitem o descarte de refugiados, o abuso ou a escravização
de crianças, a morte de pobres nas ruas por frio e fome, se transformam
em máquinas sem alma. Mais cedo ou mais tarde, eles também serão
descartados... é um bumerangue; esta é a verdade, serão descartados
quando não forem mais úteis a esta sociedade, que colocou no seu centro o
deus-dinheiro”.
A ‘Mesa Redonda’ é um encontro que se está a realizar em Roma ao
redor do tema da própria Fundação, “Juntos nos comprometemos com o bem
comum global”. A Global Foundation foi criada na Austrália em 1998 e seu
trabalho, sem fins lucrativos, é focado no serviço ao bem público de
longo prazo e apoiado pelo sector privado e benfeitores.
Wojtyla e Madre Teresa já haviam entendido
Francisco recordou aos 85 convidados que em 1991, o Papa Wojtyla
havia já compreendido “o risco que a ideologia capitalista se difundisse
e que isto comportaria uma escassa consideração pelos fenómenos da
marginalização, da exploração e da alienação humana, ignorando as
multidões que ainda vivem em condições de miséria material e moral e
confiando numa solução ligada exclusivamente ao desenvolvimento das
forças do mercado”.
“Infelizmente, os riscos anunciados por São João Paulo II se
concretizaram. Entretanto, indivíduos e instituições foram desenvolvendo
múltiplos esforços para recuperar os prejuízos de uma globalização
irresponsável. A Santa Madre Teresa de Calcutá é um símbolo e um ícone
dos nossos tempos e de certa forma, representa e resume estes esforços”.
“Que a compaixão – concluiu o Papa – ajude os líderes económicos e
políticos a usarem a sua inteligência e os seus recursos não apenas para
controlar e monitorar os efeitos da globalização, mas também para
ajudar os responsáveis nos vários campos políticos a corrigirem o seu
rumo sempre que for necessário. A política e a economia, de facto, devem
compreender o exercício da virtude da prudência”. (BS/CM)
Sem comentários:
Enviar um comentário