25 janeiro, 2017

Papa: dinheiro da máfia é dinheiro ensanguentado

 


(RV) Corrupção e violência: estes foram os temas do discurso do Papa Francisco aos membros da Direção Nacional italiana contra a Máfia e o Terrorismo.



Organizações como a camorra e ‘ndrangheta, disse o Papa, exploram carências económicas, sociais e políticas para realizar os seus “projetos deploráveis”, “manchados de sangue humano”. Além da máfia, também é competência da Direção o combate ao terrorismo, que está a assumir sempre mais um “aspecto cosmopolita e devastador”.


 
Francisco ampliou o seu olhar para além da realidade local, para dizer que “a sociedade necessita de ser curada da corrupção, das extorsões, do tráfico ilícito de entorpecentes e de armas e do tráfico de seres humanos, entre os quais muitas crianças reduzidas a regime de escravidão. São autênticas chagas sociais e, ao mesmo tempo, desafios globais que a coletividade internacional é chamada a enfrentar com determinação”.

O Pontífice pediu um esforço especial para combater o tráfico de pessoas e o contrabando de migrantes: “Estes são crimes gravíssimos que atingem os mais fracos entre os fracos!”. Francisco solicitou o incremento das atividades de proteção das vítimas, prevendo assistência legal e social. “Quem foge de seu país por causa de guerra, violência e perseguição tem o direito de encontrar um acolhimento adequado e proteção idónea nos países que se definem civis.
Falando da máfia, o Papa considera-a uma “expressão de uma cultura de morte”, que deve ser hostilizada e combatida sobretudo através da prevenção. Neste contexto, famílias, escolas, comunidades cristãs e realidades desportivas e culturais são chamadas a favorecer uma consciência de moralidade e de legalidade. “Trata-se de, partir das consciências para recuperar os propósitos, as escolhas, as atitudes dos cidadãos de modo que o tecido social se abra à esperança de um mundo melhor.”

A máfia – prosseguiu – “opõe-se radicalmente à fé e ao Evangelho, que são sempre a favor da vida”. Francisco enalteceu o trabalho de inúmeras paróquias e associações católicas que combatem o fenómeno mafioso através da promoção individual, cultural e social – um modo de a Igreja manifestar a sua proximidade a quem vive situações dramáticas e necessitam de ajuda para sair da espiral de violência.

Por fim, o Papa encorajou quem se esforça para combater a máfia e o terrorismo – um trabalho que comporta arriscar a própria vida e que requer um suplemento de “paixão, de sentido de dever e força de ânimo” – e pediu a Deus que toque no coração dos mafiosos, “para que parem de fazer o mal, convertam-se e mudem de vida”. “O dinheiro dos negócios sujos e dos delitos mafiosos é dinheiro ensanguentado e produz um poder iníquo. Todos sabemos que o diabo entra a partir do bolso: esta é a primeira corrupção”.

Sem comentários:

Enviar um comentário