(RV) O
Papa Francisco realizou na manhã desta quarta-feira, dia 11 de Janeiro,
às 9,45 horas de Roma, a habitual audiência geral na Aula Paulo VI,
repleta de fiéis e peregrinos vindos de todas as partes da Itália e do
mundo para assistir a catequese do Papa. Tema da reflexão catequética do
Papa hoje é a esperança que nos advém do Advento e do Natal: um período
do ano litúrgico, disse o Papa, que desperta no povo de Deus o desejo
da esperança. A esperança, sublinhou Francisco, é uma necessidade
primária do homem: ter espença no futuro, acreditar na vida, enfim,
“pensar positivo”.
Mas é importante que essa esperança seja radicada em algo que nos
possa ajudar a viver e a dar um sentido à nossa existência. É por isso
que a Sagrada Escritura nos adverte contra as falsas esperanças que o
mundo nos apresenta, revelando a sua inutilidade e insensatez. E o faz
de diversos modos, mas sobretudo denunciando a falsidade dos ídolos nos
quais o homem está continuamente tentado de depositar a sua confiança,
transformando-os em objectos da sua esperança.
Certo que a fé, observa o Papa, é confiar no Senhor. Entretanto
chegam sempre os momentos em que, enfrentando dificuldades objectivas da
vida, o homem experimenta a fragilidade da sua esperança e sente então a
necessidade de adquirir outras formas de certezas, de segurança
tangíveis, concretas. É neste preciso momento que somos tentados a
procurar consolações também efémeras, que parecem preencher o vazio da
solidão que experimentamos. Mas sobretudo, pensamos poder encontrar a
certeza na segurança que nos pode garantir o dinheiro, nas alianças que
estabelecemos com os potentes do mundo, na mundanidade, nas falsas
ideologias.
Ora, sublinhou o Santo Padre, os profetas, os salmos da Sagrada
Escritura, recordam-nos que todas essas certezas são apenas falsos
ídolos. E não se trata apenas de imagens feitas de metal ou de barro,
mas também imagens construídas na nossa mente, quando confiamos em
realidades limitadas que transformamos em absolutos ou quando reduzimos
Deus aos nossos esquemas e ideias de divindade: um deus à nossa medida,
que possa servir as nossas exigências e intervir magicamente para mudar a
realidade e torná-la como a queremos nós. Neste caso o homem, feito à
imagem de Deus, fabrica um deus à sua própria imagem e uma imagem mal
conseguida, pois não ouve, não age e sobretudo não pode falar.
À esperança no Senhor da vida, que, com a sua Palavra, criou o mundo e
conduz a nossa existência, contrapomos a confiança em imagens mudas. As
ideologias com a sua pretensão de absoluto, as riquezas, o poder e o
sucesso, com a sua ilusão de eternidade e omnipotência, valores como a
beleza física e a saúde vistos como ídolos aos quais tudo se sacrifica:
tudo isso são realidades que confundem a mente e o coração e, em vez de
favorecer a vida, conduzem à morte.
Ora, a mensagem do Salmo, disse Francisco, é muito clara: se
colocamos a nossa esperança em tais ídolos, ficamos como eles: imagens
vazias, com mãos que não apalpam, pés que não caminham, bocas que não
podem falar. Não temos nada para dizer, tornamo-nos incapazes de ajudar,
melhorar a vida, sorrir, dar-se.
Eis a estupenda realidade da esperança: confiando no Senhor,
depositando a nossa esperança no Senhor, tornamo-nos como Ele, a sua
bênção nos transforma em filhos que partilham a sua vida. A esperança em
Deus nos faz entrar, por assim dizer, nos raios de acção da sua
recordação, da sua memória que nos abençoa e nos salva. E então pode
brotar o aleluia, o louvor ao Deus vivo e verdadeiro, que para nós
nasceu da Virgem Maria, morreu na cruz e ressuscitou na glória.
Como em todas as audiências gerais das quartas-feiras, também hoje
não faltou a saudação especial do Papa aos numerosos fiéis e peregrinos
de língua oficial portuguesa, presentes na Aula Paulo VI: “Amados
peregrinos de língua portuguesa, cordiais saudações para todos vós, de
modo especial para os membros do Grupo de Cavaquinhos de Passos de
Silgueiros. Sobre os vossos passos, invoco a graça do encontro com Deus:
Jesus Cristo é a Tenda divina no meio de nós. Ide até Ele, vivei na sua
amizade e tereis a vida eterna. Sobre vós e vossas famílias desça a
Bênção de Deus!
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