(RV) Deus nos livre do pecado que nos paralisa
como cristãos: a cobardia, o medo de tudo, que nos faz não ter memória,
esperança, coragem e paciência – foi o que disse, em síntese, o Papa
durante a Missa na manhã desta sexta-feira (27/01), na Casa Santa Marta.
A Carta aos Hebreus proposta pela liturgia do dia – afirmou o Papa –
exorta a viver a vida cristã com três pontos de referência: o passado, o
presente e o futuro. Antes de tudo, nos convida a fazer memória, porque
“a vida cristã não começa hoje: continua hoje”. Fazer memória é
“recordar tudo”: as coisas boas e menos boas, é colocar a minha história
“diante de Deus”, sem cobri-la ou escondê-la:
“Irmãos, evoquem na memória aqueles primeiros dias’: os dias do
entusiasmo, de ir avante na fé, quando se começou a viver a fé, as
tribulações sofridas … Não se entende a vida cristã, inclusive a vida
espiritual de todos os dias, sem memória. Não somente não se entende:
não se pode viver de modo cristão sem memória. A memória da salvação de
Deus na minha vida, a memória dos problemas na minha vida; mas como o
Senhor me salvou desses problemas? A memoria é uma graça: uma graça a
ser pedida. ‘Senhor, que não esqueça o teu passo na minha vida, que não
esqueça os bons momentos, inclusive os maus; as alegrias e as cruzes’.
Mas o cristão é um homem de memória”.
Depois, o autor da Carta nos faz entender que “estamos em caminho a
espera de algo”, a espera de “chegar a um ponto: um encontro; encontro o
Senhor”. “E nos exorta a viver por fé”:
“A esperança: olhar para o futuro. Assim como não se pode viver uma
vida cristã sem a memória dos passos feitos, não se pode viver uma vida
cristã sem olhar para o futuro com esperança... para o encontro com o
Senhor. E ele diz uma bela frase: ‘Ainda bem pouco …’. Eh, a vida é um
sopro, eh? Passa. Quando se é jovem, se pensa que temos tanto tempo pela
frente, mas depois a vida nos ensina que aquela frase que todos
dizemos: ‘Mas como passa o tempo! Eu o conheci quando era criança, e
agora está casando! Como passa o tempo!’. Logo chega. Mas a esperança de
encontrá-lo é uma vida em tensão, entre a memória e a esperança, o
passado e o futuro”.
Por fim, a Carta convida a viver o presente, “muitas vezes doloroso e
triste”, com “coragem e paciência”: isto é, com franqueza, sem
vergonha, e suportando as vicissitudes da vida. Somos pecadores –
explicou o Papa – “todos somos. Quem antes e quem depois… se quiserem,
podemos fazer a lista depois, mas todos somos pecadores. Todos. Mas
prossigamos com coragem e com paciência. Não fiquemos ali, parados,
porque isso não nos fará crescer”. Por fim, o autor da Carta aos Hebreus
exorta a não cometer o pecado que não nos deixa ter memória, esperança,
coragem e paciência: a cobardia. “É um pecado que não deixa ir para
frente por medo”, enquanto Jesus diz: “Não tenham medo”. Cobardes são
“os que vão sempre para trás, que protegem demasiado a si mesmos, que
têm medo de tudo”:
“‘Não arrisque, por favor, não…prudência…’ Os mandamentos todos,
todos… Sim, é verdade, mas isso também paralisa, faz esquecer as muitas
graças recebidas, tira a memória, tira a esperança porque não deixa ir. E
o presente de um cristão, de uma cristã assim é como quando alguém está
na rua e começa a chover de repente e o vestido não é bom e o tecido
encurta... Almas pequenas … esta é a cobardia: este é o pecado contra a
memória, a coragem, a paciência e a esperança. Que o Senhor nos faça
crescer na memória, nos faça crescer na esperança, nos dê todos os dias
coragem e paciência e nos liberte daquilo que é a cobardia, ter medo de
tudo... Almas pequenas para preservar-se. E Jesus diz: ‘Quem quer
preservar a própria vida, a perde’”.
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