(RV) Não podemos ensinar a Deus o que deve fazer
mas, sem resignação, devemos confiar nele que sabe tirar mesmo da morte a
vida – disse o Papa na sua catequese durante a audiência geral. No
centro da sua reflexão a figura bíblica de Judite.
Cerca de 7 mil pessoas participaram do encontro semanal com o Papa nesta quarta-feira (25/01) na Sala Paulo VI.
Após saudar os participantes, Francisco deu início à audiência com
uma catequese sobre Judite, a grande heroína de Israel que encorajou os
chefes e o povo de Betúlia a esperarem incondicionalmente no Senhor e
assim fazendo, libertou a cidade da morte.
A narração conta que o exército de Nabucodonosor, comandado pelo
general Holofernes, assediou Betúlia cortando o fornecimento de água e
enfraquecendo assim a resistência da população. A situação ficou
dramática ao ponto que os moradores pedem aos anciãos que se rendam aos
inimigos. O fim é inevitável, a capacidade de confiar em Deus exaurida, e
para fugir da morte, não resta que se entregar.
O Pontífice continuou o relato:
“Diante de tanto desespero, os chefes do povo propõem-lhe esperar
ainda cinco dias, para ver se Deus os socorreria. É aqui que entra
Judite: ‘Agora, colocais o Senhor todo-poderoso à prova! Mesmo que Ele
não queira enviar-nos auxílio durante estes cinco dias, tem poder para
nos proteger dos nossos inimigos, em qualquer outro momento que seja do
seu agrado. Esperemos pela sua libertação!’”
Francisco ressaltou a figura de Judite naquela situação e revelou aos presentes:
“Esta mulher, viúva, arrisca até fazer um papelão diante dos
outros... mas é corajosa, vai adiante. Esta é uma minha opinião pessoal:
as mulheres são mais corajosas que os homens”.
Com a força de um profeta, aquela mulher convida a sua gente a manter
viva a esperança no Senhor. E aquela esperança foi premiada: Deus
salvou Betúlia pela mão de Judite. A este ponto, o Papa reflectiu e
pediu aos fiéis:
“Com ela, aprendamos a não impor condições a Deus. Confiar Nele
significa entrar nos seus desígnios sem nada pretender, aceitando
inclusivamente que a sua salvação e o seu auxílio nos cheguem de modo
diferente de nossas expectativas. Nós pedimos ao Senhor vida, saúde,
amizade, felicidade… E é justo que o façamos; mas na certeza que Deus
sabe tirar vida até da morte, que se pode sentir paz mesmo na doença,
serenidade mesmo na solidão e felicidade mesmo no pranto. Não podemos
ensinar a Deus aquilo que Ele deve fazer, nem aquilo de que temos
necessidade. Ele sabe isso melhor do que nós; devemos confiar, porque os
seus caminhos e os seus pensamentos são diferentes dos nossos.
E outra vez, antes de concluir, o Papa mencionou o papel das mulheres e avós:
“Quantas vezes ouvimos palavras corajosas de mulheres humildes... que
pensamos, sem desprezá-las, que são ignorantes... mas são as palavras
da sabedoria de Deus, as palavras das avós que tantas vezes sabem dizer a
coisa certa... palavras de esperança. Elas têm experiência de vida,
sofreram tanto. Confiaram em Deus, que lhes deu este dom”.
“Esta é a oração da sabedoria, da confiança e da esperança”, terminou o Papa, concedendo em seguida a bênção apostólica.
(BS/CM)
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