(RV) Na sua mensagem para o Dia Mundial das
Comunicações Sociais que se celebra hoje, o Papa Francisco convida a
comunicar a esperança e a confiança, no nosso tempo. Não devemos ter
medo, pois que Deus está connosco, como anuncia o profeta Isaías.
O progresso tecnológico torna instantânea a possibilidade de captar e
difundir notícias de forma capilar, muitas vezes misturando as boas e
as más, o trigo e o joio.
Cabe aos comunicadores decidir o material que querem fornecer à
mente e humana. A todos Francisco exorta a oferecer uma comunicação
construtiva que, rejeitando os preconceitos contra o outro, promova uma
cultura do encontro por meio da qual se possa aprender a olhar, com
confiança, a realidade.
Francisco considera que há necessidade de romper o círculo vicioso da
angústia e deter a espiral do medo, resultante do hábito de se fixar a
atenção nas «notícias más» (guerras, terrorismo, escândalos e todo o
tipo de falimento nas vicissitudes humanas).
Recorda que, se por um lado não podemos ignorar o drama do
sofrimento, por outro não podemos cair num optimismo ingénuo, ou na
apatia do medo de que não seja possível vencer o mal. Não se pode também
espectacular o mal ao ponto de anestesiar as consciências ou levar a
cair no desespero.
Francisco diz querer contribuir para a busca dum estilo de
comunicação aberta e criativa, que não faça do mal o grande
protagonista, mas proponha soluções, ofereça uma abordagem propositiva e
responsável às pessoas a quem se comunica a notícia. Enfim, entrar num
lógica da “boa notícia”, muitas vezes deixada para trás, porque se diz
que não atrai. Até porque a vida é uma história a ser contada e há que
encontrar a lente justa para a interpretar, ponde em realce os elementos
mais importantes a ser contados, porque “a realidade não tem um
significado unívoco”.
Então, quais são as lentas certas? “Para nós, cristãos, os óculos
adequados para decifrar a realidade só podem ser os da boa notícia:
partir da Boa Notícia por excelência, ou seja, o «Evangelho de Jesus
Cristo, Filho de Deus». A boa notícia é o próprio Jesus. E é boa não
porque nela não se encontra o sofrimento, mas porque o próprio
sofrimento é vivido como parte integrante do seu amor ao Pai e à
humanidade.
Em Cristo, Deus fez-Se solidário com toda a situação humana,
revelando-nos que não estamos sozinhos, porque temos um Pai que nunca
pode esquecer os seus filhos. «Não tenhas medo, que Eu estou contigo» é a
palavra consoladora de um Deus desde sempre envolvido na história do
seu povo e que assume as suas fraquezas, dando lugar à esperança.
Trata-se duma esperança que não decepciona, porque o amor de Deus foi
derramado nos nossos corações e faz germinar a vida nova. Visto sob
esta luz, qualquer novo drama que aconteça na história do mundo torna-se
cenário possível também duma boa notícia – escreve o Papa na sua
mensagem.
Jesus morreu e ressuscitou para que tivéssemos as lentes adequadas
para nos aproximarmos da lógica do amor da misericordiosa que deixa, ao
ouvinte, o «espaço» de liberdade para a acolher e aplicar também a si
mesmo.
Através «da força do Espírito Santo», podemos ser «testemunhas» e
comunicadores duma humanidade nova, redimida, «até aos confins da
terra”. A confiança na semente do Reino de Deus e na lógica da Páscoa
não pode deixar de moldar também o nosso modo de comunicar. A esperança é
a mais humilde das virtudes, porque permanece escondida nas pregas da
vida, mas é semelhante ao fermento que faz levedar toda a massa.
O Papa termina convidando a alimentar a esperança com a leitura da Boa Notícia.
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