(RV) Domingo
22 de Janeiro. Na sua reflexão antes da oração do ângelus da janela do
Palácio Apostólico, o Papa Francisco falou da passagem do Evangelho que
narra o início da pregação de Jesus na Galileia. Jesus deixa a aldeia
montanhosa de Nazaré e estabelece-se em Cafarnaum, importante centro
urbano nas margens do Lago, habitado essencialmente por pagãos e ponto
de encruzamento entre o Mediterrâneo e a Mesopotâmia. A “Galileia das
gentes” como era chamada.
Vista de Jerusalém a Galileia era considerada uma periferia,
religiosamente impura. Dela não se esperavam grandes coisas para a
história da salvação. Mas paradoxalmente, precisamente dali, da
periferia, veio a luz de Cristo.
O Papa continuou dizendo que a mensagem de Jesus anuncia o Reino de
Deus que não comporta a instauração de um novo poder político, mas a
concretização da aliança entre Deus e o seu povo que dará inicio a uma
estação de paz e justiça. Uma aliança que requer a conversão de cada um
transformando o próprio modo de pensar e de viver - a transformação do
pensamento e dos costumes - insistiu Francisco, dizendo que a diferença
entre Jesus e o profeta João Baptista - que nos foi apresentado nos
domingos anteriores - está no estilo e o no método.
“Jesus opta por ser profeta itinerante. Não fica à espera das
pessoas, mas vai ao seu encontro. As suas primeiras saídas
missionárias dão-se ao longo das margens do lago da Galileia, em
contacto com a multidão, de modo particular os pescadores”.
Ali Jesus proclama a vinda do Reino de Deus e procura companheiros
para a sua missão de salvação. Ali encontra dois pares de irmãos: Simão e
André, Tiago e João. Convida-os a segui-lo, pois que “os fará
pescadores de homens”
A chamada – sublinhou Francisco chega enquanto estão em plena actividade quotidiana, porque “o Senhor se revela a nós não de forma extraordinária ou estrondosa, mas na quotidianidade da nossa vida”.
É ali que devemos encontrar o Senhor, dialogar com Ele na nossa
quotidianidade e mudar a nossa vida – acrescentou, fazendo notar que a
resposta dos quatro pescadores foi imediata e sem hesitação: abandonaram
as redes e seguiram Jesus.
Assim, nas margens do lago, numa terra impensável, nasceu a primeira
comunidade de discípulos de Cristo. E nós cristãos, temos hoje a
alegria de proclamar e dar testemunho da nossa fé, graças àquele
primeiro anúncio e àqueles homens humildes e corajosos que responderam
generosamente à chamada de Jesus – disse o Papa, com este desejo:
“A consciência destes inícios suscite em nós o desejo de
levar a palavra, o amor, a ternura de Jesus a todos os contextos, mesmo
nas mais impérvias e refractárias. Levar a palavra a todas as
periferias. Todos os espaços da vida humana são terrenos onde deitar a
semente do Evangelho, a fim de que dê frutos de salvação”.
E terminou pedindo a Nossa Senhora que nos ajude, com a sua materna
intercepção, a responder, com alegria, à chamada de Jesus a pormo-nos ao
serviço do Reino de Deus.
**
Depois da oração das Ave Marias, o Papa recordou que estamos a viver a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos que este ano tem por tema um breve extracto da Carta de São Paulo aos Coríntios: “O amor de Cristo nos leva à reconciliação”.
Francisco anunciou que quarta-feira próxima, em conclusão da Semana de
Oração, haverá uma celebração das Vésperas na Basílica de São Paulo
Fora de Muros em Roma, com a participarão de todos os irmãos e irmãs das
outras Igrejas e comunidades cristãs presentes em Roma. E convidou a
rezar para que se concretize o desejo de Cristo “Que todos sejam um”.
*
O Papa exprimiu mais uma vez a sua proximidade em relação às
populações da Itália central, afectadas nos dias passados por mais um
terramoto e por fortes caídas de neve, o que as submeteu mais uma vez a
uma dura provação.
“Estou próximo com a oração e com o afecto às famílias que
tiveram vítimas entre os seus entes queridos. Encorajo aqueles que estão
empenhados, com grande generosidade, nas obras de socorro e de
assistência, assim como as igrejas locais que fazem de tudo para aliviar
os sofrimentos e as dificuldades. Muito obrigada por esta proximidade e
pelo vosso trabalho”.
E Francisco convidou a rezar uma Ave Maria pelas vítimas e pelos socorristas.
O Papa recordou também que no Extremo Oriente, milhões de homens e mulheres se preparam para festejar no próximo dia 28 deste mês, a festa do fim do Ano Lunar.
Enviou saudações e votos de que a alegria do amor possa difundir-se no
seio de cada família e dali a toda a sociedade, esperando que haja
respeito uns pelos outros, comunicação e o cuidar-se uns dos outros
desinteressadamente.
Francisco concluiu o sua alocução dominical, saudando todos os fieis e
peregrino reunidos na Praça de São Pedro para ouvir as suas palavras,
referindo-se de modo particular a um grupo de meninas do Panamá [onde se
vai realizar a próxima JMJ] e à União Católica de Professores,
Dirigentes, Educadores e Formadores que estão a realizar o seus 25º
Congresso, desejando que façam sempre um bom trabalho, sempre em colaboração com as famílias.
No final, despediu-se pedindo orações para ele.
(DA)
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