15 novembro, 2016

Papa à Cop22: urgente resposta colectiva responsável pela casa comum




(RV) O Papa Francisco enviou, nesta terça-feira (15/11), uma mensagem aos participantes da 22ª sessão da Conferência das Partes da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas (Cop 22), em andamento até o próximo dia 18, em Marráquexe, no Marrocos.

A nota foi enviada ao Ministro das Relações Exteriores e da Cooperação do Reino do Marrocos, Salaheddine Mezouar, Presidente dessa reunião sobre o clima.

Degradação ambiental

“A situação actual de degradação ambiental, fortemente ligada à degradação humana, ética e social que, infelizmente, vivemos todos os dias, interpela a todos nós, cada um com suas funções e competências, e nos reúne aqui com um renovado sentido de consciência e responsabilidade”, frisa o Papa na mensagem.

O Reino do Marrocos acolhe a Cop 22 poucos dias depois da entrada em vigor do Acordo de Paris, adoptado menos de um ano atrás. “A sua adopção é uma forte tomada de consciência. Diante de temáticas complexas como as mudanças climáticas é necessário dar uma resposta colectiva responsável a fim de realmente colaborar na construção da nossa casa comum”, sublinha ainda o pontífice.

Tecnologia

Por outro lado, “a rápida entrada em vigor do acordo reforça a convicção de que podemos e devemos veicular a nossa inteligência para encaminhar a tecnologia, cultivar e limitar o nosso poder, e colocá-los “ao serviço de um outro tipo de progresso, mais saudável, mais humano, mais social, mais integral”, capaz de pôr a economia ao serviço da pessoa humana, construir a paz e a justiça, e salvaguardar o ambiente”.

O Acordo de Paris traçou um percurso claro que toda a comunidade internacional é chamada a se comprometer. “A Cop 22 é uma etapa central deste percurso que incide sobre toda a humanidade, em particular sobre os mais pobres e nas gerações futuras que são a componente mais vulnerável do impacto preocupante das mudanças climáticas e nos lembra a responsabilidade ética e moral de agir sem demora, de forma livre de pressões políticas e económicas, superando interesses e comportamentos particularistas.”

Solidariedade

“Uma das contribuições do Acordo de Paris é incentivar a promoção de estratégias de desenvolvimento nacional e internacional baseadas numa qualidade ambiental que podemos definir como solidária”, observa o Papa. O acordo incentiva “a solidariedade para com as populações mais vulneráveis e se baseia nas fortes ligações existentes entre a luta contra as mudanças climáticas e a pobreza. Embora sejam muitos os elementos técnicos chamados em causa nesse âmbito, estamos conscientes de que não se pode limitar tudo à dimensão económica e tecnológica: as soluções técnicas são necessárias mas não suficientes; é essencial e necessário considerar atentamente os aspectos éticos e sociais do novo paradigma de desenvolvimento e progresso”.

Francisco destaca na mensagem dois campos fundamentais: o da educação e da promoção de estilos de vida capazes de favorecer modelos de produção e consumo sustentáveis. Recorda a necessidade de crescimento da consciência responsável para com a nossa casa comum. “A esta tarefa são chamados a dar sua contribuição todos os Estados, a sociedade civil, o sector privado, o mundo cientifico, as instituições financeiras, as autoridades de cada país, comunidades locais e populações indígenas.”

Cultura do cuidado

O Papa faz votos de que os trabalhos da Conferência de Marráquexe incentivem as pessoas a promoverem seriamente a “cultura do cuidado que permeie toda a sociedade”, o cuidado da criação, mas também do próximo, vizinho ou distante no espaço e no tempo.

“O estilo de vida baseado na cultura do descarte é insustentável e não deve ter espaço em nossos modelos de desenvolvimento e educação. Este é um desafio educacional e cultural que deve responder também ao processo de implementação do Acordo de Paris”, conclui Francisco.

(BS/MJ)

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