(RV) O Papa Francisco enviou, nesta terça-feira
(15/11), uma mensagem aos participantes da 22ª sessão da Conferência das
Partes da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas (Cop 22),
em andamento até o próximo dia 18, em Marráquexe, no Marrocos.
A nota foi enviada ao Ministro das Relações Exteriores e da
Cooperação do Reino do Marrocos, Salaheddine Mezouar, Presidente dessa
reunião sobre o clima.
Degradação ambiental
“A situação actual de degradação ambiental, fortemente ligada à
degradação humana, ética e social que, infelizmente, vivemos todos os
dias, interpela a todos nós, cada um com suas funções e competências, e
nos reúne aqui com um renovado sentido de consciência e
responsabilidade”, frisa o Papa na mensagem.
O Reino do Marrocos acolhe a Cop 22 poucos dias depois da entrada em
vigor do Acordo de Paris, adoptado menos de um ano atrás. “A sua adopção
é uma forte tomada de consciência. Diante de temáticas complexas como
as mudanças climáticas é necessário dar uma resposta colectiva
responsável a fim de realmente colaborar na construção da nossa casa
comum”, sublinha ainda o pontífice.
Tecnologia
Por outro lado, “a rápida entrada em vigor do acordo reforça a
convicção de que podemos e devemos veicular a nossa inteligência para
encaminhar a tecnologia, cultivar e limitar o nosso poder, e colocá-los
“ao serviço de um outro tipo de progresso, mais saudável, mais humano,
mais social, mais integral”, capaz de pôr a economia ao serviço da
pessoa humana, construir a paz e a justiça, e salvaguardar o ambiente”.
O Acordo de Paris traçou um percurso claro que toda a comunidade
internacional é chamada a se comprometer. “A Cop 22 é uma etapa central
deste percurso que incide sobre toda a humanidade, em particular sobre
os mais pobres e nas gerações futuras que são a componente mais
vulnerável do impacto preocupante das mudanças climáticas e nos lembra a
responsabilidade ética e moral de agir sem demora, de forma livre de
pressões políticas e económicas, superando interesses e comportamentos
particularistas.”
Solidariedade
“Uma das contribuições do Acordo de Paris é incentivar a promoção de
estratégias de desenvolvimento nacional e internacional baseadas numa
qualidade ambiental que podemos definir como solidária”, observa o Papa.
O acordo incentiva “a solidariedade para com as populações mais
vulneráveis e se baseia nas fortes ligações existentes entre a luta
contra as mudanças climáticas e a pobreza. Embora sejam muitos os
elementos técnicos chamados em causa nesse âmbito, estamos conscientes
de que não se pode limitar tudo à dimensão económica e tecnológica: as
soluções técnicas são necessárias mas não suficientes; é essencial e
necessário considerar atentamente os aspectos éticos e sociais do novo
paradigma de desenvolvimento e progresso”.
Francisco destaca na mensagem dois campos fundamentais: o da educação
e da promoção de estilos de vida capazes de favorecer modelos de
produção e consumo sustentáveis. Recorda a necessidade de crescimento da
consciência responsável para com a nossa casa comum. “A esta tarefa são
chamados a dar sua contribuição todos os Estados, a sociedade civil, o
sector privado, o mundo cientifico, as instituições financeiras, as
autoridades de cada país, comunidades locais e populações indígenas.”
Cultura do cuidado
O Papa faz votos de que os trabalhos da Conferência de Marráquexe
incentivem as pessoas a promoverem seriamente a “cultura do cuidado que
permeie toda a sociedade”, o cuidado da criação, mas também do próximo,
vizinho ou distante no espaço e no tempo.
“O estilo de vida baseado na cultura do descarte é insustentável e
não deve ter espaço em nossos modelos de desenvolvimento e educação.
Este é um desafio educacional e cultural que deve responder também ao
processo de implementação do Acordo de Paris”, conclui Francisco.
(BS/MJ)
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