(RV) Após a
visita do Papa à Suécia, a Lund, naquela que foi a 17ª viagem apostólica
internacional do pontificado de Francisco, o Diretor de Programas da
Rádio Vaticano, o padre Andrzej Majewski, fez uma reflexão sobre a
comemoração conjunta luterano-católico dos 500 anos da Reforma. A
reportagem é do nosso colega do programa italiano Roberto Piermarini.
Nesta entrevista o padre Andrzej Majewski começou por referir dois
elementos importantes na celebração na Catedral de Lund, festa e
penitência:
“A presença do Papa certamente influenciou o estilo das celebrações
em Lund e Malmö. Não apenas festa, mas também penitência, sobretudo a
liturgia na Catedral de Lund que se caracterizou por esses dois
elementos: festa e penitência; mas festa e penitência celebradas juntas.
Festa, porque também a Igreja Católica reconheceu os dons de Lutero
para todos, como, por exemplo, a valorização grande da Sagrada
Escritura, também através de traduções em várias línguas. Pode-se dizer
que Lutero colocou a Bíblia nas mãos das pessoas. Penitência pela dor da
desunião e pela vergonha por séculos de conflitos, acusações, e às
vezes, também atos violentos que não tinham nada a ver com o espírito do
Evangelho. Mas há também um terceiro elemento: o testemunho comum que
foi a última palavra proferida por luteranos e católicos juntos,
sobretudo durante o encontro ecuménico na Arena de Malmö. Tanto
católicos como luteranos dão um testemunho concreto de fé, trabalhando a
favor das populações da Síria, Burundi, Sudão do Sul, Colômbia e Índia.
Citei alguns países que foram evidenciados no encontro. A Igreja
procura dar uma resposta comum às perguntas, medos e anseios do mundo
globalizado, envolvendo todos os fiéis.”
“Alguns momentos ficaram impressos na minha memória. O primeiro é a
oração do Pai Nosso na Catedral de Lund, proferida ao mesmo tempo, cada
um na sua própria língua. Não se entendiam as palavras, mas havia a
sensação de que realmente estavam a rezar juntos. Depois, algumas partes
da homilia do secretário da Federação Luterana Mundial, que manifestou o
desejo ainda tímido de poderem um dia celebrar juntos a Eucaristia.
Outra coisa que chamou a minha atenção foi a presença de muitas pessoas
ao longo das estradas por onde o Papa passou. Na Arena de Malmö, onde se
reuniram muitos jovens luteranos, ouviam-se frases como “Viva o Papa”,
Viva o Papa Francisco”... A espontaneidade dessas vozes fez-me pensar
que talvez está a chegar uma nova geração que já não se sente
sobrecarregada pelas incompreensões e reservas do passado.”
O padre Andrzej Majewski referiu-se ainda à Missa celebrada pelo Papa
no Estádio de Malmö para a comunidade católica na qual Francisco evocou
as Bem-Aventuranças e a figura dos mansos e dos santos, em particular,
que obtêm mudanças graças à mansidão do coração. “Quem sabe se não seja
esta a justa chave de interpretação dos eventos que acabamos de viver na
Suécia” – disse o padre Majewski, Diretor de Programas da Rádio
Vaticano.
(RS)
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