03 novembro, 2016

P. Majewski: Papa na Suécia, em Lund, entre fé e penitência


(RV) Após a visita do Papa à Suécia, a Lund, naquela que foi a 17ª viagem apostólica internacional do pontificado de Francisco, o Diretor de Programas da Rádio Vaticano, o padre Andrzej Majewski, fez uma reflexão sobre a comemoração conjunta luterano-católico dos 500 anos da Reforma. A reportagem é do nosso colega do programa italiano Roberto Piermarini.

Nesta entrevista o padre Andrzej Majewski começou por referir dois elementos importantes na celebração na Catedral de Lund, festa e penitência:

“A presença do Papa certamente influenciou o estilo das celebrações em Lund e Malmö. Não apenas festa, mas também penitência, sobretudo a liturgia na Catedral de Lund que se caracterizou por esses dois elementos: festa e penitência; mas festa e penitência celebradas juntas. Festa, porque também a Igreja Católica reconheceu os dons de Lutero para todos, como, por exemplo, a valorização grande da Sagrada Escritura, também através de traduções em várias línguas. Pode-se dizer que Lutero colocou a Bíblia nas mãos das pessoas. Penitência pela dor da desunião e pela vergonha por séculos de conflitos, acusações, e às vezes, também atos violentos que não tinham nada a ver com o espírito do Evangelho. Mas há também um terceiro elemento: o testemunho comum que foi a última palavra proferida por luteranos e católicos juntos, sobretudo durante o encontro ecuménico na Arena de Malmö. Tanto católicos como luteranos dão um testemunho concreto de fé, trabalhando a favor das populações da Síria, Burundi, Sudão do Sul, Colômbia e Índia. Citei alguns países que foram evidenciados no encontro. A Igreja procura dar uma resposta comum às perguntas, medos e anseios do mundo globalizado, envolvendo todos os fiéis.”

“Alguns momentos ficaram impressos na minha memória. O primeiro é a oração do Pai Nosso na Catedral de Lund, proferida ao mesmo tempo, cada um na sua própria língua. Não se entendiam as palavras, mas havia a sensação de que realmente estavam a rezar juntos. Depois, algumas partes da homilia do secretário da Federação Luterana Mundial, que manifestou o desejo ainda tímido de poderem um dia celebrar juntos a Eucaristia. Outra coisa que chamou a minha atenção foi a presença de muitas pessoas ao longo das estradas por onde o Papa passou. Na Arena de Malmö, onde se reuniram muitos jovens luteranos, ouviam-se frases como “Viva o Papa”, Viva o Papa Francisco”... A espontaneidade dessas vozes fez-me pensar que talvez está a chegar uma nova geração que já não se sente sobrecarregada pelas incompreensões e reservas do passado.”

O padre Andrzej Majewski referiu-se ainda à Missa celebrada pelo Papa no Estádio de Malmö para a comunidade católica na qual Francisco evocou as Bem-Aventuranças e a figura dos mansos e dos santos, em particular, que obtêm mudanças graças à mansidão do coração. “Quem sabe se não seja esta a justa chave de interpretação dos eventos que acabamos de viver na Suécia” – disse o padre Majewski, Diretor de Programas da Rádio Vaticano.

(RS)

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