(RV) Cidade
do Vaticano – O Papa Francisco recebeu hoje, quinta-feira, dia 24 de
Novembro, às 12 horas de Roma, em audiência no Vaticano, na Casina Pio
IV, os cerca de 60 participantes ao simpósio sobre “ os desafios e
soluções para o problema dos narcóticos a nível global”, promovido pela
Pontifícia Academia das Ciências.
No seu breve discurso pronunciado em língua espanhola, o Papa
Francisco iniciou por sublinhar aos presentes que “ a droga é uma chaga
da nossa sociedade” e que os drogados são “pessoas que perderam a sua
liberdade em troca da escravidão de uma dependência química”. Esta
dependência, é certamente, disse o Santo Padre, “uma nova forma de
escravidão” entre tantas outras que afligem as sociedades modernas e
contemporâneas.
«É evidente que não há uma única causa que leva a dependência
da droga, mas sim são muitos os factores que intervêm, entre eles: a
ausência de família, a pressão social, a propaganda dos traficantes, o
desejo de viver novas experiências etc. Cada pessoa dependente da droga
traz porém consigo uma história pessoal, distinta, que deve ser
escutada, compreendida, amada e quanto possível curada e purificada. Não
podemos cair na injustiça de classificar-lhes como se fossem objectos
inúteis, mas sim cada um deve ser valorizado e apreciado na sua
dignidade para poder ser curado. É a dignidade humana que vamos
encontrar neles. Eles continuam preservando, mais do que nunca, uma
dignidade enquanto pessoas e filhos de Deus».
As circunstâncias do nosso mundo actual fazem com que, sublinha
Francisco, não seja de estranhar que haja tanta gente a cair na desgraça
da dependência da droga, já que a mundanidade hodierna oferece amplas
possibilidades de alcançar e gozar de uma felicidade efímera que no fim
se torna num veneno que corrompe e mata. A pessoa vai deste modo,
destruindo-se e com ela também todos aqueles que estão ao redor. O
desejo inicial da fuga, procurando uma felicidade momentânea se
transforma posteriormente numa devastação da pessoa na sua integridade e
repercute em todas as camadas sociais.
Neste sentido, observa o Pontífice, é importante conhecer a amplidão
do problema da droga e sobretudo a vastidão dos seus centros de produção
e sistema de distribuição. Bem sabemos, prosseguiu o Papa, que ela
representa uma parte importante do crime organizado, mas seria porém
necessário identificar a maneira de controlar os circuitos da corrupção e
as formas de bloquear a circulação do dinheiro. E para isso, vincou
Francisco, não há outro caminho a seguir senão o da cadeia que vai desde
o comércio da droga em pequena escala até às formas mais sofisticadas
de trabalho, assim como no capital financeiro e nos bancos que se
dedicam ao branqueamento do dinheiro sujo.
«É certo que para bloquear o pedido de consumo de droga é
necessário realizar grandes esforços e implementar amplos programas
sociais, orientados a saúde, ao apoio familiar e sobretudo à educação,
que considero fundamental; a formação humana integral é a prioridade;
ela dá a pessoa a possibilidade de ter instrumentos de discernimento,
com os quais pode avaliar as diferentes ofertas que lhe são feitas e ser
capaz de ajudar também os outros».
Finalmente, sublinhou Francisco, se bem que a prevenção seja o
caminho prioritário, é fundamental também trabalhar para se chegar a
plena e segura reabilitação das vítimas da droga na sociedade, por forma
a devolver-lhes a alegria e para que possam voltar a recuperar a
dignidade que perderam. Neste sentido para o Pontífice é importante ter
sempre presente que “ o mais necessitado dos nossos irmãos, que
aparentemente não tem nada para dar, leva sempre consigo um tesouro para
todos nós: o rosto de Deus que nos fala e nos interpela”. E Francisco
fez então os votos à todos os presentes, para que consigam, com o seu
trabalho, concretizar, dentro dos limites das suas possibilidades, as
felizes iniciativas que propuseram realizar em prol daqueles que sofrem
mais.
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