12 novembro, 2016

Francisco encontra os excluídos do nosso sistema-mundo


(RV) O Papa Francisco recebeu em audiência, na manhã desta sexta-feira 11/11, na Aula Paulo VI do Vaticano, os cerca de 4000 participantes ao Jubileu das pessoas socialmente excluídas. Após ter escutado as palavras proferidas pelos testemunhos, o Papa, falando a braços, recordou aos presentes que a “pobreza está no coração do Evangelho; só quem sente que lhe falta algo olha para cima e sonha alto; quem tudo tem não pode sonhar; as pessoas seguiam Jesus porque sonhavam que ele ia curá-los e libertar-lhes dos males de que sofriam: eram homens e mulheres com paixão e sonhos; esses eram as pessoas que seguiam Jesus. Por isso, acrescentou o Papa, eu vos peço hoje : ensinem a todos nós que temos um teto por onde dormir, que não nos falta comida ou medicamentos, ensinem-nos a nunca nos sentirmos satisfeitos, a perder a capacidade de sonhar; mediante os vossos sonhos ensinem-nos a sonhar a partir do Evangelho, vós que estais no coração do Evangelho”

 Chamando atenção para a dignidade dos pobre, Francisco recordou aos presentes que “pobres sim mas não servis” e isso é dignidade, a mesma dignidade que tinha Jesus que nasceu e viveu na pobreza; pobres sim, dominados não; pobres sim, explorados não; pobres sim, escravos não; a pobreza está no coração do Evangelho para ser vivida, a escravidão não está no Evangelho para ser vivida mas sim, para ser libertada, salientou o Santo Padre.

Outro ensinamento que segundo o Papa Francisco nos vem dos pobre, é a noção da solidariedade: ser solidário com o mundo, saber ajudar, dar uma mão a quem está sofrendo mais do nós. A capacidade de ser solidário, acrescentou, é um dos maiores frutos que nos dá a pobreza: quando alguém tem muita riqueza, esquece quase sempre de ser solidário, porque está habituado ao facto que nunca lhe faltou nada. Quando pelo contrário, se experimenta a dor da pobreza, se aprende mais facilmente a ser solidário com quem necessita, com quem sofre muito mais do que nós. Obrigado, disse Francisco dirigindo-se os excluídos do nosso sistema-mundo presentes na Aula Paulo VI, “por esse vosso exemplo que nos dais e que nos ensina tanto: vós ensinais o sentido da solidariedade ao mundo”.

Outro aspecto invocado pelos testemunhos, foi a questão da paz. A este propósito, o Santo Padre fazendo própria as inquietações expressas sublinhou o seguinte: “ a guerra, disse, se faz entre os ricos, para obter maior espaço, mais poder, mais dinheiro etc. É muito triste quando a guerra chega a ser feita entre os pobres. É uma coisa rara porém, pois os pobres, em virtude da sua situação de pobreza, são geralmente mais inclines a serem artesãos de paz; os pobres fazem a paz, criam a paz e sobretudo, dão exemplo de paz”.

Hoje, destacou Francisco, “temos necessidade de paz no mundo, na Igreja; todas as Igrejas, todas as religiões do mundo necessitam de criar a paz, pois todas as religiões são mensageiras da paz, mas devem sempre crescer na paz: aquela paz que brota do sofrimento do nosso coração e procura uma harmonia que nos dá dignidade”.

Finalmente, o Papa agradeceu a todos por terem vindo a visitá-lo, pelos testemunhos de vida que foram comunicados e disse, “peço-vos perdão, por todas as vezes que vos ofendi com as minhas palavras ou por não ter dito aquilo que deveria ter dito; peço-vos perdão em nome dos cristãos que não lêem o Evangelho na devida forma para encontrarem a pobreza no seu centro; peço-vos perdão por todas as vezes que os cristãos perante uma pessoa pobre, ou perante uma situação de pobreza viraram o rosto para o outro lado; perdão! O vosso perdão aos homens e mulheres da Igreja que nunca vos quiseram encontrar é uma água benta para nós, é limpeza para nós, é ajudar-nos a voltar a acreditar que no coração do Evangelho está a pobreza como a grande mensagem e que todos nós, cristãos, católicos, temos construir uma Igreja pobre para os pobres; e que cada homem e mulher tem que ver em cada pobre, a mensagem de Deus que se fez pobre para nos acompanhar na vida. Que Deus vos abençoe. 

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