(RV) Terça-feira,
27 de setembro, Missa em Santa Marta com o Papa Francisco: “O que
acontece no nosso coração quando somos tomados por uma ‘desolação
espiritual?’ ” – esta foi a pergunta que norteou a homilia de Francisco
centrada na figura de Job.
O Papa sublinhou a importância do silêncio e da oração para vencer os
momentos mais sombrios. Neste dia de São Vicente de Paulo, o Papa
ofereceu a sua missa pelas Irmãs Vicentinas Filhas da Caridade, que
trabalham na Casa de Santa Marta.
Na sua homilia o Santo Padre recordou que Job estava com problemas:
“tinha perdido tudo”. A primeira leitura proposta pela liturgia do dia
apresenta um Job despojado de todos os seus bens incluindo dos seus
filhos. E Job desabafa com Deus pois vive uma desolação espiritual, o
desabafo de um filho com o seu pai – afirmou o Papa Francisco:
“A desolação espiritual é uma coisa que acontece com todos nós: pode
ser mais forte ou mais fraca...mas é uma condição da alma obscura, sem
esperança, desconfiada, sem vontade de viver, que não vê a luz ao fim do
túnel, que tem agitação no coração e nas ideias... A desolação
espiritual faz-nos sentir como se a nossa alma fosse ‘achatada’: quando
não consegue, não quer viver: ‘A morte é melhor!’, desabafa Job. Melhor
morrer do que viver assim'. E nós devemos entender quando o nosso
espírito está neste estado de tristeza geral, quando ficamos quase sem
respiração. Acontece com todos nós, e temos que compreender o que se
passa no nosso coração.”
E é aqui que surge uma questão que Francisco apresentou: o que
devemos fazer quando vivemos nestes momentos escuros tais como uma
tragédia familiar, uma doença, algo que nos leva ‘para baixo’? Engolir
comprimidos ou beber dois ou três golinhos não é solução e não ajuda. A
resposta – disse o Papa – é-nos dada pelo Salmo 87 onde se lê: “Chegue a
ti a minha prece, Senhor”. A solução é rezar – disse o Santo Padre –
rezar com força, como disse Job: gritar dia e noite até que Deus escute.
O Livro de Job fala também do silêncio dos amigos. Diante de uma
pessoa que sofre – disse o Papa – “as palavras podem ferir”. O que conta
é a proximidade – afirmou o Papa Francisco:
“Em primeiro lugar, reconhecer em nós os momentos de desolação
espiritual, quando estamos no escuro, sem esperança, e nos perguntamos
porquê? Em segundo lugar, rezar ao Senhor, como na liturgia de hoje, com
este Salmo 87 que nos ensina a rezar, no momento de escuridão. 'Chegue a
Ti a minha oração, Senhor'. E em terceiro lugar, quando me aproximo de
uma pessoa que sofre, seja por doença, seja por qualquer sofrimento, mas
que está na desolação completa: silêncio; mas silêncio com tanto amor,
proximidade, carícias. E não fazer discursos que, afinal, podem não
ajudar e fazer-lhe mal.”
Na conclusão da sua homilia, o Papa Francisco pediu ao Senhor para
que nos conceda três graças: “a graça de reconhecer a desolação
espiritual, a graça de rezar quando estivermos submetidos a este estado
de desolação espiritual, e também a graça de saber acolher as pessoas
que passam por momentos difíceis de tristeza e de desolação espiritual”.
(RS)
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