(RV) A leitura evangélica deste domingo, XXIV do tempo comum, é um trecho tirado do capítulo 15 do Evangelho de São Lucas, considerado o capítulo da misericórdia, pois que reúne três parábolas com as quais Jesus responde às murmurações dos escribas e fariseus que o criticavam por acolher e comer com os pecadores.
E foi precisamente desta leitura que o Papa partiu para a sua breve
reflexão antes da oração mariana do Ângelus, ao meio dia da Janela do
Palácio Apostólico, sobre a Praça de São Pedro, que como sempre, estava
repleta de fiéis e turistas…
Com essas três parábolas – disse Francisco – “Jesus nos quer
fazer compreender que Deus Pai é o primeiro a ter, em relação aos
pecadores, uma atitude acolhedora e misericordiosa” .
Essas parábolas são: o pastor que abandona as noventa e nove ovelhas
para procurar uma que se tinha perdido; a mulher que perdeu uma moeda e a
procura até a encontrar; o pai que regozija e faz festa pelo regresso a
casa do filho que se tinha afastado da família.
A mulher, o pastor, o pai, os três fazem festa com amigos e vizinhos quando se resolve a situação que os preocupava.
Com efeito, o elemento comum a estas três parábolas – fez notar o
Papa – é o alegrar-se juntos, fazer festa. Nas primeiras duas, a tónica é
posta na alegria tão grande que quem a vive sente a necessidade de a
partilhar com “os amigos e vizinhos”. Na terceira, é
posta na festa que parte do coração do pai misericordioso e se expande
por toda a casa. Algo que está em plena sintonia com o Ano jubilar que
estamos a viver – acrescentou Francisco:
“Esta festa de Deus para com os que regressam a Ele,
arrependidos, está mais do que nunca em sintonia com o Ano jubilar que
estamos a viver, como diz o próprio termo “jubileu, isto é júbilo!”
Jesus apresenta-se assim como “um Deus de braços abertos, que trata os pecadores com ternura e compaixão”.
A terceira parábola é, no dizer do Papa - a que mais manifesta o amor
infinito de Deus, pois que, se por um lado apresenta a triste história
dum jovem que cai na degradação, por outro mostra a sua força de se
levantar e voltar para o pai. E é isto que mais comove: “Levantar-me-ei e irei ter com o meu Pai”. O Papa vê neste regresso a casa a “via da esperança e da vida nova”. E aqui Francisco volta a sublinhar com força como tem vindo a fazer, que “Deus
espera sempre o nosso pôr-se a caminho, ele nos espera com paciência,
nos vê quando ainda estamos longe, corre ao nosso encontro, nos abraça,
nos beija, nos perdoa. Deus é assim! Assim é o nosso Pai! E o seu perdão
cancela o passado e nos regenera no amor. Esquece o passado: e esta é a
fraqueza de Deus. Quando nos abraça e nos perdoa, perde a memória. Não
tem memória! Esquece o passado.”
Bergoglio frisou ainda que quando “nós pecadores nos
convertemos e nos deixamos encontrar por Deus, não nos espera
repreensões e durezas, porque Deus salva, volta a acolhermos em casa com
alegria e faz festa”.
E fazendo notar que é o próprio Jesus que diz no Evangelho deste domingo que “haverá
mais alegria no Céus por um único pecador que se converte, do que por
noventa e nove justos, os quais não precisam de conversão”, o Papa lançou uma pergunta:
“Haveis jamais pensado que de cada vez que nos aproximamos
do confessionário, há alegria e festa no Céu?” Já pensastes nisso? É
belo!”
Isto dá – sublinhou o Papa - grande esperança, porque mostra que não
há pecado da qual, com a graça de Deus, não podemos ressurgir; não há
ninguém irrecuperável, porque Deus não cessa nunca de querer o nosso
bem.
E o Papa rezou à Virgem Maria, refugio dos pecadores, para que faça
brotar nos nossos corações aquela confiança que se acendeu no coração do
filho pródigo que disse: “ Hei-de levantar-me e ir ter com o meu pai, e dir-lhe-ei: Pai pequei”.
Empreendendo este caminho podemos dar alegria a Deus e a sua alegria
pode tornar-se a sua e a nossa festa” – rematou Francisco.
Oração especial paro Gabão em crise politica
Depois do Oração mariana do Angelus, o Papa recordou a situação que
se está a viver no Gabão pedindo uma oração especial para este país
africano…
“Caros irmãos e irmãs, gostaria de convidar a uma oração
especial para o Gabão, que está a atravessar um momento de grave crise
política. Confio ao Senhor as vítimas do recontros e os seus familiares.
Associo-me aos Bispos daquele querido País africano, convidando as
partes a recusar todas as formas de violência e a ter sempre como
objectivo o bem comum. Encorajo todos, de modo particular os católicos, a
ser construtores de paz no respeito da legalidade, no diálogo e na
fraternidade”.
Novo Beato
O Papa recordou ainda que neste domingo 11 de Setembro, em Karaganda, no Kazakhstan, é proclamado Beato Ladislao Bukowinski,
sacerdote e pároco, perseguido pela sua fé… Como sofreu esse homem!
como!… Na vida demonstrou sempre grande amor pelos mais fracos e
necessitados e o seu testemunho aparece como um condensado de obras de
misericórdia espirituais e corporais.”
E o Papa concluiu a sua alocução saudando todos, romanos, grupos de
várias partes da Itália e peregrinos vindos doutros países. A todos
desejou bom domingo, despedindo com o habitual pedido de oração para
ele.
(DA)
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