(RV) Durante
a oração ecuménica na Basílica Inferior de S. Francisco, em Assis, o
Papa Francisco, partindo das palavras de Jesus na cruz (‘tenho sede’)
falou da sede como necessidade do ser humano, e também a sua extrema
miséria. Assim contemplamos – disse - o mistério do Deus Altíssimo, que
Se tornou, por misericórdia, miserável entre os homens.
O Senhor tem certamente sede de água, elemento essencial para a vida,
continuou o Papa, mas sobretudo tem sede de amor, elemento não menos
essencial, tem sede de nos dar o seu amor, e de receber o nosso amor.
Também S. Francisco de Assis, por amor do Senhor que sofre, não se
envergonhava de chorar e gritar “o Amor não é amado” e única resposta de
Madre Teresa de Calcutá às palavras de Jesus na cruz foi o serviço aos
mais pobres dos pobres, reiterou Francisco. O Senhor é saciado pelo
nosso amor compassivo; é consolado quando, em nome d’Ele, nos inclinamos
sobre as misérias alheias. E no Juízo, chamará «benditos» aqueles que
deram de beber a quem tinha sede, aqueles que ofereceram amor concreto a
quem estava necessitado: «Sempre que fizestes isto a um destes meus
irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes»”.
E o Santo Padre indicou nos dramas de hoje o significado da sede do
Senhor na cruz. Naquelas palavras, disse, podemos ouvir a voz dos que
sofrem, o grito escondido dos pequenos inocentes a quem é negada a luz
deste mundo, a súplica instante dos pobres e dos mais necessitados de
paz, tendo ressaltado:
“Imploram paz as vítimas das guerras que poluem os povos de ódio e a
terra de armas; imploram paz os nossos irmãos e irmãs que vivem sob a
ameaça dos bombardeamentos ou são forçados a deixar a casa e emigrar
para o desconhecido, despojados de tudo. Todos eles são irmãos e irmãs
do Crucificado, pequeninos do seu Reino, membros feridos e sedentos da
sua carne. Têm sede”.
Infelizmente, observou ainda o Papa, com frequência lhes é dado, como
a Jesus, o vinagre amargo da rejeição. Deparam-se muitas vezes com o
silêncio ensurdecedor da indiferença, o egoísmo de quem se sente
incomodado, a frieza de quem apaga o seu grito de ajuda com mesma
facilidade com que muda de canal na televisão.
À vista de Cristo crucificado, concluiu o Papa nós, cristãos, somos
chamados a contemplar o mistério do Amor não amado e a derramar
misericórdia sobre o mundo, a sermos «árvores de vida», que absorvem a
indiferença e restituem ao mundo o oxigénio do amor, manifestando
compaixão por todos os sedentos de hoje.
Como a Maria ao pé da cruz, que o Senhor nos conceda de estar unidos a
Ele e próximos de quem sofre, nos guarde a todos no amor e nos
congregue na unidade, para nos tornarmos o que Ele deseja: «um só» -
disse Francisco a terminar.
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