(RV) O Papa
Francisco partiu na manhã desta quarta-feira dia 25 de novembro, por
volta das 7h45, hora de Roma, para a 11ª Viagem Apostólica do seu
pontificado. O Santo Padre chega ao continente africano para visitar o
Quénia, o Uganda e a República Centro Africana. A primeira etapa é
Nairobi a capital do Quénia:
País com cerca de 43 milhões de habitantes, 80% dos quais cristãos, o
Quénia situa-se na África Oriental, debruçando-se a sudeste sobre o
Oceano Índico, e fazendo fronteira com o Sudão, a Etiópia, a Somália e o
Uganda. O seu território estende-se por mais de 580 mil kmq e, além do
Lago Turkana e de outros pequenos lagos no chamado Rift Valley, tem
também o Monte Quénia que fica a cerca de 200km da capital, Nairobi, e
que mede 5.199m de altitude. É o segundo ponto mais alto da África,
depois do Klimandjaro, que se encontra na vizinha Tanzânia. Dotado de um
Parque Nacional, o Monte Quénia foi inscrito em 1997, pela UNESCO, na
lista do património da Humanidade. Os seus cumes glaciares e encostas
arborizadas, constituem, ao lado das lindas praias, uma das importantes
atracções turísticas do país.
Ex-colónia britânica, o Quénia acedeu à independência a 12 de
Dezembro de 1963. Mas, as primeiras cidades do país terão sido fundadas
pelos árabes que iniciaram a partir do século XII intensas relações
comercias com a população africana da região: kikuyos e masais. Desse
encontro surgiu a cultura swahili, caracterizada pela língua kiswahili
(hoje língua oficial do país), e pela a religião islâmica.
Na altura os portugueses ocuparam algumas localidades da costa, mas
foram rechaçados pelos sultões omanitas do Zanzibar. A presença de
europeus viria a intensificar-se em finais do século XIX, quando o
Quénia acaba por tornar-se numa colónia britânica.
Em finais da Segunda Guerra Mundial, os kikuyos lutam pela
independência que, dizíamos, se concretizou a 12 de Dezembro de 1963.
Jomo Kenyatta, considerado o Pai da Independência, é eleito Presidente
da República. Promove importantes reformas políticas/económicas e mantém
boas relações com os países vizinhos e a própria Grã-Bretanha.
Em 1978 Kenyatta morre e é Daniel Arap Moi é eleito Presidente. Ele
prossegue por alguns anos a linha política do seu predecessor, mas em
1982, perante um golpe de Estado falhado, endurece a sua política,
instituindo o mono- partidarismo. Com o fim da guerra fria, como muitos
outros países da África é introduzido o multi-partidarismo. Mas as
forças de oposição não se entendem entre si, e Moi é reeleito em 1992 e
1997. Em 2002 é substituído por Mwai Kibaki.
As eleições de 2008 são marcadas por violências étnicas. Graças à
mediação de Kofi Annan, ex-Secretário Geral da ONU chegou-se a um
armistício e a um entendimento entre as facções: Kibaki fica Presidente e
o seu rival Odinga é nomeado Primeiro Ministro, cargo recém-criado e
sucessivamente abolido. As mais recentes eleições gerais de 2013 foram
ganhas pelo filho de Jomo Kenyatra, Uhuru Kenyatta.
A 2 de Abril deste ano, o Quénia foi sacudido por um grave atentado
terrorista: milícias do grupo islamista somali “Al-Shabab” irromperam,
durante a noite, num dormitório do campus Universitário de Garissa,
matando 150 estudantes. O ataque foi considerado uma represália contra o
Governo de Nairobi, empenhado militarmente na Somália contra
extremistas islâmicos, autores de repetidos ataques em território
queniano.
Do ponto de vista económico, de salientar que o Quénia é um dos
maiores exportadores mundiais de chá e de flores, nomeadamente rosas,
cuja cultura foi introduzida em época mais recente e de que se fala de
vez em quando pelo trabalho duro e perigoso que sobretudo mulheres
exercem nesse domínio. O turismo é também um dos pilares da economia do
país. A moeda é a esterlina queniana, uma das moedas mais fortes da
África Oriental, usada também no Somália e no Sudão.
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Dizíamos que cerca de 80% dos quenianos são de religião cristã:
destes 32,3% são católicos e 47,7% são protestantes. Os restantes 20%
pertencem a diversas outras religiões.
Os primeiros contactos dos quenianos com o cristianismo remontam a
1498 aquando da passagem dos portugueses em transito para a Índia.
Testemunho disto é uma coluna encimada por uma cruz em pedra, erigida
por Vasco da Gama em Malinde e que existe ainda hoje.
Em finais de 1500 chegaram os missionários agostinianos que
evangelizaram as populações da costa. Mas em 1631, o sultão de Mombasa,
Jerónimo Chingúlia que se tinha antes convertido ao cristianismo, acaba
por revoltar-se contra os cristãos e 150 pessoas passam pelo martírio.
São os chamados Mártires de Mombasa, cuja causa de beatificação está em
curso.
A verdadeira expansão do cristianismo dar-se-á na segunda metade do
século XIX com a chegada dos padres do Espírito Santo que se
estabeleceram na ilha de Zanzibar, na Tanzânia, e cuja prefeitura
apostólica se estendia também ao Quénia. Estava-se em 1860. Seguidamente
chegam ao país diversos outras congregações missionárias que em 1899
abrem missões também em Nairobi. 1899, marca, portanto, oficialmente, o
início da Evangelização, tendo sido – diga-se de passagem - o
centenário comemorado em 1989.
Em 1927, um ano depois de terem sido criadas no país quatro
jurisdições eclesiásticas, são ordenados os primeiros sacerdotes nativos
e em 1953 é instituída a Hierarquia da Igreja católica com a criação
das Dioceses de Nairobi, Nyeri, Kisumu e Meru. Quatro anos depois (1957)
o país tem o seu primeiro bispo queniano, D. Maurice Otunga que iria
ser criado cardeal em 1973.
O Papa João Paulo II visitou o país três vezes: em 1980, 1985 (por
ocasião do Congresso Eucarístico Internacional) e depois em 1995 para a
entrega da Exortação Apostólica pós-sinodal, “Ecclesia in África”.
A Igreja católica no Quénia é, portanto, uma Igreja muito viva, que
teremos a oportunidade de conhecer melhor com esta visita do Papa
Francisco, visita cujo objectivo - sublinhou Francisco na sua
vídeo-mensagem enviada previamente à população queniana - é confirmar a
comunidade católica na sua fé em Deus e no testemunho do Evangelho.
Evangelho que ensina a dignidade de cada homem e mulher e nos apela a
abrir o coração aos outros, especialmente aos pobres e necessitados.
(DA)
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