(RV) O Papa
Francisco recebeu em audiência, neste sábado (07/11) na Praça de S.
Pedro, os funcionários e o Executivo do Instituto Nacional italiano de
Previdência Social (INPS), a quem no seu discurso, começou por lhes
dizer que eles têm a delicada tarefa de tutelar certos direitos ligados
ao exercício do trabalho, direitos baseados na própria natureza da
pessoa humana e na sua dignidade transcendente. Aos vossos cuidados,
sublinhou Francisco, está confiada aquilo que eu definiria a custódia do
direito ao descanso, e não apenas o descanso semanal e as férias a que
cada funcionário tem direito.
O descanso, na linguagem da fé – prosseguiu o Papa - é uma dimensão
humana e divina ao mesmo tempo, porém com uma característica única: não é
uma mera abstenção da fadiga e do empenho ordinário, mas uma ocasião
para viver plenamente a própria condição de criatura, elevada à
dignidade filial pelo próprio Deus. A exigência de "santificar" o
descanso está, portanto, ligada àquela de um tempo que permita cuidar da
vida familiar, cultural, social e religiosa.
Aos funcionários do INPS o Papa disse ainda que eles são chamados a
enfrentar desafios cada vez mais complexos, quer da sociedade
contemporânea, com os seus equilíbrios precários e suas relações
frágeis, quer do mundo do trabalho, atormentado pela insuficiência do
emprego e a precariedade das garantias que ele pode oferecer.
A vossa difícil tarefa é contribuir para que não faltem as subvenções
indispensáveis para a subsistência dos desempregados e das suas
famílias, disse Francisco que também acrescentou:
“Não falte nas vossas prioridades uma atenção privilegiada para o
trabalho feminino, e aquela assistência à maternidade que deve sempre
tutelar a vida que nasce e quem a serve diariamente. Nunca falte o
seguro para a velhice, a doença, os acidentes de trabalho. Não falte o
direito à pensão, e sublinho: o direito, porque trata-se de direito.
Sede conscientes da suprema dignidade de cada trabalhador, ao serviço
de quem se destina o vosso trabalho. Apoiando o seu rendimento durante e
depois do período de trabalho, vós contribuis para a qualidade do seu
empenho como investimento para uma vida verdadeiramente humana”.
Trabalhar significa prolongar a obra de Deus na história, continuou o
Papa, e nela contribuir de maneira pessoal, útil e criativa. Além
disso, assegurando uma existência digna para aqueles que devem deixar o
trabalho, vós reafirmais uma realidade muito profunda, em relação ao
trabalho:
“O trabalho não pode ser uma mera engrenagem no mecanismo perverso
que tritura recursos para obter mais e mais lucros; não pode, portanto,
ser prorrogado ou reduzido em função do ganho de uns poucos e de formas
produtivas que sacrificam valores, relações e princípios. Isto vale para
a economia em geral, que "já não pode recorrer a remédios que são um
novo veneno, como quando se pretende aumentar a rentabilidade através da
redução do mercado de trabalho e criando, assim, novos excluídos".
E Francisco reiterou que isto se aplica da mesma forma para todas as
instituições sociais, cujo princípio, sujeito e fim é e deve ser a
pessoa humana e a sua dignidade, que nunca pode ser comprometida, mesmo
quando ele deixa de ser economicamente produtivo. E o Papa concluiu:
“Não esquecer o homem: este é o imperativo. Amar e servir o homem
com consciência, responsabilidade, disponibilidade. Trabalhar para quem
trabalha, e não menos para aqueles que gostariam de fazê-lo, mas não
podem. Fazê-lo não como uma obra de solidariedade, mas como dever de
justiça e subsidiariedade. Amparar os mais fracos, para que a ninguém
falte a dignidade e a liberdade de viver uma vida autenticamente
humana”.
E sobre todos o Papa invocou a bênção do Senhor e Deus, assegurando
suas orações e pedindo, por favor, para que não se esqueçam de rezar por
ele.
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