CAMPALA: DISCURSO DO PAPA FRANCISCO NA CASA DA CARIDADE DE NALUKOLONGO
No Uganda o Papa Francisco visitou, na tarde deste sábado, 28 de
Novembro a Casa da caridade de Nalukolongo. Trata-se de uma estrutura
fundada em 1978 e que foi confiada às Irmãs do Bom Samaritano. Sob a
designação de casa de Mapeera Bakateyamba abriga, atualmente, 100
pessoas, dentre idosos, portadores de deficiências e pessoas sem-tecto,
independentemente da sua religião.
A iniciativa da fundação dessa casa de caridade partiu do falecido
cardeal ugandês Dom Emmanuel Kikwanuda Nsubuga, por muitos anos
arcebispo de Campala e que o Papa Francisco recordou no seu discurso que
em seguida sintetizamos.
“Queridos amigos!
São essas as palavras com que o papa Francisco iniciou o seu discurso tendo prosseguido nestes termos:
Obrigado pela vossa calorosa recepção. Grande era o meu desejo de
visitar esta Casa da Caridade, que o Cardeal Nsubuga fundou aqui em
Nalukolongo. Este lugar sempre apareceu associado com o empenho da
Igreja a favor dos pobres, dos deficientes e dos doentes. Aqui, nos
primeiros tempos, foram resgatadas da escravidão mulheres e crianças que
aqui receberam uma educação religiosa. Saúdo as Irmãs do Bom
Samaritano, que continuam esta obra estupenda, e agradeço os seus anos
de serviço silencioso e feliz no apostolado.
Em seguida o Papa Francisco dirigiu-se aos diversos grupos de apostolado ai presentes com essas palavras:
Saúdo também os representantes de muitos outros grupos de apostolado,
que cuidam das necessidades dos nossos irmãos e irmãs na Uganda. Penso,
em particular, no grande e frutuoso trabalho feito com as pessoas
doentes de aids. Saúdo de modo especial a quem habita nesta Casa e
noutras como esta, e a quantos beneficiam das obras da caridade cristã. É
que esta é mesmo uma casa! Aqui pode-se encontrar carinho e solicitude;
aqui pode-se sentir a presença de Jesus, nosso irmão, que ama cada um
de nós com o amor próprio de Deus.
Mais adiante o Papa Francisco dirigiu um apelo a todas as paroquias ugandesas, nestes termos.
A partir desta Casa, quero hoje dirigir um apelo a todas as
paróquias e comunidades presentes na Uganda e no resto da África – para
que não esqueçam os pobres. O Evangelho impõe-nos sair para as
periferias da sociedade a fim de encontrarmos Cristo na pessoa que sofre
e em quem passa necessidades.
O Papa prosseguiu em tom grave naquilo que tem sido uma constante nos
seus discursos, isto é, o cuidado dos anciãos, os pobres e a nova
escravatura de trafico de seres humanos, nestes termos:
O Senhor nos diz, em termos inequívocos, que nos julgará sobre isto. É
triste quando as nossas sociedades permitem que os idosos sejam
descartados ou esquecidos. É reprovável quando os jovens são explorados
pela escravidão actual do tráfico de seres humanos.
Se olharmos atentamente para o mundo ao nosso redor, parece que em
muitos lugares prevalecem o egoísmo e a indiferença. Quantos irmãos e
irmãs são vítimas da cultura actual do ‘usa e bota fora’, que gera
desprezo, sobretudo para com crianças nascituras, jovens e idosos.
Como cristãos, não podemos ficar simplesmente a olhar. Alguma coisa
tem de mudar! As nossas famílias devem tornar-se em sinais ainda mais
evidentes do amor paciente e misericordioso de Deus não só pelos nossos
filhos e os nossos idosos, mas por todos aqueles que passam
necessidades.
As nossas paróquias não devem fechar as portas e os ouvidos ao grito
dos pobres. Trata-se da via-mestra do discipulado cristão. É assim que
damos testemunho do Senhor que veio, não para ser servido, mas para
servir. Assim mostramos que as pessoas contam mais do que as coisas, e
que aquilo que somos é mais importante do que o que possuímos. De fato, é
justamente naqueles que servimos que Cristo Se nos revela cada dia a Si
mesmo e prepara a recepção que esperamos ter um dia no seu Reino
eterno.
Queridos amigos, com gestos simples, com actos simples e devotos que
honram a Cristo nos seus irmãos e irmãs mais pequeninos, façamos entrar a
força do seu amor no mundo, para mudá-lo realmente.
Ao terminar o seu discurso o Papa agradeceu a generosidade e
caridade dos ugandeses e a todos estendeu a Sua bênção com estas
palavras:
Mais uma vez agradeço a vossa generosidade e caridade. Lembrar-me-ei
de vós nas minhas orações e peço, por favor, que rezeis por mim.
Confio-vos a todos à ternurenta protecção de Maria, nossa Mãe, e concedo
a todos a minha bênção. Omukama Abakuume! (Que Deus vos proteja!)”.
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