REPORTAGEM FOTOGRÁFICA
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Jornal Voz da Verdade, 15/11/2015
Evangelizar um mundo com sede de Deus
O
Cardeal-Patriarca reconhece que Lisboa tem “muito trabalho a fazer em
termos de evangelização” e convidou os cristãos a comunicarem a fé. “A
vida e a alegria que Cristo nos traz não é só para nós”, lembrou D.
Manuel Clemente, num encontro vicarial sobre Evangelização, no
Carregado, onde garantiu sentir hoje na sociedade “muita avidez para
falar de Deus”.
Na Quinta de Vale Flores, no Carregado, no primeiro encontro temático vicarial da Visita Pastoral à Vigararia de Alenquer, o Cardeal-Patriarca começou por falar sobre o impulso evangelizador sentido pelas comunidades cristãs primitivas, frisando que “Jesus estava completamente convicto de que nos vinha responder a tudo aquilo que temos no coração”. “Ele tinha sido esperado e anunciado por tudo aquilo que nós chamamos Antigo Testamento. Ele próprio disse: ‘Eu vim dar pleno cumprimento às profecias, vim realizar plenamente o que estava na lei – os 10 Mandamentos, Eu sou Aquele por quem vocês esperavam, o Messias’. Um mundo cheio da presença de Deus, de reconciliação e de paz – Jesus estava plenamente convicto que era isso que vinha fazer no mundo”, lembrou D. Manuel Clemente, na noite do passado dia 6 de novembro. Neste sentido, sustentou, estes ensinamentos não eram apenas dirigidos “àquele pequeno grupo” dos discípulos. “Esta manifestação de Deus no mundo, esta alegria verdadeira, que tanto é para os momentos alegres como para os momentos tristes, porque está cheia da vida de Deus, era para dar aos outros. A vida de Deus é para passar de uns para os outros, como na nossa própria vida natural que passou dos nossos pais para nós. Agora, esta vida eterna passa de Jesus para os primeiros e dos primeiros para os segundos e dois mil anos depois cá estamos nós”, frisou.
Um mundo com Deus, um mundo com os outros
Garantindo, depois, que “receber a vida de Jesus é receber uma vida que nunca mais acaba, uma vida que transborda”, o Cardeal-Patriarca de Lisboa desafiou os cristãos da Vigararia de Alenquer ao anúncio: “A vida e a alegria que Cristo nos traz não é só para nós. Quando é verdadeira, comunica-se. A alegria do Evangelho é uma alegria que acontece e pode acontecer em todo o lado, porque em todo o lado está esta vida de Jesus Ressuscitado. A vida de Cristo é uma vida vencedora, mas não é vencedora à maneira das vitórias deste mundo – que é gente a sobrepor-se aos outros e a ser mais que os outros, a ser melhor que os outros –; pelo contrário, é a vitória da vida entregue, do que se ganha quando se entrega e que se vence quando se dá e que vai ao encontro dos outros e que faz deste mundo aquilo que Jesus Cristo começou e a que chamou Reino: um mundo com Deus, um mundo com os outros”.
Na sua intervenção, na noite da passada sexta-feira, D. Manuel Clemente alertou, ainda, para o drama vivido, “nos dias de hoje”, pelos “cristãos que morrem diariamente pela fé”. “Nós aqui nem temos bem a noção disso, mas o cristianismo é a religião mais perseguida”, denunciou.
Lisboa, terra de missão
Neste encontro em que estiveram reunidas as paróquias da Vigararia de Alenquer, o Cardeal-Patriarca foi questionado sobre em que medida a evangelização levada a cabo pelos portugueses nos Descobrimentos – reconhecida no título Patriarcal da Diocese de Lisboa – pode ser inspiradora da evangelização nos nossos dias. “Com certeza que é inspiradora! O Papa Clemente XI, quando atribuiu a Lisboa o título de Patriarcado, quis lembrar o esforço missionário das missões que daqui tinham partido para todo o mundo. Hoje continua gente a partir, mas também somos missionados. Ai de nós, na nossa diocese, se desses sítios e outros, para onde os nossos antepassados foram levar o Evangelho não viessem, hoje, concretamente padres e freiras para nos trazer o Evangelho”, lembrou, reconhecendo que “ir e voltar, estar e partir ou regressar fazem parte do dinamismo do Evangelho e caracterizam Lisboa há muito tempo”.
Na presença dos três Bispos Auxiliares de Lisboa, D. Joaquim Mendes, D. Nuno Brás e D. José Traquina, D. Manuel Clemente considerou também que Lisboa é terra de missão. “A nossa dimensão patriarcal missionária abre-nos estes horizontes bonitos. Tudo isto é a vida da Igreja e é o mesmo Jesus que se transmite de uns para os outros, porque hoje em dia a nossa diocese tem cá muito trabalho a fazer em termos de evangelização”, frisou.
Socorrendo-se do refrão do hino do Sínodo Diocesano de Lisboa 2016 – ‘É o sonho missionário de chegar a toda a gente. Longe ou perto, o necessário é mostrar Cristo presente’ – o Cardeal-Patriarca sublinhou a importância de mostrar hoje Cristo presente no mundo. “Isto hoje é longe, é perto, o Ressuscitado enche o mundo inteiro! E mostrar que Ele está presente, mostrar que está presente no Evangelho que transmitimos, que recebemos e oferecemos, mostrar que Ele está presente na nossa vida”, desafiou, lembrando: “A missão, hoje, não tem fronteiras. Missão quer dizer envio: quem está com Jesus Cristo é imediatamente enviado a contar aos outros”.
Falar de Deus
Nesta reflexão em torno da evangelização, D. Manuel Clemente testemunhou o que tem sentido nos contactos com pessoas anónimas, nos mais diversos locais. “Hoje, em qualquer meio onde me desloco, encontro muita gente com interesse em saber coisas de Cristo, em saber coisas de Deus, em fazer conversa religiosa. É impressionante! Não há uma semana em que eu não tenha encontros espontâneos com pessoas que mostram interesse em falar de Deus. Sinto que há hoje mais interesse nisso do que noutras alturas, e às vezes onde menos se espera e de quem a gente menos espera. O Evangelho só não vende porque é de graça! Mas Ele está aí e há muita expectativa”, observou, destacando o sucesso de iniciativas de evangelização para jovens como a Missão País e os Campos de Férias Católicos. “Portanto, isto funciona! Tudo isto são sinais e não há razão nenhuma para pensar que isto passou de moda. Pelo contrário. Até noto, hoje, uma avidez, um desejo de participar, de fazer coisas e uma disponibilidade que talvez há 30, 40 anos não notasse”, reforçou.
Jesus, oração, testemunho
O encontro sobre Evangelização, com o Cardeal-Patriarca de Lisboa, começou com a visualização de um vídeo (acessível em https://goo.gl/3zdxS5) do encontro do Papa Francisco com os movimentos eclesiais, na Vigília de Pentecostes, a 18 de maio de 2013, na Praça de São Pedro. À pergunta dos movimentos sobre como comunicar, de maneira eficaz, a fé, o Papa sublinhou que “o mais importante é Jesus”. “Se pretendemos avançar com mais organização, com outras coisas – coisas certamente boas –, mas sem Jesus, não avançamos, não resulta”, garantiu Francisco, lembrando ainda a importância da “oração” – o “deixar-se guiar por Ele”, porque “somos verdadeiros evangelizadores, quando nos deixamos guiar por Ele” – e o “testemunho” – porque “a comunicação da fé pode-se fazer unicamente através do testemunho; e este é o amor”. Convidado a comentar o vídeo, D. Manuel Clemente observou que “o que importa na evangelização não é uma ideia, não é uma teoria, é uma pessoa, e essa pessoa chama-se Jesus”. “Olhar para Jesus, deixarmo-nos olhar por Jesus e deixarmo-nos guiar por Jesus. Como nós acreditamos que Deus vem ao nosso encontro na figura de Jesus, temos que estar muito atentos. ‘Olhar para Jesus’ é ter os olhos da alma bem abertos, para reparar na sua presença, como Ele está na nossa vida, mantê-lo muito presente na nossa memória lembrando as cenas do Evangelho em que Ele se manifestou. ‘Deixarmo-nos olhar por Jesus’, porque nós acreditamos que em Jesus Deus tem olhos humanos para nos olhar e, agora, o olhar ressuscitado de Jesus enche o mundo inteiro. Finalmente, ‘deixarmo-nos guiar por Jesus’ mostra como é tão diferente levarmos a nossa vida só a partir da nossa cabeça, dos nossos desejos, dos nossos propósitos ou deixarmo-nos guiar por aquilo que Jesus nos diz, pelo menos, no Evangelho de cada Domingo para depois toda a semana ser feita segundo aquilo que Ele lá diz”, frisou o Cardeal-Patriarca, no Carregado. “Quando se fala de evangelização é pôr o Evangelho, a Boa Nova de Jesus, na nossa vida. Depois, seja o que Deus quiser”, terminou.
A catequese e a inculturação
Numa questão colocada pela numerosa assistência deste encontro sobre Evangelização, no Carregado, foi sublinhado que “a catequese não transmite a fé”. “Atingimos a mente, mas não chegamos ao coração nem à ação”, lamentou um dos sacerdotes presente. Perante este problema concreto, o Cardeal-Patriarca lembrou: “Quando evangelizamos, lançamos a semente mas também temos que ter atenção à maneira como ela vai crescer e vai dar fruto”. Depois, destacou o exemplo de inculturação, ou seja da adaptação cultural da prática da fé cristã na sua divulgação, como o Pão por Deus, no Dia de Todos os Santos, ou as Festas do Espírito Santo em Alenquer, que foram restauradas há pouco mais de uma década.
Sobre as orientações do Papa Francisco aos Bispos portugueses durante a recente visita ad limina, a propósito da catequese, D. Manuel Clemente observou que “hoje existem meios técnicos e materiais que permitem uma transmissão mais ágil”, mas lembrou igualmente que “há muita oferta” às crianças e jovens. “Hoje, qualquer miúdo que vá para a catequese já viu e ouviu tanta coisa, tanto boneco, tanta imagem… portanto, a transmissão da história de Cristo já está mais misturada com outras histórias e não tem o impacto que tinha no meu tempo, porque na minha infância não havia televisão”, constatou. Neste sentido, a catequese, “como qualquer ato de Igreja, tem de ser de Igreja”, tem de “envolver a família”, “integrar a comunidade” e deve procurar, “como antigamente, um ambiente de amizade, oração, que metia brincadeira, doutrina, jogos”. “Ficávamos cheios de vida cristã!”, recordou.
Na Quinta de Vale Flores, no Carregado, no primeiro encontro temático vicarial da Visita Pastoral à Vigararia de Alenquer, o Cardeal-Patriarca começou por falar sobre o impulso evangelizador sentido pelas comunidades cristãs primitivas, frisando que “Jesus estava completamente convicto de que nos vinha responder a tudo aquilo que temos no coração”. “Ele tinha sido esperado e anunciado por tudo aquilo que nós chamamos Antigo Testamento. Ele próprio disse: ‘Eu vim dar pleno cumprimento às profecias, vim realizar plenamente o que estava na lei – os 10 Mandamentos, Eu sou Aquele por quem vocês esperavam, o Messias’. Um mundo cheio da presença de Deus, de reconciliação e de paz – Jesus estava plenamente convicto que era isso que vinha fazer no mundo”, lembrou D. Manuel Clemente, na noite do passado dia 6 de novembro. Neste sentido, sustentou, estes ensinamentos não eram apenas dirigidos “àquele pequeno grupo” dos discípulos. “Esta manifestação de Deus no mundo, esta alegria verdadeira, que tanto é para os momentos alegres como para os momentos tristes, porque está cheia da vida de Deus, era para dar aos outros. A vida de Deus é para passar de uns para os outros, como na nossa própria vida natural que passou dos nossos pais para nós. Agora, esta vida eterna passa de Jesus para os primeiros e dos primeiros para os segundos e dois mil anos depois cá estamos nós”, frisou.
Um mundo com Deus, um mundo com os outros
Garantindo, depois, que “receber a vida de Jesus é receber uma vida que nunca mais acaba, uma vida que transborda”, o Cardeal-Patriarca de Lisboa desafiou os cristãos da Vigararia de Alenquer ao anúncio: “A vida e a alegria que Cristo nos traz não é só para nós. Quando é verdadeira, comunica-se. A alegria do Evangelho é uma alegria que acontece e pode acontecer em todo o lado, porque em todo o lado está esta vida de Jesus Ressuscitado. A vida de Cristo é uma vida vencedora, mas não é vencedora à maneira das vitórias deste mundo – que é gente a sobrepor-se aos outros e a ser mais que os outros, a ser melhor que os outros –; pelo contrário, é a vitória da vida entregue, do que se ganha quando se entrega e que se vence quando se dá e que vai ao encontro dos outros e que faz deste mundo aquilo que Jesus Cristo começou e a que chamou Reino: um mundo com Deus, um mundo com os outros”.
Na sua intervenção, na noite da passada sexta-feira, D. Manuel Clemente alertou, ainda, para o drama vivido, “nos dias de hoje”, pelos “cristãos que morrem diariamente pela fé”. “Nós aqui nem temos bem a noção disso, mas o cristianismo é a religião mais perseguida”, denunciou.
Lisboa, terra de missão
Neste encontro em que estiveram reunidas as paróquias da Vigararia de Alenquer, o Cardeal-Patriarca foi questionado sobre em que medida a evangelização levada a cabo pelos portugueses nos Descobrimentos – reconhecida no título Patriarcal da Diocese de Lisboa – pode ser inspiradora da evangelização nos nossos dias. “Com certeza que é inspiradora! O Papa Clemente XI, quando atribuiu a Lisboa o título de Patriarcado, quis lembrar o esforço missionário das missões que daqui tinham partido para todo o mundo. Hoje continua gente a partir, mas também somos missionados. Ai de nós, na nossa diocese, se desses sítios e outros, para onde os nossos antepassados foram levar o Evangelho não viessem, hoje, concretamente padres e freiras para nos trazer o Evangelho”, lembrou, reconhecendo que “ir e voltar, estar e partir ou regressar fazem parte do dinamismo do Evangelho e caracterizam Lisboa há muito tempo”.
Na presença dos três Bispos Auxiliares de Lisboa, D. Joaquim Mendes, D. Nuno Brás e D. José Traquina, D. Manuel Clemente considerou também que Lisboa é terra de missão. “A nossa dimensão patriarcal missionária abre-nos estes horizontes bonitos. Tudo isto é a vida da Igreja e é o mesmo Jesus que se transmite de uns para os outros, porque hoje em dia a nossa diocese tem cá muito trabalho a fazer em termos de evangelização”, frisou.
Socorrendo-se do refrão do hino do Sínodo Diocesano de Lisboa 2016 – ‘É o sonho missionário de chegar a toda a gente. Longe ou perto, o necessário é mostrar Cristo presente’ – o Cardeal-Patriarca sublinhou a importância de mostrar hoje Cristo presente no mundo. “Isto hoje é longe, é perto, o Ressuscitado enche o mundo inteiro! E mostrar que Ele está presente, mostrar que está presente no Evangelho que transmitimos, que recebemos e oferecemos, mostrar que Ele está presente na nossa vida”, desafiou, lembrando: “A missão, hoje, não tem fronteiras. Missão quer dizer envio: quem está com Jesus Cristo é imediatamente enviado a contar aos outros”.
Falar de Deus
Nesta reflexão em torno da evangelização, D. Manuel Clemente testemunhou o que tem sentido nos contactos com pessoas anónimas, nos mais diversos locais. “Hoje, em qualquer meio onde me desloco, encontro muita gente com interesse em saber coisas de Cristo, em saber coisas de Deus, em fazer conversa religiosa. É impressionante! Não há uma semana em que eu não tenha encontros espontâneos com pessoas que mostram interesse em falar de Deus. Sinto que há hoje mais interesse nisso do que noutras alturas, e às vezes onde menos se espera e de quem a gente menos espera. O Evangelho só não vende porque é de graça! Mas Ele está aí e há muita expectativa”, observou, destacando o sucesso de iniciativas de evangelização para jovens como a Missão País e os Campos de Férias Católicos. “Portanto, isto funciona! Tudo isto são sinais e não há razão nenhuma para pensar que isto passou de moda. Pelo contrário. Até noto, hoje, uma avidez, um desejo de participar, de fazer coisas e uma disponibilidade que talvez há 30, 40 anos não notasse”, reforçou.
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Jesus, oração, testemunho
O encontro sobre Evangelização, com o Cardeal-Patriarca de Lisboa, começou com a visualização de um vídeo (acessível em https://goo.gl/3zdxS5) do encontro do Papa Francisco com os movimentos eclesiais, na Vigília de Pentecostes, a 18 de maio de 2013, na Praça de São Pedro. À pergunta dos movimentos sobre como comunicar, de maneira eficaz, a fé, o Papa sublinhou que “o mais importante é Jesus”. “Se pretendemos avançar com mais organização, com outras coisas – coisas certamente boas –, mas sem Jesus, não avançamos, não resulta”, garantiu Francisco, lembrando ainda a importância da “oração” – o “deixar-se guiar por Ele”, porque “somos verdadeiros evangelizadores, quando nos deixamos guiar por Ele” – e o “testemunho” – porque “a comunicação da fé pode-se fazer unicamente através do testemunho; e este é o amor”. Convidado a comentar o vídeo, D. Manuel Clemente observou que “o que importa na evangelização não é uma ideia, não é uma teoria, é uma pessoa, e essa pessoa chama-se Jesus”. “Olhar para Jesus, deixarmo-nos olhar por Jesus e deixarmo-nos guiar por Jesus. Como nós acreditamos que Deus vem ao nosso encontro na figura de Jesus, temos que estar muito atentos. ‘Olhar para Jesus’ é ter os olhos da alma bem abertos, para reparar na sua presença, como Ele está na nossa vida, mantê-lo muito presente na nossa memória lembrando as cenas do Evangelho em que Ele se manifestou. ‘Deixarmo-nos olhar por Jesus’, porque nós acreditamos que em Jesus Deus tem olhos humanos para nos olhar e, agora, o olhar ressuscitado de Jesus enche o mundo inteiro. Finalmente, ‘deixarmo-nos guiar por Jesus’ mostra como é tão diferente levarmos a nossa vida só a partir da nossa cabeça, dos nossos desejos, dos nossos propósitos ou deixarmo-nos guiar por aquilo que Jesus nos diz, pelo menos, no Evangelho de cada Domingo para depois toda a semana ser feita segundo aquilo que Ele lá diz”, frisou o Cardeal-Patriarca, no Carregado. “Quando se fala de evangelização é pôr o Evangelho, a Boa Nova de Jesus, na nossa vida. Depois, seja o que Deus quiser”, terminou.
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A catequese e a inculturação
Numa questão colocada pela numerosa assistência deste encontro sobre Evangelização, no Carregado, foi sublinhado que “a catequese não transmite a fé”. “Atingimos a mente, mas não chegamos ao coração nem à ação”, lamentou um dos sacerdotes presente. Perante este problema concreto, o Cardeal-Patriarca lembrou: “Quando evangelizamos, lançamos a semente mas também temos que ter atenção à maneira como ela vai crescer e vai dar fruto”. Depois, destacou o exemplo de inculturação, ou seja da adaptação cultural da prática da fé cristã na sua divulgação, como o Pão por Deus, no Dia de Todos os Santos, ou as Festas do Espírito Santo em Alenquer, que foram restauradas há pouco mais de uma década.
Sobre as orientações do Papa Francisco aos Bispos portugueses durante a recente visita ad limina, a propósito da catequese, D. Manuel Clemente observou que “hoje existem meios técnicos e materiais que permitem uma transmissão mais ágil”, mas lembrou igualmente que “há muita oferta” às crianças e jovens. “Hoje, qualquer miúdo que vá para a catequese já viu e ouviu tanta coisa, tanto boneco, tanta imagem… portanto, a transmissão da história de Cristo já está mais misturada com outras histórias e não tem o impacto que tinha no meu tempo, porque na minha infância não havia televisão”, constatou. Neste sentido, a catequese, “como qualquer ato de Igreja, tem de ser de Igreja”, tem de “envolver a família”, “integrar a comunidade” e deve procurar, “como antigamente, um ambiente de amizade, oração, que metia brincadeira, doutrina, jogos”. “Ficávamos cheios de vida cristã!”, recordou.
Texto de Diogo Paiva Brandão
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