03 novembro, 2018

Papa: A vida é um contínuo sair, estamos sempre de passagem



Este é o sentido e orientação da nossa vida: o encontro com Jesus, que amou a sua Igreja e se entregou por ela. Logo, a nossa vida é uma saída para crescer no amor, disse o Papa na homilia da missa em sufrágio dos 154 Cardeais, Arcebispos e Bispos que faleceram no decorrer dos últimos 12 meses. 

Manoel Tavares - Cidade do Vaticano 

O Santo Padre presidiu na manhã deste sábado (03/11), na Basílica vaticana, a uma celebração Eucarística em sufrágio dos 154 Cardeais, Arcebispos e Bispos, que faleceram de outubro de 2017 a outubro de 2018.

Saíram ao encontro do noivo

Na sua homilia, o Papa refletiu sobre a parábola evangélica das dez virgens que “saíram ao encontro do noivo”, dizendo:

“Para todos, a vida é um contínuo chamamento a sair: do ventre da mãe, da casa onde se nasceu, da infância para a juventude, da juventude para a idade adulta e até a saída deste mundo. Também para os ministros do Evangelho: sair da casa dos pais e ir para onde a Igreja os envia, de um serviço para o outro; estamos sempre de passagem, até à passagem final”. 

A vida é uma saída para crescer no amor

O Evangelho lembra-nos o sentido desta contínua saída: vida, ir ao encontro do noivo. O objetivo da nossa vida é seguir o anúncio, que acolhemos no momento da morte: “Eis que vem o noivo, ide ao seu encontro!”. Este é o sentido e orientação da nossa vida: o encontro com Jesus, que amou a sua Igreja e se entregou por ela. Logo, a nossa vida é uma saída para crescer no amor. E Francisco acrescentou:

“Viver é uma preparação diária para as núpcias, um grande namoro. Vivo como alguém que se prepara para o encontro com o noivo? No nosso ministério não devemos esquecer o fio da meada: a expetativa do encontro com o noivo, um encontro de amor. Só assim o corpo visível do nosso ministério será sustentado por uma alma invisível”. 

O essencial é invisível aos olhos

Aqui, o Papa citou o apóstolo São Paulo, que diz: “Não olhamos para as coisas visíveis, mas para as invisíveis, porque as visíveis são passageiras, ao passo que as invisíveis são eternas”. Devemos olhar para além, não para as coisas terrenas, disse Francisco: “O essencial é invisível aos olhos”; é escutar a voz do noivo com vista às núpcias com Ele. E explicou:
“ Diante do Senhor, não contam as aparências, conta o coração. O que o mundo procura e ostenta, como as honras, poder, aparências e glória, passa, sem deixar qualquer vestígio. É preciso afastarmo-nos das aparências mundanas e prepararmo-nos para o Céu. É preciso dizer não à ‘cultura da maquilhagem’, que cuida apenas das aparências. ”
Além das aparências mundanas, o Papa citou um segundo aspeto, referindo-se ao óleo, que mantém acesa a chama das lamparinas das dez Virgens: queimando ilumina, irradia luz, consome-se. Logo, o segredo da vida é viver para servir: 

Quem não vive para servir, não serve para viver

“O sentido da existência é responder à proposta de amor de Deus, que passa através do amor verdadeiro, do dom de si mesmo, do serviço. Servir custa, porque significa gastar-se, consumir-se; mas, no nosso ministério, quem não vive para servir, não serve para viver. Quem cuida demais da própria vida, perde-a”.

Por fim, além das aparências e do serviço do ministro de Deus, Francisco falou de uma terceira característica do óleo: a preparação. O óleo deve ser preparado com tempo e levado connosco. O amor pode ser espontâneo, mas não se improvisa. Por causa da falta desta preparação, as Virgens insensatas não participaram nas núpcias. E o Papa concluiu:

“Agora é o tempo da preparação: no momento presente, no dia a dia devemos alimentar o amor. Peçamos a graça de renovar, cada dia, o nosso amor primordial pelo Senhor, que não se deve apagar. Os chamados às núpcias com Deus não podem ter uma vida sedentária, amorfa, efémera, desleixada, rotineira, mas uma vida plena para doá-la aos irmãos”.

Veja um trecho da homilia do Santo Padre


VN

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