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Este fim de semana decorreu em
Fátima a 44ª Assembleia da Comunidade Pneumavita a que infelizmente, por força
de estar ocupado e empenhado no fim de semana do 12º Percurso Alpha da Marinha
Grande, não pude assistir, aliás, mais do assistir, participar em comunhão de
fé.
E custa-me sempre muito não
estar presente com as minhas irmãs e irmãos da Pneumavita, grandes “culpados” da
vida que hoje em dia, graças a Deus, vivo em Deus, por Deus e com Deus em
comunhão de Igreja.
Claro que o “maior culpado”
foi sem dúvida o meu querido e saudoso amigo Padre José da Lapa, a quem Deus
Nosso Senhor já recompensou certamente no Céu, por ter sido seu servo na
mudança de vida deste seu filho empedernidamente afastado de Deus e da Igreja.
Foi há 21 anos que pela
primeira vez estive numa Assembleia da Pneumavita, do Renovamento Carismático
Católico, e desse fim de semana guardo no coração e em todo o meu ser o milagre
que Deus fez em mim.
Costumo dizer por graça que
dar vista aos cegos, fazer andar os paralíticos, etc., é fácil!
Verdadeiramente difícil e milagroso
é mudar um coração de pedra como o meu era, cheio de vícios e carregado de
futilidades!
Relembro aqui o que escrevi
como testemunho do meu regresso a Deus e à Igreja, há 21 anos atrás.
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«Era tudo muito “exterior”,
nada ainda me “aquecia” o interior.
Num dos livros que então li,
“Jesus está vivo”, falava de um Padre Lapa, que eu tinha conhecido em tempos, e
que era o homem, (informava lá), que tinha trazido o Renovamento Carismático
Católico para Portugal.
Num impulso decidi escrever-lhe
e perguntar-lhe o que era aquilo do Renovamento e como poderia fazer essa
“experiência”.
Estávamos em Junho de 1997.
Na sua resposta, longe de me
dar conselhos ou qualquer outra coisa, dizia-me apenas, para além dos
cumprimentos habituais, que iria haver uma Assembleia do Renovamento
Carismático em Fátima, organizada pela Comunidade Pneumavita, por ele fundada,
e convidava-me a estar presente.
Um pouco temeroso e
desconfiado lá fui em Novembro a Fátima, com o sentimento de: “se não gostar
daquilo, venho-me logo embora”!
O anfiteatro do Centro Paulo
VI estava cheio, o que me atemorizou um pouco, mas “saltou-me” à vista uma
certa união de sentimentos em todo aquele povo e sobretudo uma alegria, uma
esperança latente naqueles rostos, apesar de perceber sofrimentos ali bem
expressos.
Na Sexta feira ao fim do dia
nada me levava a continuar ali, mas levado pela curiosidade, e também por um
sentimento de “já que aqui estou”, voltei no Sábado de manhã.
A oração da manhã foi algo que
nunca tinha visto, ou seja, a participação de todos, a alegria imprimida na
oração, os cânticos, enfim todo um ambiente, (que apesar de não estarmos num
templo propriamente dito), respirava espiritualidade.
O pregador, Pe. Alirio
Pedrini, falava-nos da Palavra, da Bíblia de um modo como eu nunca tinha
ouvido, (no meu tempo a Bíblia era “livro de decoração” na casa de cada um),
tornava-A presente e actual e levava-nos a viver a presença de Cristo vivo no
meio de nós.
A presença do Arcebispo de
Évora, D. Maurilio Gouveia, com palavras que também nunca tinha ouvido no meu
tempo à hierarquia da Igreja, confirmavam a comunhão com a Igreja Católica e
descansavam as minhas interrogações.
Mas o grande facto deu-se,
quando após uma oração de invocação do Espírito Santo, comecei a ouvir a maior
parte daquela gente a cantar algo que eu não conseguia entender e me parecia
coisa de “doidos”.
Aquela melodia estranha, mas
harmoniosa, acompanhada dos braços levantados para o Céu, ao mesmo tempo que me
despertava sentimentos do tipo, “que gente é esta, ou, onde é que eu estou
metido”, tocava o meu intimo e colocava um sentimento inexplicável de paz no
meu coração.
Deixei-me ficar, deixei-me
envolver, num sentimento de entrega como se dissesse: “Não sei o que estou aqui
a fazer, mas Tu deves saber”…
À noite houve Adoração ao
Santíssimo Sacramento, uma adoração como nunca tinha vivido, participada, em
diálogo com Jesus Cristo, (que eu começava a sentir verdadeiramente no meio de
nós), mas sem nunca se afastar da dignidade da celebração.
Foi então que algo no meu
coração se abriu e disse, sem palavras: “Olha, estou aqui, faz de mim o que
quiseres.”
Um sentimento de paz, de amor,
envolveu-me e comecei a chorar. Um choro silencioso, muito calmo, cheio de paz
e de uma estranha, mas muito boa alegria.
No momento não entendi, mas
também não me interessava entender, apenas queria viver.
Deve ter sido como Pedro,
(passe a imodéstia), na Transfiguração. O que eu não queria era sair dali!
Nessa noite dormi descansado,
o que já não acontecia há muito tempo, mas ansioso por voltar àquele lugar.
No Domingo de manhã dei
comigo, sem me aperceber, de braços no ar e cantando com os outros e desejando
que o fim de semana continuasse indefinidamente!
Havia em mim um fortíssimo
sentimento de gratidão a Deus por tudo o que me estava a fazer sentir, a mim,
que me achava totalmente indigno de sequer um Seu olhar!
Dirão que houve muita emoção à
mistura.
Com certeza que houve emoção,
ou será que nós não somos um todo feito de variados sentimentos?
O importante é que a emoção
não passe por cima do amor, da entrega, da reflexão.
O importante é que a emoção
não abafe a graça que o Senhor derrama nos corações.
O importante é que a emoção
não seja superior à Fé firme e constante na presença de Deus em nós.
E comigo foi isso que
aconteceu!
Naqueles dias desci da árvore
como Zaqueu!»
.
Graças a Deus continuo como
Zaqueu naquele dia a abrir, todos os dias, a porta da minha “casa” a Jesus
Cristo, umas vezes escancarada, outras vezes por força das minhas fraquezas,
apenas entreaberta, mas sempre de modo a que Ele possa entrar e fazer morada em
mim.
Marinha Grande, 12 de Novembro
de 2018
Joaquim Mexia Alves
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