12 novembro, 2018

RECORDANDO HÁ 21 ANOS A ASSEMBLEIA DA COMUNIDADE PNEUMAVITA


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Este fim de semana decorreu em Fátima a 44ª Assembleia da Comunidade Pneumavita a que infelizmente, por força de estar ocupado e empenhado no fim de semana do 12º Percurso Alpha da Marinha Grande, não pude assistir, aliás, mais do assistir, participar em comunhão de fé.
E custa-me sempre muito não estar presente com as minhas irmãs e irmãos da Pneumavita, grandes “culpados” da vida que hoje em dia, graças a Deus, vivo em Deus, por Deus e com Deus em comunhão de Igreja.

Claro que o “maior culpado” foi sem dúvida o meu querido e saudoso amigo Padre José da Lapa, a quem Deus Nosso Senhor já recompensou certamente no Céu, por ter sido seu servo na mudança de vida deste seu filho empedernidamente afastado de Deus e da Igreja.
Foi há 21 anos que pela primeira vez estive numa Assembleia da Pneumavita, do Renovamento Carismático Católico, e desse fim de semana guardo no coração e em todo o meu ser o milagre que Deus fez em mim.
Costumo dizer por graça que dar vista aos cegos, fazer andar os paralíticos, etc., é fácil!
Verdadeiramente difícil e milagroso é mudar um coração de pedra como o meu era, cheio de vícios e carregado de futilidades!

Relembro aqui o que escrevi como testemunho do meu regresso a Deus e à Igreja, há 21 anos atrás.
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«Era tudo muito “exterior”, nada ainda me “aquecia” o interior.
Num dos livros que então li, “Jesus está vivo”, falava de um Padre Lapa, que eu tinha conhecido em tempos, e que era o homem, (informava lá), que tinha trazido o Renovamento Carismático Católico para Portugal.
Num impulso decidi escrever-lhe e perguntar-lhe o que era aquilo do Renovamento e como poderia fazer essa “experiência”.
Estávamos em Junho de 1997.
Na sua resposta, longe de me dar conselhos ou qualquer outra coisa, dizia-me apenas, para além dos cumprimentos habituais, que iria haver uma Assembleia do Renovamento Carismático em Fátima, organizada pela Comunidade Pneumavita, por ele fundada, e convidava-me a estar presente.
Um pouco temeroso e desconfiado lá fui em Novembro a Fátima, com o sentimento de: “se não gostar daquilo, venho-me logo embora”!
O anfiteatro do Centro Paulo VI estava cheio, o que me atemorizou um pouco, mas “saltou-me” à vista uma certa união de sentimentos em todo aquele povo e sobretudo uma alegria, uma esperança latente naqueles rostos, apesar de perceber sofrimentos ali bem expressos.
Na Sexta feira ao fim do dia nada me levava a continuar ali, mas levado pela curiosidade, e também por um sentimento de “já que aqui estou”, voltei no Sábado de manhã.
A oração da manhã foi algo que nunca tinha visto, ou seja, a participação de todos, a alegria imprimida na oração, os cânticos, enfim todo um ambiente, (que apesar de não estarmos num templo propriamente dito), respirava espiritualidade.
O pregador, Pe. Alirio Pedrini, falava-nos da Palavra, da Bíblia de um modo como eu nunca tinha ouvido, (no meu tempo a Bíblia era “livro de decoração” na casa de cada um), tornava-A presente e actual e levava-nos a viver a presença de Cristo vivo no meio de nós.
A presença do Arcebispo de Évora, D. Maurilio Gouveia, com palavras que também nunca tinha ouvido no meu tempo à hierarquia da Igreja, confirmavam a comunhão com a Igreja Católica e descansavam as minhas interrogações.
Mas o grande facto deu-se, quando após uma oração de invocação do Espírito Santo, comecei a ouvir a maior parte daquela gente a cantar algo que eu não conseguia entender e me parecia coisa de “doidos”.
Aquela melodia estranha, mas harmoniosa, acompanhada dos braços levantados para o Céu, ao mesmo tempo que me despertava sentimentos do tipo, “que gente é esta, ou, onde é que eu estou metido”, tocava o meu intimo e colocava um sentimento inexplicável de paz no meu coração.
Deixei-me ficar, deixei-me envolver, num sentimento de entrega como se dissesse: “Não sei o que estou aqui a fazer, mas Tu deves saber”…
À noite houve Adoração ao Santíssimo Sacramento, uma adoração como nunca tinha vivido, participada, em diálogo com Jesus Cristo, (que eu começava a sentir verdadeiramente no meio de nós), mas sem nunca se afastar da dignidade da celebração.
Foi então que algo no meu coração se abriu e disse, sem palavras: “Olha, estou aqui, faz de mim o que quiseres.”
Um sentimento de paz, de amor, envolveu-me e comecei a chorar. Um choro silencioso, muito calmo, cheio de paz e de uma estranha, mas muito boa alegria.
No momento não entendi, mas também não me interessava entender, apenas queria viver.
Deve ter sido como Pedro, (passe a imodéstia), na Transfiguração. O que eu não queria era sair dali!
Nessa noite dormi descansado, o que já não acontecia há muito tempo, mas ansioso por voltar àquele lugar.
No Domingo de manhã dei comigo, sem me aperceber, de braços no ar e cantando com os outros e desejando que o fim de semana continuasse indefinidamente!
Havia em mim um fortíssimo sentimento de gratidão a Deus por tudo o que me estava a fazer sentir, a mim, que me achava totalmente indigno de sequer um Seu olhar!
Dirão que houve muita emoção à mistura.
Com certeza que houve emoção, ou será que nós não somos um todo feito de variados sentimentos?
O importante é que a emoção não passe por cima do amor, da entrega, da reflexão.
O importante é que a emoção não abafe a graça que o Senhor derrama nos corações.
O importante é que a emoção não seja superior à Fé firme e constante na presença de Deus em nós.
E comigo foi isso que aconteceu!
Naqueles dias desci da árvore como Zaqueu!»
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Graças a Deus continuo como Zaqueu naquele dia a abrir, todos os dias, a porta da minha “casa” a Jesus Cristo, umas vezes escancarada, outras vezes por força das minhas fraquezas, apenas entreaberta, mas sempre de modo a que Ele possa entrar e fazer morada em mim.


Marinha Grande, 12 de Novembro de 2018
Joaquim Mexia Alves
 

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