Papa celebra a missa na Casa Santa Marta
(Vatican Media)
O Evangelho desta segunda-feira (Lc 21,1-4) inspirou a homilia do Papa Francisco na Casa de Santa Marta, em que advertiu para a "doença do consumismo".
Debora Donnini - Cidade do Vaticano
O Papa começou a semana celebrando a missa na capela da Casa de Santa Marta. Na homilia, o Pontífice comentou o Evangelho do dia, onde há um contraste entre ricos e pobres.
O Papa destacou como muitas vezes no Evangelho Jesus faz este
contraste e alguém poderia “etiquetar” Cristo como “comunista”, mas “o
Senhor, quando dizia essas coisas, sabia que por trás das riquezas havia
sempre o espírito maligno: o senhor do mundo”. Por isso, disse uma vez:
“Não se pode servir a dois senhores, servir a Deus e servir às
riquezas”.
A generosidade nasce da confiança em Deus
Também no Evangelho de hoje há um contraste entre os ricos que
“depositavam ofertas no tesouro” e uma viúva pobre que depositava duas
pequenas moedas. Estes ricos são diferentes do rico Epulão: “não são
maus”, destacou o Papa. “Parecem ser pessoas boas que vão ao Templo dar
uma oferta”. Trata-se, portanto, de um contraste diferente. O Senhor
quer dizer-nos outra coisa ao afirmar que a viúva lançou mais do que
todos porque deu “tudo quanto tinha para viver”. “A viúva, o órfão, o
migrante, o estrangeiro eram os mais pobres na vida de Israel” ao ponto
de que quando se queria falar dos mais pobres, fazia-se referência a eles.
Esta mulher “deu o pouco que tinha para viver” porque confiava em Deus,
era uma mulher das bem-aventuranças, era muito generosa: “dá tudo porque
o Senhor é mais que tudo. A mensagem desta trecho do Evangelho é um
convite à generosidade”, evidenciou o Papa.
Fazer o bem
Diante das estatísticas da pobreza no mundo, das crianças que morrem de fome, que não têm nada para comer, não têm remédios, tanta pobreza – que se ouve todos os dias nos telejornais e nos jornais – é uma atitude positiva questionar-se: “Mas como posso resolver isto?”. Nasce da preocupação de fazer o bem. E quando uma pessoa que tem um pouco de dinheiro se interroga se o pouco que tem serve, o Papa responde que sim, “como as duas pequenas moedas da viúva”.
Fazer o bem
Diante das estatísticas da pobreza no mundo, das crianças que morrem de fome, que não têm nada para comer, não têm remédios, tanta pobreza – que se ouve todos os dias nos telejornais e nos jornais – é uma atitude positiva questionar-se: “Mas como posso resolver isto?”. Nasce da preocupação de fazer o bem. E quando uma pessoa que tem um pouco de dinheiro se interroga se o pouco que tem serve, o Papa responde que sim, “como as duas pequenas moedas da viúva”.
Um chamamento à generosidade. E a generosidade é algo de todos
os dias, é uma coisa que devemos pensar: como posso ser mais
generoso com os pobres, com os necessitados... como posso ajudar mais?
“mas o senhor sabe, padre, que nós mal chegamos ao final do mês” – “mas
sobra alguma pequena moeda? Pense: é possível ser generoso com estas...
Pense. As pequenas coisas: façamos, por exemplo, uma viagem nos nossos
quartos, uma viagem no nosso armário. Quantos sapatos tenho? Um, dois,
três, quatro, 15, 20... cada um pode dizer. Demasiados... Eu conheci um
monsenhor que tinha 40... mas se tem tanto calçado, dê metade.
Quantas peças de roupa que não uso ou uso uma vez por ano? É um modo de ser
generoso, de dar o que temos, de partilhar.
A doença do consumismo
Depois, Francisco contou ter conhecido uma senhora que quando fazia compras no supermercado comprava sempre para os pobres 10% do que gastava: dava o “dízimo” aos pobres, destacou.
Nós podemos fazer milagres com a generosidade. A generosidade das
pequenas coisas, poucas coisas. Talvez não fazemos isso porque não
pensamos. A mensagem do Evangelho faz-nos pensar: como posso ser mais
generoso? Um pouco mais, não muito... “É verdade, padre, é assim, mas...
não sei porquê, mas há sempre o o medo...” Mas há outra doença, que é a
doença contra a generosidade hoje: a doença do consumismo.
Doença que consiste em comprar sempre coisas. O Papa recordou que
quando vivia em Buenos Aires “todos os finais de semana tinha um programa de
turismo-compras”: o avião partia cheio na sexta à noite dirigindo-se a um país
a cerca de 10 horas de voo e todos os sábados e parte do domingo ficavam
a comprar. Depois voltavam.
Uma doença séria, a do consumismo, de hoje! Eu não digo que todos
nós fazemos isto, não. Mas o consumismo, o gastar mais do que
precisamos, uma falta de austeridade de vida: este é um inimigo da
generosidade. E a generosidade material – pensar nos pobres, “isso, posso
dar para que possam comer, para que se vistam” – estas coisas, têm
outra consequência: alarga o coração e o leva à magnanimidade.
Pedir a graça da generosidade
Trata-se, portanto, de ter um coração magnânimo onde todos entram.
Concluindo, o Papa exortou a percorrer o caminho da generosidade,
iniciando com um “controle em casa”, isto é, pensando “naquilo que não
me serve, que servirá a outra pessoa, para um pouco de austeridade”. É
preciso pedir ao Senhor “para que nos liberte” daquele mal tão perigoso
que é o consumismo, que nos torna escravos, uma dependência do gastar. “É
uma doença psiquiátrica.” O Papa concluiu: “Peçamos esta graça ao
Senhor: a generosidade, que alarga o nosso coração e nos leva à
magnanimidade.”
Veja um trecho da homilia do Santo Padre
VN
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