13 novembro, 2018

Igreja necessita de profetas da esperança, diz Papa a religiosos espanhóis

 
Papa com religiosas na Audiência Geral  (Vatican Media)
 
“A vida de oração, o encontro pessoal com Jesus Cristo, o discernimento comunitário, o diálogo com o bispo devem ser uma prioridade na tomada de decisões", disse Francisco na sua mensagem, exortando os religiosos a viverem com humilde audácia olhando para o futuro e em atitude de escuta do Espírito, com ele podemos ser profetas da esperança".
 
Cidade do Vaticano

“Um convite para olhar com confiança o futuro da vida consagrada, em Espanha”. Em síntese, foi o que escreveu o Papa Francisco na mensagem enviada nesta terça-feira à XVI Assembleia Geral da Conferência Espanhola de Religiosos (CONFER), que se realiza em Madrid de 13 a 15 de novembro sob o lema “Darei a vós um futuro repleto de esperança”. 

O Senhor dá esperança

O Senhor – disse Francisco – dá-nos esperança com as suas constantes mensagens de amor e surpresas, que às vezes podem deixar-nos desorientados, “porém ajuda-nos a sair de nossos fechamentos mentais e espirituais. A sua presença é de ternura, acompanha-nos e compromete-nos”.

O caminho realizado pela CONFER – ressaltou o Papa – “tem uma história frutífera, cheia de exemplos de dedicação e santidade oculta e silenciosa”. Neste sentido, “nenhum esforço deve ser poupado para servir e encorajar a vida consagrada espanhola, para que não lhe falte a memória agradecida nem o olhar para o futuro, porque não há dúvida de que o estado de vida religiosa, sem esconder incertezas e preocupações, está cheio de oportunidades e também de entusiasmo, paixão e consciência de que a vida consagrada hoje tem sentido”. 

Igreja necessita de homens e mulheres de esperança

O Papa enfatiza então que a Igreja “precisa de nós profetas, isto é, homens e mulheres de esperança”.

Diante das dificuldades que a vida religiosa está a viver hoje disse o Pontífice, citando – “a diminuição das vocações e o envelhecimento dos seus membros, os problemas económicos e os desafios da internacionalidade e da globalização, as insídias do relativismo, a marginalização e a irrelevancia social” – “a nossa esperança eleva-se ao Senhor, o único que nos pode ajudar e salvar”.

E esta esperança,  “leva-nos a pedir ao Senhor da messe que envie trabalhadores para a sua messe, e trabalhar na evangelização dos jovens para que se abram ao chamamento do Senhor”. Estar ao lado dos jovens – enfatizou Francisco – “é um grande desafio”.

Especialmente no contexto atual, há necessidade de “religiosos audazes, que abram novos caminhos e uma abordagem da questão vocacional como opção fundamental cristã. Cada tempo da história é tempo de Deus, também o nosso, pois o Espírito sopra onde quer, como quer e quando quer”.

Por isso, “qualquer momento pode transformar-se em um “Kairós”. É preciso somente estar atentos para reconhecê-lo e vivê-lo como tal”, alertou. 

Vida Consagrada  caminha na santidade

Como religiosos – observou o Santo Padre – devemos ser obstinados, gastar-nos e cansar-nos, vivendo “as obras de misericórdia, que são o programa de nossa vida”.

“Não se trata de sermos heróis nem de nos apresentarmos aos outros como modelos, mas de estar com aqueles que sofrem, acompanhar, procurar com outros caminhos alternativos, conscientes da nossa pobreza, mas também com a confiança depositada no Senhor e no seu amor sem limites. Daí a necessidade de voltar a ouvir o chamamento a viver com a Igreja e na Igreja, deixando os nossos esquemas e confortos, para estarmos próximos das situações humanas de sofrimento e desesperança que esperam a luz do Evangelho”.

Os tempos mudaram e as nossas respostas devem ser diferentes, disse o Papa, encorajando os religiosos “a darem uma resposta tanto a situações estruturais que exigem novas formas de organização, como a necessidade de sair e procurar novas presenças para sermos fiéis ao Evangelho e  canais do amor de Deus”.

“A vida de oração, o encontro pessoal com Jesus Cristo, o discernimento comunitário, o diálogo com o bispo devem ser uma prioridade na tomada de decisões. Temos que viver com humilde audácia olhando para o futuro e em atitude de escuta do Espírito, com ele podemos ser profetas da esperança”, disse o Santo Padre ao concluir, concedendo a sua bênção aos participantes da Assembleia.

VN

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