10 novembro, 2018

Papa: cristãos experimentam na Eucaristia um oceano de misericórdia

 
 Papa com participantes da plenária da Pontifícia
Comissão para os Congressos Eucarísticos Internacionais  (Vatican Media)
 
“Toda a Missa nutre uma vida eucarística, colocando em realce as palavras do Evangelho, que, muitas vezes, são esquecidas pelas nossas cidades. Pensemos na palavra misericórdia. Todos reclamam pelo mar de misérias que invade a nossa sociedade: medo, opressão, arrogância, maldade, ódio, fechamento, indiferença ao ambiente. No entanto, os cristãos experimentam na Eucaristia o oceano de misericórdia, que inunda o mundo”, disse o Papa.
 
Manoel Tavares - Cidade do Vaticano

O Santo Padre recebeu, na manhã deste sábado, (10/11), na Sala do Consistório, no Vaticano, os participantes da Assembleia Plenária da Pontifícia Comissão para os Congressos Eucarísticos Internacionais, que acaba de se concluir em Roma.

No seu discurso, o Papa agradeceu a presença dos participantes, mas, de modo especial, a Delegação da Comissão húngara, guiada pelo Cardeal Peter Erdö, arcebispo de Budapeste, a cidade onde se realizará o próximo Congresso Eucarístico Internacional, em 2020:

“Este evento será celebrado no cenário de uma grande cidade europeia, onde as comunidades cristãs aguardam uma nova evangelização, capaz de confrontar-se com a modernidade secularizada e com uma globalização, que se arrisca cancelar as peculiaridades de uma história rica e multicultural”.

Aqui, disse o Papa, nasce uma questão fundamental: o que significa celebrar um Congresso Eucarístico numa cidade moderna e multicultural, onde o Evangelho e as formas de pertença religiosa se tornaram marginais? E respondeu:

“Significa colaborar com a graça de Deus para difundir, mediante a oração e a ação, uma "cultura eucarística", isto é, um modo de pensar e agir fundada no Sacramento, mas percetível também além da pertença eclesial, numa Europa acometida pela indiferença, divisões e fechamentos”.

Neste contexto, frisou Francisco, os cristãos renovam o gesto simples e forte da sua fé: reúnem-se, em nome do Senhor, e reconhecem-se irmãos. E o milagre repete-se ao ouvir a Palavra e ao partir o Pão, até a menor e mais humilde assembleia de fiéis torna-se Corpo do Senhor e o seu tabernáculo no mundo. A celebração da Eucaristia torna-se, assim, uma atitude que gera uma “cultura eucarística”. Entre estas atitudes o Papa citou três aspectos: a comunhão, o serviço e a misericórdia:

A primeira destas atitudes é a comunhão. Na Última Ceia, Jesus escolheu, como sinal do seu dom, o pão e o cálice da fraternidade. Consequentemente, a celebração da memória do Senhor, na qual somos nutridos pelo seu Corpo e Sangue, requer e estabelece a comunhão com ele e a comunhão dos fiéis entre si. Logo, a comunhão com Cristo é o verdadeiro desafio da pastoral eucarística”.

A adoração Eucarística, recordou o Papa, ensina-nos a não separar a Cabeça de Cristo do seu Corpo, isto é, a comunhão sacramental com Ele e com os seus membros e o consequente compromisso missionário. A segunda atitude é do serviço. E Francisco explicou:
A comunidade eucarística, comunicando-se com o destino de Jesus Servo, torna-se "serva"... os cristãos servem a causa do Evangelho nos lugares da fraqueza e da cruz, para partilhar e curar. Há muitas situações na Igreja e na sociedade, onde ser, pode derramar o bálsamo da misericórdia com obras espirituais e corporais”.

O Bálsamo da misericórdia pode ser derramado, disse Francisco, entre as famílias problemáticas, os jovens e adultos desempregados, os migrantes marcados por lutas e violências e outros tipos de pobreza. Entre esta humanidade ferida, os cristãos celebram o memorial da Cruz e tornam vivo e presente o Evangelho do Servo Jesus, que se entregou por amor. Assim, os batizados semeiam uma “cultura eucarística” como servos dos pobres, em nome do Evangelho, regra de vida dos indivíduos e das comunidades. Por fim, o Papa apresentou a terceira atitude que gera uma “cultura eucarística”, ou seja, a misericórdia:

Toda a Missa nutre uma vida eucarística, colocando em realce as palavras do Evangelho, que, muitas vezes, são esquecidas pelas nossas cidades. Pensemos na palavra misericórdia. Todos reclamam pelo mar de misérias que invade a nossa sociedade: medo, opressão, arrogância, maldade, ódio, fechamento, indiferença ao ambiente. No entanto, os cristãos experimentam na Eucaristia o oceano de misericórdia, que inunda o mundo”.

Logo, a Eucaristia é a fonte deste oceano de misericórdia, que entra nas veias do mundo e contribui para a construção da imagem e da estrutura Povo de Deus na época da modernidade.

O Santo Padre concluiu o seu discurso aos participantes da Assembleia Plenária da Pontifícia Comissão para os Congressos Eucarísticos Internacionais, recordando que “o próximo Congresso Eucarístico Internacional, realizar-se-á em Budapeste, em 2020 e terá como objetivo, ndicar um percurso de novidade e conversão, tendo a sagrada Eucaristia como centro da vida eclesial e como fonte, uma “cultura eucarística”, capaz de inspirar nos fiéis a solidariedade, a paz, a vida familiar e o cuidado com a criação.

VN

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