29 novembro, 2018

Papa: abrir o coração com esperança e afastar a “paganização” da vida

 
 Papa celebra a missa na Casa de Santa Marta  (Vatican Media)
 
Na missa matutina, Francisco convida a pensar nas babilónias do nosso tempo. “Este será o fim também das grandes cidades de hoje – afirmou – e assim acabará a nossa vida se continuarmos a levá-la neste caminho de paganização”. 
 
Adriana Masotti - Cidade do Vaticano

O fim do mundo e o fim de cada um de nós: este é o tema que a liturgia da semana propõe e foi o tema também da homilia do Papa ao celebrar a missa esta manhã (29/11) na capela da Casa de Santa Marta.

A primeira leitura, extraída do livro do Apocalipse de São João, descreve a destruição de Babilónia, a cidade símbolo da mundanidade, “do luxo, da autossuficiência, do poder deste mundo”, disse Francisco. 

Devastação
 
A segunda leitura, do Evangelho de Lucas, narra a devastação de Jerusalém, a cidade santa. No dia do juízo, Babilónia será destruída com um grito de vitória. A grande prostituta cairá condenada pelo Senhor e mostrará a sua verdade: “morada de demónios, abrigo de todos os espíritos maus”. Sob a sua magnificência, mostrará a corrupção, as suas festas parecerão de falsa felicidade. A sua destruição será violentada e ninguém mais a encontrará”:

O som dos músicos, dos tocadores de harpa, de flauta e de trombeta, não se ouvirá mais de ti; - não haverá belas festas, não… - nenhum artista de arte alguma se encontrará mais em ti; – porque não és uma cidade de trabalho, mas de corrupção – o canto do moinho não se ouvirá mais em ti; a luz da lâmpada não brilhará mais em ti; - será talvez uma cidade iluminada, mas sem luz, não luminosa; esta é a civilização corrompida – a voz do esposo e da esposa não se ouvirá mais em ti. 

O Senhor dirá: chega
 
Chegará um dia, disse o Papa, em que o Senhor dirá: chega. “Esta é a crise de uma civilização que se julga orgulhosa, suficiente, ditatorial e acaba assim”.

Jerusalém, prosseguiu o Papa, verá a sua ruína devido a outro tipo de corrupção, “a corrupção da infidelidade ao amor; não foi capaz de reconhecer o amor de Deus no seu Filho”. A cidade santa “será espezinhada pelos pagãos”, punida pelo Senhor, porque abriu as portas do seu coração aos pagãos.

Há a paganização da vida, no nosso caso, cristã. Vivemos como cristãos? Parece que sim. Mas na verdade, a nossa vida é pagã quando acontecem estas coisas, quando entra nesta sedução de Babilónia e Jerusalém, vive como Babilónia. Quer fazer-se uma síntese que não se pode fazer. E ambas serão condenadas. És cristão? És cristã? Vive como cristão. Não se pode misturar a água com o óleo. Sempre diferente. O fim de uma civilização contraditória em si mesma que diz ser cristã e vive como pagã. 

Salvação
 
Retomando a narração das duas leituras, o Papa afirma que depois da condenação das duas cidades, ouvir-se-á a voz do Senhor; depois da destruição, haverá a salvação. “E o anjo disse: ‘Felizes são os convidados para o banquete das núpcias do Cordeiro!’. A grande festa, a verdadeira festa!”

Existem tragédias, inclusive na nossa vida, mas diante destas coisas, é preciso olhar para o horizonte, porque fomos redimidos e o Senhor virá para nos salvar. E isto indigna-nos de viver as provações do mundo não num pacto com a mundanidade ou com a ‘paganidade’ que nos leva à destruição, mas na esperança, afastando-nos desta sedução mundana e pagã e olhando para o horizonte, esperando Cristo, o Senhor. A esperança é a nossa força: vamos em frente. Mas devemos pedir ao Espírito Santo.

Por fim, Francisco convida a pensar nas babilónias do nosso tempo, nos inúmeros impérios poderosos, por exemplo do século passado, que mau. “E este será o fim também das grandes cidades de hoje – afirmou – e assim acabará a nossa vida se continuarmos a levá-la neste caminho de paganização”. O Papa concluiu dizendo que permanecerão somente aqueles que depositam a sua esperança no Senhor. Portanto: “Abramos o coração com esperança e afastemo-nos da paganização da vida”.

VN

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